Neollogia
Cogitações e quejandas quimeras 🧙‍♂️
.・゜゜・Omnia Mutantur ・゜゜・.

Minha miscelânea musical

Headset

O primeiro gênero musical que cheguei a me interessar na infância foi a música clássica. Pois é, isto é algo bem incomum, ainda mais em crianças. A maioria das pessoas, pelo menos aqui no Brasil, considera música clássica entediante, desinteressante ou algo que não serve para entreter. Você não ouve um Paganini tocando em baile noturno.

No meu caso, a influência veio de uma forma meio acidental. Nos anos 80 já havia a fita K-7, mas ainda era comum haver discos e vitrolas nas casas. Meu pai colecionava alguns discos de Roberto Carlos, Luiz Gonzaga, Fafá de Belém, um ou outro cantor popular da época (Amado Batista, talvez) e curiosamente também tinha alguns discos de clássicos.

Não sei de onde veio o interesse dele, mesmo porque nunca o vi escutar estes discos. Quando usava a vitrola, ele basicamente se resumia aos discos do Roberto Carlos, claramente o preferido dele, mas aqueles clássicos estavam ali guardados e intocáveis. Ele teria ganho de presente de alguém? Ele comprou por curiosidade, mas perdeu o interesse? Enfim, não sei. Não posso dizer que tive algum relacionamento funcional com ele. Bem ao contrário, mas não vou trazer aqui histórias tristes.

O fato é que os discos estavam ali, nunca tocavam e o dono da vitrola não deixava ninguém usar, mas quando ele não estava em casa eu me aventurava a ouvi-los. Acabei gostando bastante e tanto me interessei que passei até mesmo a estudar algumas biografias dos compositores. 

Inclusive certa ocasião houve uma feira de ciências na escola, na minha época de colegial, e eu tinha um coleguinha que era tão nerd quanto eu e que também tinha o mesmo gosto musical. Nos juntamos para fazer uma apresentação sobre os compositores clássicos. Nós dois éramos bons desenhistas, ao menos em comparação à maioria das outras crianças, e nos empenhamos em desenhar vários destes artistas para decorar as paredes do nosso cantinho na feira de ciências.

Vivaldi

Rubistein

Delibes

Belini
Belini, Delibes, Rubistein e Vivaldi foram alguns dos desenhos que fiz lá nos idos de 1995. 

Creio que meu compositor favorito era o Tchaikovski, talvez por ele ser um melancólico. Ele tinha muitas melodias tristonhas que falavam comigo, que tocavam este meu lado adepto da boa tristeza, da tristeza que poucos buscam e poucos entendem.

Não que eu não curtisse outras coisas mais populares. Como qualquer adolescente da época, eu ouvia o que tocava na rádio. Nos anos 90 o conteúdo musical consumido pelas massas era realmente bem diversificado, misturando nacional e internacional. Tocava Michael Jackson, Madonna, Roberto Carlos, Tim Maia, Caetano, Gil, Belchior, Nelson Gonçalves, a galera do sertanejo, do forró, do pagode, do samba, do axé, do rock, do pop internacional etc, etc. Hoje em dia o que toca na grande mídia parece bem limitado e repetitivo.

A maioria destes artistas e gêneros eu ouvia passivamente porque era o que tinha na TV e rádio. Na época da fita K-7, era comum a gente montar nossas playlists artesanais, pois os toca-fitas costumavam ter a função de gravar. Um hábito comum era pegar emprestada a fita original (ou cópia) de alguém e fazer uma cópia. Também a gente costumava ficar atento para quando tocasse uma música de nosso gosto na rádio, aí era só apertar o botão pra gravar. Assim eu montei uma fita com algumas musiquinhas. 

Eu gostava de dormir ouvindo a rádio ou a fita com minha playlist e tenho a vaga lembrança de uma noite ter ouvido repetidas vezes a música Zombie, da banda The Cranberries. Quem nunca?

Mamonas Assassinas

E teve o fenômeno Mamonas Assassinas. É difícil pensar em alguma banda que tenha se tornado uma febre nacional com a mesma intensidade. Isto nunca mais aconteceu. Os Mamonas tiveram a chamada "ascensão meteórica". Surgiram de repente e logo estavam tocando em toda parte, na rádio, na TV e fazendo uma turnê por todo o país. Quando chegaram na minha cidade, o show era tão alto que eu consegui ouvir de casa, mesmo estando a vários quilômetros de distância. Obviamente fiz minha cópia K-7 das músicas deles e ouvia repetidas vezes.

O sucesso dos Mamonas durou apenas um ano, entre 1995 e 1996. Um ano apenas. Um ano que envolveu todo o país numa grande e alegre histeria coletiva como nunca houve antes nem depois. Eles foram a nossa versão zoeira e debochada dos Beatles. A propósito, nunca me interessei pelos Beatles. Reconheço a grande importância deles, mas as músicas realmente não me atraem, não tocam em meu gosto subjetivo.

