Extraction, o Thor aprendiz de John Wick
Vamos começar falando deste título, Extraction (2020). Fazendo uma busca básica no IMDb, dá pra encontrar um punhado de filmes com o mesmo título que é um clichê de filmes de ação policial. Este único detalhe já contribui pra que o filme a longo prazo se torne uma produção genérica perdida em meio ao catálogo, misturada a vários outros com título semelhante.
Falando em originalidade, tem também o problema da música tema. Intitulada Finale e composta por Henry Jackman e Alex Belcher, é uma bela e dramática melodia, pela qual eu teria muito mais simpatia se não percebesse o quão semelhante ela é a outra música bem conhecida: Time, de Hans Zimmer, que encantou em Inception (2010).
A comparação de Extraction com John Wick é inevitável. John Wick criou um paradigma para filmes de ação, e Extraction segue este paradigma. O primeiro elemento da fórmula é o fato de ter como diretor um cara com experiência de dublê.
Tanto John Wick (2014) quanto Atomic Blonde (2017) foram dirigidos por pessoas que fizeram uma longa carreira de dublê em Hollywood, no caso Chad Stahelski e David Leitch. Em Extraction, o diretor foi Sam Hargrave, que é conhecido por coordenar todo o trabalho de dublês no MCU como os filmes do Capitão América e dos Vingadores.
Este tipo de experiência realmente faz diferença, pois notamos em toda essa safra de filmes dirigidos por dublês uma qualidade maior nas cenas de ação. São caprichadas, recebem bastante atenção e cuidado. Extraction tem longas cenas de luta e perseguição que levaram meses para serem produzidas e a forma como a câmera acompanha o plano sequência é nada menos que impressionante.
Para mim, a melhor cena em termos técnicos foi essa abaixo, em que a câmera acompanha o percurso do carro em uma perseguição e de repente ela gira para acompanhar o cavalo-de-pau e entra no carro, "senta" no banco de trás e olha para trás e para o piloto. Como diabos eles fizeram isso?
No elenco só temos um rosto conhecido, o Chris Hemsworth, o já consagrado Thor. É ele que carrega todo o filme, enquanto resgata uma criança genérica e luta contra um vilão genérico. O cara continua em ótima forma e performa maravilhosamente todas as cenas de luta e ação. Neste aspecto, sim, ele chega perto do nível do John Wick.
Em termos de habilidade, John Wick é mais versátil, misturando diversas técnicas marciais e dominando enorme variedade de armas. O personagem do Chris, Tyler (também um nome genérico de filme de ação) é mais limitado ao pacote básico rifle, pistola, faca, como um personagem de Counter Strike, e na luta corporal tem algo que John Wick não tem: ele é fisicamente mais forte e consegue performar movimentos de luta romana, como o chamado "balão" em que ele agarra o oponente, ergue seu corpo e o arremessa. É um troço que exige muita força e fica bonito de ver na tela.
Tirando, porém, este detalhe, o Tyler é ainda apenas um aprendiz de John Wick.
(27,04,2020)
Netflix acerta a fórmula da ação em Extraction 2
A Netflix aos pouquinhos tem experimentado produzir filmes de ação e no começo fez um material bem fraquinho, como o insosso The Old Guard (2020) e o próprio Extraction (2020) que, apesar de ter a mão dos talentosos irmãos Russo (na produção e roteiro), foi um filme de ação bem genérico.
Por isto agora assisti Extraction 2 (2023) sem muita expectativa, o que contribuiu para minha surpresa, pois trata-se de um filmaço, um verdadeiro show de ação. As cenas de tiro e pancadaria são caprichadíssimas, envolvendo longos planos sequência, com a câmera se movendo pela cena de uma forma muito dinâmica e imersiva. É preciso muita técnica, planejamento e coordenação para gravar cenas assim.
A cena do trem é uma obra-prima. Tem a imersão de um jogo FPS em que você troca tiros, se envolve em luta corporal, logo depois já está abatendo um helicóptero com uma minigun e vai avançando pelos vagões. E tudo isto envolve um trabalho bem planejado de direção, coreografia, atores, efeitos especiais e um ótimo trabalho de câmera. A câmera passeia pelo trem, saindo, voltando, acompanhando os personagens, entrando em um vagão apertado para acompanhar uma luta bem de perto. Imersão pura e que requer muita técnica de filmagem.
Se no primeiro filme o personagem do Chris Hemsworth, Tyler, não me impressionou, agora no segundo ele finalmente se tornou um herói marcante e que não se resume a ser um aprendiz de John Wick, pois o estilo dele é outro. John Wick é um vingador e um guerreiro solitário, enquanto Tyler é um protetor e sua motivação ao longo de toda a trama é sempre proteger e se sacrificar pelos outros como um bom herói.
Além disso ele trabalha muito bem em equipe, uma equipe pequena, seleta e que não está ali só para ser uma coadjuvante da ação. Nós passamos a simpatizar com os colegas dele, especialmente os irmãos Nik e Yaz Khan.
O roteiro consegue intercalar momentos de ação e algum drama, mas de longe é a ação que faz o filme valer a pena, pois traz de volta aquela sensação de ver um bom e velho filme dos anos 90 com helicópteros, metralhadoras, tiroteio em um trem em movimento, etc.
Longa vida ao gênero de ação.
(25,06,2023)
Palavras-chave:
Anthony Russo, Chris Hemsworth, Joe Russo, Netflix, Sam Hargrave
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