A Universal possui uma longa tradição de adaptações cinematográficas dos monstros clássicos da literatura. Tal franquia tem até sua marca própria, a Universal Monsters, e, ao longo de um século, acumulou uma vasta filmografia a começar pelo filme Dr. Jekyll and Mr. Hyde (1913), seguindo por várias adaptações de Dracula, Frankenstein, A Múmia, etc.
Inspirada pelo grande fenômeno que foi o universo cinematográfico da Marvel, a Universal tentou engatar o seu próprio universo compartilhado de monstros, mas começou com alguns fracassos como Dracula Untold (2014) e The Mummy (2017) que nem o Tom Cruise conseguiu salvar.
Renfeld (2023) faz parte desta nova leva de filmes de monstros da Universal, trazendo um Drácula nos tempos modernos, reimaginado pelo Robert Kirkman de uma forma cômica.
Na clássica novela de Bram Stoker, R. M. Renfield foi um servo de Drácula e que tinha o estranho hábito de alimentar-se de insetos. Agora nesta adaptação moderna, ele possui uma pequena fração do poder de Drácula e, ao alimentar-se de insetos, ele manifesta um pico temporário deste poder.
Drácula obviamente concedeu este poder apenas para que Renfield possa servi-lo, capturando vítimas a fim de alimentar o mestre. Então de forma cômica o filme mostra como Drácula é uma espécie de patrão abusivo que explora o seu empregado.
Mais ainda, o que se vê na relação dos dois é a dinâmica do narcisista e o masoquista, o que é uma analogia bem apropriada, uma vez a forma tóxica e devoradora com que narcisistas desenvolvem seus relacionamentos pode muito bem ser definida como uma espécie de vampirismo.
O que fica claro é que a Universal já desistiu do tal universo compartilhado e apenas segue produzindo seus filmes de monstros como sempre, mas agora de forma modesta e descompromissada. Há anos o Drácula não tem um longa digno de sua importância e em Renfield ele nem mesmo tem seu nome no título, já que o protagonista é apenas um mero servo do vampirão.
É um filme para se assistir de forma casual, mas fica essa questão: quando a Universal vai voltar a produzir filmes de personagens clássicos com a grandeza e qualidade que eles merecem?
(01,09,2025)
Palavras-chave:
Bram Stoker, Chris McKay, Nicholas Hoult, Nicolas Cage, Robert Kirkman, Universal
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