Com o passar dos anos fui me afastando dos clássicos e da música popular em geral e na virada da adolescência para a vida adulta tive uma fase gospel, afinal eu estava experienciando a vida evangélica, o que durou uns sete anos, até que enfim me tornei um livre-pensador e também deixei de considerar a música "mundana" um tabu. Sim, pois na comunidade da qual eu fiz parte havia esta visão de que música, livros, a produção cultural não-cristã em geral é algo mundano e que se deve evitar. 

Hoje em dia noto que o meio evangélico em geral está bem mais aberto, mas ainda há muitos que pensam assim, com uma postura mais isolada em relação ao chamado "mundo". Não digo que isto seja bom ou ruim, é uma forma de pensar e viver. Por um lado até tem suas vantagens, pois eles se mantêm longe de certas inutilidades que hoje são muito populares. 

Quanto a mim, e voltando ao tema da música, ao longo dos anos fui me tornando mais e mais eclético. Ainda na época em que era evangélico comecei a conhecer e me abrir para algumas músicas e artistas que estavam em alta no momento, como Evanescence

Amy Lee
Amy Lee, também conhecida como Amy LINDA!

Sim, lembro que uma vez estava na casa de uns irmãos da igreja, usando um computador para fazer a revisão ortográfica do livro de uma irmã historiadora, e coloquei Evanescence pra tocar, enquanto eu trabalhava. Eles acharam um pouco estranho, mas nada a ponto de me repreender ou dar um sermão. Havia essa coisa de evitar música "do mundo", mas não era um big deal a ponto de alguém se chocar com isto. Era mais algo da consciência de cada um, uma sutileza da vida evangélica.

Obviamente, depois de Evanescence também acabei conhecendo Linkin Park, outra banda que estourou na época dos anos 2000 e que até hoje muita gente guarda aquela nostálgica lembrança. Sim, também teve o System of a Down, jocosamente conhecido como "Sistema Feudal". Eu vivi essa fase musical, como boa parte dos jovens da época. A internet já estava começando a se popularizar e a gente conseguia baixar as músicas em mp3 e tal.

Sobre a fase gospel, que começou ali por volta dos meus 17-18 anos, eu ouvia o que era comum na igreja que frequentei. Havia hinos clássicos e toda uma variedade de bandas e cantores, obviamente tinha a Aline Barros, que é onipresente no meio evangélico, a banda Catedral, Nelson Ned, Kleber Lucas e tantos outros que já nem lembro o nome, mas teve um em específico que me marcou: David Quinlan.

David Quinlan

David Quinlan é um elfo irlandês que veio morar no Brasil e se tornou uma febre no meio evangélico ali no início dos anos 2000. Ele tinha um estilo musical bem peculiar, eu diria até que tinha um toque de new age, dando um ar etéreo às músicas, algo contemplativo, talvez por isto me agradou tanto. 

A música Essência da Adoração, que até hoje deve ser muito cantada nas igrejas, é um bom exemplo do seu estilo. Ainda lembro o nome do álbum que bombou na época: Fogo e Glória. E mesmo agora, quase vinte anos desde que saí da igreja, vez ou outra me vejo lembrando ou até mesmo ouvindo algumas destas músicas.

Ironicamente, ali por volta de 2003-2005, quando eu ainda tinha laços com a igreja, conheci Marilyn Manson que na época já tinha a reputação de ser uma banda satanista cercada por várias lendas urbanas bizarras. Diziam que ele sacrificava pintinhos de galinha no palco e coisas do tipo. Anyway, tive meu primeiro contato pela TV, quando vi um clipe de Sweet Dreams (que a propósito é um remake do original de 1983, da banda Eurythmics, que só fui conhecer anos depois) e foi amor à primeira vista.

Não lembro qual era o nome do programa que por acaso achei na TV. A antena parabólica tinha essa coisa de pegar uns canais de TV local de outros estados e encontrei este canal que acho que era de Minas Gerais, com um programa que só apresentava clipes de rock. 

Ali vi pela primeira vez o clipe de Sweet Dreams, também ali conheci Evergray, com o clipe A Touch of Blessing, a banda Cradle of Filth, lembro também do clipe Blitzkrieg, da banda Deathstars. Enfim, tive meu primeiro contato com os subgêneros mais sombrios do rock, black metal, death metal, etc. Nunca me aprofundei em todas estas classificações e convenhamos que são temos bem fluidos, pois dificilmente uma banda se encaixa em apenas uma categoria.

Kari Rueslåtten

Também nessa época dos clipes da TV lembro de ter visto um chamado Other People's Stories, da norueguesa Kari Rueslåtten, que me chamou bastante atenção devido ao tom melancólico (como sempre ela, a melancolia). No filme a cantora parece representar a Morte, enquanto ela observa a vida das pessoas, seus segredos e possivelmente seu fim. Ao menos esta foi minha interpretação, afinal desde muito cedo tive uma ligação simbólica com a Morte e por isto o clipe me chamou atenção.

De 2003 a 2005 eu marco como os anos de transição em que fui gradativamente me tornando menos ortodoxo em minhas crenças religiosas e me abrindo mais para consumir conteúdo não-gospel. Ironicamente, aliás, foram os anos em que cursei teologia, mas como na teologia também se estuda filosofia e hermenêutica, é comum o seminarista experimentar uma abertura de mente, pois a filosofia e a hermenêutica te dão as ferramentas para isto, ferramentas que o leigo não costuma usar. 

Era de fato uma brincadeira comum entre os seminaristas dizer que existiam crentes que iam pro mundo depois que começavam a cursar teologia. Obviamente isto depende muito. Existem faculdades de teologia que são extremamente rígidas e onde só se estuda aquilo que faz parte dos dogmas da sua respectiva igreja. Em outras, como a que cursei, há mais pluralidade, conhecemos diversas escolas de pensamento, a filosofia e psicologia secular, o que acaba treinando a mente para o livre pensar, para entender que nem tudo no mundo é sagrado e profano ou dogma e heresia, mas que também há variedades de interpretação e, no fim das contas, a interpretação individual.

Nesta época também tive minha fase de ficar revoltadinho com a igreja, logo depois que saí, de modo que eu gostava de ouvir Losing My Religion, do R.E.M., pensando que falava sobre perder a fé, mas a letra na verdade fala de um amor não correspondido.

Marilyn Manson

Anyway, nestes anos (quando eu loucamente cursava duas faculdades, pois fiz letras e teologia e vivia correndo pra lá e pra cá, pegando ônibus de uma cidade para outra a fim de alternar as aulas dos dois cursos) em que comecei a me interessar de novo por música não-gospel, creio que quem mais me marcou foi Marilyn Manson. Lembro de ir nas lan houses e ficava navegando enquanto ouvia o álbum inteiro, na época era o The Golden Age of Grotesque, que me interessou até pelo nome.

A proposta rebelde, subversiva, até mesmo satânica da banda me chamou atenção, ainda mais porque eu era um jovem cheio de mágoas e com a natural necessidade de rebeldia de todo jovem. Todavia, o que de fato me atraiu foi a pura estética. Os clipes, a sonoridade tinham um ar de terror, algo macabro que eu apreciava. Desde muito cedo eu gostei de terror. Creio que assisti A Hora do Pesadelo com seis ou sete anos. Eu adorava o Cine Trash, um programa apresentado pelo Zé do Caixão. 

Isto é um assunto para outro post, a minha relação com o terror. É uma relação curiosa, pois com o passar dos anos este gosto foi se refinando. Quando mais novo eu gostava muito do puro gore, algo que hoje em dia já não me chama tanta atenção caso seja apresentado com o intuito de amedrontar. O medo que eu tinha para sentir com terror eu senti muito cedo. A Hora do Pesadelo realmente me tirou o sono lá nos meus inocentes sete anos. Na adolescência eu já estava anestesiado contra medo em filmes e o que eu curtia mesmo era a estética do gore. 

Hoje em dia gosto ainda do gore quando apresentado de forma sarcástica, satírica, não para assustar, mas para rir. Agora o terror me interessa mais pelo aspecto psicológico, algo mais mental do que físico. Também acabei me aproximando da tragédia de modo que estou dividido entre estes dois polos, a sátira e a tragédia. Talvez por isto eu goste tanto da trilogia da Centopeia Humana, porque o primeiro filme é bastante trágico, enquanto o terceiro é a pura sátira.

Quanto ao Marilyn Manson, hoje em dia já não o acompanho e o último álbum que ouvi foi o The Pale Emperor, de 2015. Acho que ele amadureceu bem neste álbum, trocou a gritaria rebelde da juventude por um tom mais sóbrio e beirando o blues.

Hans Zimmer

E já que falamos em filmes, foi por volta de 2007 que comecei a despertar meu interesse por trilhas sonoras. Lembro que fiquei encantado pela música do filme Sunshine (2007), composta pelo John Murphy, depois ao assistir Réquiem for a Dream (um filme de 2000, mas que só assisti, se bem me lembro, depois de 2007) conheci Clint Mansell. Só em 2010, com Inception, conheci o Hans Zimmer, além, obviamente, do Nolan.

Estes três compõem a minha trindade de compositores favoritos do que eu chamo de clássico moderno. Certamente hoje é um de meus gêneros musicais preferidos, este tipo de música instrumental, sem voz, beirando o clássico, mas com a pegada industrial do cinema. De certa forma, é meu retorno ao gosto pelos clássicos que tive na infância, só que agora numa versão moderna.

Já há uns dez anos tenho o hábito de "colecionar" trilhas sonoras neste estilo. Ao assistir um filme, quando me deparo com uma trilha instrumental que me agrada, já corro para o Youtube atrás da playlist completa, que ouço e deixo salva na minha coleção.

Uma das trilhas sonoras que mais ouvi repetidas vezes foi a do filme The Fountain (2006), composta pelo Clint Mansell. Do Hans Zimmer, também ouvi muito a trilha de Inception (2010), mas mais ainda a de Interstellar (2014). 

Do cinema coreano tem duas trilhas que gosto bastante, a do filme A Tale of Two Sisters (2003) e a de Oldboy (2003). Em Watchmen (2009), conheci o Tyler Bates e Philip Glass, que são do mesmo nível da trindade que mencionei acima. 

Uma música em específico do Philip Glass, Pruit Igoe and Prophecies, acabou me levando para uma grande descoberta cinematográfica, o filme Koyaanisqatsi (1982), onde a hipnótica música foi usada pela primeira vez.

No filme Oblivion (2013), conheci a banda M83, com seu eletrônico meio post rock e beirando o épico. Só que meu primeiro contato com o post rock em si veio um ano antes ao assistir à série francesa Les Revenants (2012). Fiquei encantado pela trilha composta pela banda Mogwai

Percebi ali que o post rock tem uma curiosa "decadência" da energia original do rock. O rock é explosão, euforia, raiva, agitação, já o post rock é como o que restou de uma estrela após a explosão supernova, é o esfriamento, o decaimento atômico, a lenta morte do universo. Isto representa bem a melancolia, um sentimento peculiar a almas velhas, almas que já viveram a euforia da criação das estrelas e agora estão na longa e lenta morte cósmica.

A trilha sonora de One Day (2011), composta pela Rachel Portman, é uma das mais emocionantes que já ouvi, ainda mais por causa do tom trágico deste filme que me marcou muito. Outro filme que me deixou uma marca profunda foi My Life (1993). Assisti pela primeira vez ainda na adolescência, mas só décadas depois reassisti e fui atrás da trilha sonora composta pelo Jeff Barry

Penny Dreadful (2014-2016)

Ainda falando em obras que tocaram meu lado macio e sentimental, chegamos a uma das séries que mais me encantou: Penny Dreadful (2014-2016). Preciso rever esta série para escrever uma devida resenha. A trilha sonora é do polonês Abel Korzeniowski e tem muito toque de valsa. Foi ali que eu descobri que gosto de valsa. É um gênero musical que tem algo de onírico, de fantástico, como que representando alguém que vive a devanear em daydreaming.

Voltando ao post rock, temos a trilha sonora do filme Her (2013), tocada pela banda Arcade Fire. Para mim foi outro grande achado do gênero. A ambientação emotiva desta trilha é de uma "tristeza fofa", algo que combina com o ar apaixonado do protagonista do filme que, apesar de seus problemas, ainda sabe viver com encantamento. 

Ultimamente venho gostando muito de outro gênero que costumo chamar de dark eletrônico e que na verdade engloba vários subgêneros do eletrônico, mas sempre com uma atmosfera um tanto sombria, noturna e também em certos casos angustiada, quase depressiva. Muitas pessoas podem até se sentir mal com estas músicas, porque despertam tristeza, mas em mim o efeito é acalentador e relaxante.

Um bom exemplo é o músico Narvent, que tem feito um enorme sucesso neste nicho no Youtube com a música Memory Reboot, muito usada em cortes de cenas do filme Blade Runner 2049 (2017). Por que especificamente este filme? Por causa do personagem Joe, interpretado pelo Ryan Gosling. 

Blade Runner 2049 (2017)

Joe tem este ar que parece aquele meme do carinha "doomer", um sujeito reservado, introvertido, com um ar triste e desiludido, alguém quebrado pela vida e com quem as almas melancólicas deste mundo costumam se identificar. Tanto que existe este meme do "literally me" em que pessoas se identificam com um aspecto ou outro do Joe. Eu me identifico. As músicas do Narvent combinam demais com o Joe e têm esta aura de um mundo cyberpunk menos Matrix e mais Blade Runner.

Outro músico na mesma vibe é o Xalv, com obras como Oblivion, Legacy e Forget it. Posso ouvir as músicas destes dois caras por horas. É a trilha sonora do meu estado de espírito cotidiano.

Um filme que recentemente me levou a descobrir mais um artista foi Blood Machines (2019), um sci-fi indie surpreendente e com uma trilha sonora nesse estilo dark eletrônico, tendo como carro-chefe a música Turbo Killer, de Carpenter Brut. Desde então este músico está no meu radar.

Falando em Matrix, aliás, foi lá que conheci o Rob Dougan, com sua música eletrônica beirando o clássico e o épico, como é o caso de Clubbed to Death e I'm Not Driving Anymore.

Mais alguns que posso lembrar são o Cliff Martinez, que conheci na trilha do filme Solaris (2002), o Ludovico Einaudi e Trevor Yuile, que conheci na trilha da série Orphan Black (2013-2017). 

Em termos de animes sempre curti bastante as músicas, mas creio que duas trilhas em especial ficaram mais marcadas na minha memória: a da série Elfen Lied e a do filme Paprika (2006). O estilo das músicas de Paprika, de autoria de Susumu Hirasawa, é bem peculiar e inclassificável.

Além dos filmes, também vez ou outra me deparo com algum game que tem uma trilha sonora digna de ser colecionada, como é o caso das músicas de Tetris Effect e também da série de corrida Asphalt, que tem uma seleção realmente bem agradável de músicas que combinam muito com a adrenalina da gameplay. 

Obviamente tem aquelas músicas que já são um clássico dos games, são atemporais, inesquecíveis e que despertam uma agradável nostalgia em quem viveu aquela época, como é o caso das trilhas de Street Fighter 2, Top Gear e da franquia Streets of Rage (no caso 1 e 2, as músicas do 3 não são tão boas). Também incluiria aí um exemplo mais recente, a trilha de Minecraft, que é agradabilíssima e muito relaxante.

Life is Strange (2015)

Um dos jogos, porém, cuja trilha mais me marcou foi Life is Strange. Até a música do menu inicial é tão boa que dá vontade de deixar ela ali tocando por um bom tempo. Boa parte da trilha é de post rock, o que mais uma vez confirma que é um de meus gêneros favoritos.

Tem uma galera do épico industrial que por um tempo consumi muito no Youtube e ultimamente já não escuto tanto, mas às vezes estou na vibe e ouço como Valentin Boomes, Arkasia, Two Steps From Hell, Thomas Bergersen, etc. A verdade é que a maioria destas músicas eu nem mesmo sei quem compôs, apenas vou ouvindo o que aparece no feed. 

Hoje em dia, graças aos algoritmos, temos esta facilidade de ouvir músicas conforme o nosso humor, quando já não importam o gênero, o nome do álbum ou mesmo o autor. O algoritmo simplesmente vai aprendendo nosso gosto melódico e trazendo coisas que nos agradam. Eu acho isso ótimo, na verdade.

Existem pessoas que têm gostos musicais bem específicos, interessando-se apenas por um determinado gênero como rock, ou mesmo um subgênero do subgênero, como emocore. Tem gente que curte bandas ou cantores específicos, conhecendo de cor cada álbum, cada música, a ponto até de sentirem certos ciúmes, criticando os posers que se dizem fãs deste ou daquele artista, mas só conhecem duas ou três músicas mais famosas.

The Day (2011)

Eu honestamente não me importo com isto. Não posso dizer que haja algum artista do qual eu seja um fã fiel a ponto de acompanhar tudo o que produz. Tem muitos casos em que eu gosto apenas de uma música deste ou daquele artista, como é o caso dos franceses Alexandre Désilets, cuja música L'éphémère conheci há uns 10 anos e vez ou outra volto a ver o belo clipe animado com um estilo onírico; e é o caso também da Pomme, que até o momento só uma música me atraiu, Sans Toi. Outro caso é o da cantora húngara Boggie, que eu gostei da música Nouveau Parfum, mas ficou por isso. Nunca mais fui atrás de outra música dela.

Faço parte da turma que só conhece Simple Man do Lynyrd Skynyrd e estou satisfeito com isto. Nunca parei pra ouvir um álbum do Nirvana (algum dia, talvez), mas gostei bastante de Something in the Way quando ouvi no filme do Batman (2022). Do escocês Jim Diamond só conheço a famosa I Should Have Known Better e isto me basta. Aqui no Brasil nos anos 80-90 ela fez muito sucesso e ficou conhecida como a música do "ajuda o bombeiro".

O clipe Sing, da banda Travis, é mais um caso de uma banda que eu só gosto de uma música. Não que eles não tenham outras boas, mas pra mim bastou conhecer esta. E o clipe é muito bom, representando um jantar de família que termina em guerra de comida.

Billy Idol é outro que apenas uma música me interessa. Sim, ela mesma, Eyes Without a Face. E talvez esta seja a menos "billidolesca" das canções dele, pois a pegada dele é um rock mais animado e dançante, enquanto Eyes tem um ar sombrio, a letra é sombria, descrevendo a expressão fria e até monstruosa de uma pessoa que já não se dá bem com ele.

Para mim o que estraga a música é a parte do "When you hear the music, you make a dip/ Into someone else's pocket then make a slip", quando muda completamente de ritmo e vira uma espécie de rap. Acho uma quebra de clima bem desnecessária.

Mais um caso assim é o clipe The Day, de Moby. Como eu gosto da iconografia deste clipe! A atriz Heather Graham interpreta uma espécie de anjo, ou talvez a própria Morte, e ela é bem convincente na maneira de olhar, se mover, empunhar a espada. Tem uma leveza, mas uma força imbatível. A lentidão na cena da sua aparição deixa a coisa ainda mais épica. Certamente um de meus clipes favoritos.

Falando em clipes favoritos, lembrei também de Everybody, dos Backstreet Boys. Este clipe devo ter visto na TV ainda nos anos 90, mas só na última década fui rever no Youtube e me dei conta de como é brilhante nas coreografias e referências aos ícones da ficção fantástica.

Ashley Smith in Up in the Air (2013)

Por outro lado, também há casos em que conheço pela primeira vez alguém através de uma música e acabo indo atrás de mais e mais. Foi assim em 2013 quando me deparei com o clipe de Up in the Air, do 30 Seconds to Mars. Achei o vídeo formidável, com uma estética interessante. A música era boa. Foi uma ótima primeira impressão, de modo que fui atrás de outras músicas, ouvindo álbuns inteiros como This is War (2009), A Beautiful Lie (2005) e o próprio Love, Lust, Faith (2013). Hoje em dia, porém, já não escuto tanto nem acompanhei os álbuns mais recentes.

Também passei a admirar o Jared Leto como ator, quando comecei a me dar conta da presença dele em bons filmes, como o já mencionado Réquiem for a Dream (2000), Fight Club (1999), Mr. Nobody (2009), etc.

Ele é um artista versátil e talentoso, além de ter bons genes vampíricos, pois o danado simplesmente não envelhece. Parece gostar muito de trabalhar, pois não para, canta, atua, dirige, produz. Teve, porém, o azar de nos últimos anos pegar uns filmes ruins, como Esquadrão Suicida (2016), depois ladeira abaixo em Morbius (2022), mas ele já tem uma vasta filmografia de qualidade.

Voltando aos europeus, tem o Pedro Abrunhosa que eu já ouvi muito ao longo dos anos, principalmente suas músicas dos álbuns Silêncio (1999) e Momento (2002). Acontece que por volta de 2003 fiz amizade na internet com uma portuguesa. Era a época dos blogs, antes das redes sociais, e nos conhecemos assim, lendo os blogs um do outro. Foi ela quem me apresentou umas músicas do Abrunhosa, de modo que permaneci por anos gostando das músicas que ele lançou até aquele momento, mas o que produziu depois não cheguei a acompanhar.

Na verdade até ouvi uma coisa ou outra e percebi que ele mudou ao longo dos anos, o estilo dele foi ficando mais pop, enquanto até o álbum de 2002 ele fazia mais o meu tipo, com um tom bem melancólico (sim, ela novamente). Dez anos depois ele lançou Quem Me Leva Os Meus Fantasmas que gostei bastante e só depois de anos descobri que era de autoria da Maria Bethânia.

Madredeus

Sobre portugueses, também gosto muito de Madredeus e conheci este grupo como muitos brasileiros conheceram, por meio da minissérie Os Maias, lançada pela Globo em 2001, e que tinha como tema de abertura a música O Pastor. Mais de uma década depois desta série é que eu fui atrás da música no Youtube e de deparei com outras pérolas como Haja o que Houver, A Vaca de Fogo e Ao longe o Mar.

Madredeus tem um estilo que representa bem a alma portuguesa. Os portugueses têm esta fama de cultivar a tristeza, o olhar perdido em direção ao mar, nutrindo sentimentos de saudades daqueles que partiram. Como disse Eça de Queirós: "E pelo monótono deserto da vida, lá foi seguindo, lá foi marchando a lenta caravana das minhas melancolias". Talvez seja daí que vem o meu lado melancólico, uma atávica herança portuguesa.

E quanto aos grandes ícones da música, um David Bowie, por exemplo? Sim, nas minhas playlists também tem ele e outros mais. Tem de tudo. Só que não sou fiel a nenhum. Tenho o espírito musical promíscuo de um verdadeiro eclético, ouvindo de tudo, mas não me casando com ninguém.

Para citar mais alguns exemplos, nas minhas playlists tem um pouco de tudo: Aerosmith, The Cure, The Smiths, Guns N' Roses, Bryzone, Cerah, Clepsydra, David Bowie, Deorro, Kisnou, Levi Patel, Tambour, The Weeknd, The Midnight, Ellie Goulding, Colette Carr, Pati Yang, Ayria, We Are All Astronauts, Prince, Sky Ferreira, Caroline Polachek, Pale Waves, Spice Girls, Florence + The Machine, Sia, Alvvays, Marillion, Radiohead, a-ha, The Housemartins, Michael Jackson, Men at Work, Elton John, Bruce Dickinson, Bruce Springsteen, Bon Jovi, Tears For Fears. Já tive minha fase de gostar do U2, mas meio que enjoei.

No caso de Aerosmith, lembro quando conheci. A primeira vez foi no filme Armaggedon (1998), quando ouvi I Don't Wanna Miss a Thing. Anos depois, naquela época do canal de clipes na TV, me deparei com Fly Away From Here, um clipe futurista, com efeitos especiais impressionantes para época e esta temática escapista com a qual muito me identifiquei.

A música Knockin' on Heaven's Door é daquelas que todo mundo conhece, já ouviu em algum lugar, e o Zé Ramalho já fez até uma versão brasileira chamada Batendo na Porta do Céu (que não ficou tão boa, convenhamos), mas nunca realmente me interessei nem pela versão do Guns nem a do Bob Dylan, até que vi um filme alemão de 1997 cujo título é o nome da música. 

No filme, temos uma versão feita pela banda Selig e que acabou se tornando minha favorita pelo fato de me lembrar o filme. Este longa, mesmo tendo seus momentos de comédia, fala sobre a morte, sobre o carpe diem diante do fim inevitável. 

Kerli

Não lembro quando vi pela primeira vez o clipe Walking on Air, da estoniana Kerli, mas fiquei fascinado. Tanto a música quanto as imagens do clipe têm algo de hipnótico. Por um tempo passei a acompanhar a cantora, ouvindo outras de suas músicas, mas nenhuma se compara a Walking on Air.

Mazzy Star ficou particularmente gravada na cultura pop por causa de Fade Into You, que vez ou outra toca em algum bar americano nos filmes, mas só fui me dar conta da existência da banda há alguns anos nas andanças pelo Youtube.

A Hope Sandoval passava uma imagem bem intrigante com seu jeito introvertido que combinava com o estilo das músicas como a própria Fade Into You, além de Look on Down From the Bridge e Cry, Cry. Até hoje gosto bastante.

Eu gosto de Taylor Swift. Ela é uma daquelas pessoas que dividem opiniões, pois tem um fandom enorme e devoto, ao mesmo tempo em que tem muitos haters ou gente que fala "não entendo como ela faz sucesso". Bom, eu acho as músicas dela gostosas de ouvir: Wildest Dreams, Getaway Car, Delicate, Blank Space e até mesmo Me!, que tem um tom muito alegrinho e festivo, algo que não costumo curtir, mas no caso desta música me agrada.

Nenhum de Nós

A música brasileira tem dois exemplares bem pitorescos no gênero da comédia: Rey Biannchi e Rogério Skylab. Não lembro como conheci este, mas aquele foi vendo as entrevistas do Jô Soares. O Rey Biannchi é uma figura, um malucão com uma criatividade incomum, como se vê em músicas como Vaginas Carnívoras. Eu diria que ele é mais cerebral nas suas letras, ainda que sejam letras de pura zoeira, enquanto o Skylab é mais visceral e caótico.

Do rock brasileiro gosto mais de 14 Bis e Nenhum de Nós do que outras bandas mais famosas. O Ritchie ficou conhecido pela Menina Veneno, mas gosto muito mais de Agora ou Jamais. Já gostei de Legião Urbana, Titãs e Engenheiros do Havaí, mas hoje em dia não é algo que paro pra escutar. Também curto o Lobão. Certamente tem muitos outros que agora já nem lembro, como o Biquini Cavadão com seu Vento Ventania, etc.

Luiz Gonzaga é alguém que inevitavelmente ouvi muito ao longo da infância e adolescência, já que sou cearense e ele é onipresente no Ceará. Também ouvi muito forró e até gostei de alguns, principalmente daquela fase inicial do Matruz com Leite, Limão com Mel, etc. As letras do Gonzagão são bem inteligentes e ele criava ótimas onomatopeias. Não posso dizer, porém, que eu seja um ouvinte de forró.

Roberto Carlos, como já mencionei, eu conheci em casa, mas de toda forma eu o conheceria, já que é nada menos que o cantor mais popular de todos os tempos na música brasileira. Ele estava sempre na Globo, no Fantástico, no Faustão, nos especiais de fim de ano. As músicas que são mais conhecidas, no entanto, são as que menos me interessam. Detalhes, por exemplo, para mim não tem gosto de nada.

Existem algumas mais antigas dele que eu acho formidáveis. Mais uma Vez, por exemplo, é muito poética e tem uma marcante cena de clímax quando diz: "Você passou pela rua/ E o passado voltou/ A lembrar seus abraços/ E mais uma vez eu te amei...". Este clímax é quebrado na estrofe seguinte: "Quase que chamei você/ Mas olhei pra mim mesmo/ E parei os meus passos...". Estes versos criam na nossa mente a vívida imagem de um homem revendo uma paixão antiga, despertando velhos sentimentos, mas caindo na real, deixando ela seguir caminho.

E a música As Flores do Jardim de Nossa Casa tem um dos refrões mais dramáticos: "Eu já não posso mais olhar nosso jardim/ Lá não existem flores, tudo morreu pra mim". Adoro músicas assim.

Já gostei mais de Zé Ramalho e Belchior, mas hoje em dia não vou atrás de escutar. O Chão de Giz é de longe minha preferida do Zé Ramalho e ficou melhor ainda na versão da Elba Ramalho. Caetano é outro que eu ouvia mais na juventude e agora nem tanto, mas é inegável que ele tem umas letras muito inteligentes e com um estilo peculiar.

Gosto particularmente dos versos: "Livros são objetos transcendentes/ Mas podemos amá-los do amor táctil/ Que votamos aos maços de cigarro". É uma interessante descrição do apego que temos aos livros impressos, algo tão atual agora que vivemos na era do e-book.

A verdade é que agora eu quase não ouço música brasileira. Talvez porque por toda a vida eu ouvi passivamente, já que toca em toda parte, e agora que posso escolher minhas músicas na internet, prefiro explorar novos mundos. Mas também tem o fato de que o espírito da música brasileira não costuma combinar com o meu, salvo algumas melancólicas exceções, como as que citei do Roberto Carlos.

Não que eu não curta uma alegria. Tenho minha playlist de músicas mais zoeiras, um Chatuba da vida, uma Banda Uó, os piseiros com remix de músicas internacionais, o Falcão, meu conterrâneo, Clemilda, Mc Gorila, Ednaldo Pereira, Pedrinha Morais, etc. De toda forma, esta faceta palhaça é apenas uma casca minha e não representa meus gostos mais profundos.

Tessa Violet

Hoje em dia se fala muito em K-Pop e eu nunca mergulhei neste mundo, mas tem uma música aqui e ali que conheci e gostei. Curti, por exemplo, o clipe de What is Love, do grupo Twice. Além de ser uma música agradável, o clipe é cheio de referências à cultura pop, uma espécie de casamento entre o oriente e o ocidente. A Coréia do Sul consegue fazer isto. Talvez, de todos os países asiáticos, seja o que melhor consegue conciliar as influências culturais dos dois lados do mundo.

Em uma fase difícil da minha vida eu vi o filme Waking Madison (2010) e me deparei com a música Alright, da Olívia d'Abo, que acabou ficando gravada em mim como um biografema, justamente por lembrar esta fase triste.

Tem uma cantora indie chamada Tessa Violet que por acaso descobri há uns quatro anos no clipe da música Crush. É uma música bem legalzinha e o clipe também é bom de assistir. Outro clipe dela também divertido é o I Like (the idea of) You.

Mais ou menos na mesma época também conheci a banda Cannons, quando me deparei com o clipe Hurricane, e fique fascinado. A vocalista Michelle Joy parece incorporar uma Babalon no vídeo.

Lady Gaga

Também não posso esquecer que eu tive minha fase Lady Gaga. Creio que foi por volta de 2010-2011 que conheci o clipe de Bad Romance e achei fantástico. Esta certamente foi a fase mais popular dela, com Paparazzi, Dance in the Dark, Telephone, Just Dance, Poker Face. As músicas são dançantes, grudam na mente, e os clipes também são de qualidade. As coreografias até hoje são ensinadas nas escolas de dança e estão entre as mais famosas do jogo Just Dance.

Ainda a acompanhei por alguns anos e também conheci a sua carreira pregressa como Stefani Germanotta (ela começou na música usando seu nome real), com um álbum que seguia um estilo mais balada romântica e que achei bem agradável. Hoje em dia já não a acompanho e estou bem desatualizado quanto a seus álbuns mais recentes, mas de toda forma eu vivi meu romance musical com a Gaga.

Existem certas músicas que a gente ouviu em algum momento da vida e deixou passar, aí anos depois somos tomados pela curiosidade para lembrar qual era o nome, quem era o artista desta ou daquela música. Recentemente isto aconteceu comigo com um clipe que vi em 2015, na época que assisti a série Humans, da AMC.

Lembro que ao navegar pelo Twitter me deparei com uma cantora indie que havia postado um clipe que ela fez em homenagem à série. A única coisa que recordo é que o refrão dizia "I am still human". Gostei da música, mas com o passar do tempo eu a perdi de vista e nunca mais encontrei no Youtube, nem lembro qual era o nome da cantora. Já perguntei até ao Chat GPT, dando o máximo de detalhes possível, mas ele não encontrou. Suspeito até que a música foi derrubada por causa de direitos autorais, já que ela homenageava a série, mas não creio que tinha alguma autorização para incluir imagens da série no clipe.

Agora só mesmo no futuro, quanto eu tiver um chip no cérebro e puder scanear minhas memórias perdidas, vou conseguir lembrar exatamente deste clipe e o nome da artista.

Existe um gênero musical bem lúdico que aprecio e que deve sua origem ao simples fato de que nos primórdios dos video games havia uma considerável limitação de armazenamento dos dispositivos. Assim surgiu a chamada música 8-Bit, hoje também conhecida como chiptune. Era um tipo de composição digital extremamente compacta, projetada para ocupar pouco espaço nos hardwares. 

Apesar de suas limitações, esta técnica rendeu músicas memoráveis e bem divertidas nos jogos e que hoje são lembradas com nostalgia pelos gamers old school. O estilo musical acabou sendo resgatado por amor à nostalgia e hoje você pode encontrar na internet todo tipo de versão 8-Bit de qualquer música.

Por fim, devo acrescentar um tipo de música que costumo chamar simplesmente de ambiente. São composições feitas para criar um ruído branco, música de elevador, de shopping, de salas de espera, etc. Não só isso, porém. Também existem artistas modernos que fazem umas músicas misturando sons de instrumentos e sons de ambiente, como canto de pássaros, chuva, o farfalhar das folhas de árvores, até mesmo aquele som de chiado típico de discos tocando na vitrola, o que resulta numa música atmosférica, imersiva, relaxante. É algo que gosto bastante.

Para citar alguns artistas que fazem algo deste tipo temos: Cerah, Kasseo, Hiatus, Kisnou, Hazy, Tom Day, We Are All Astronauts, Nicolai Patricio, Natus, etc.

Enfim, aqui está mais ou menos um resumo de quase tudo o que já gostei e gosto. Nota-se que é uma grande salada, como convém a um eclético. Música pra mim é antes de tudo entretenimento, escapismo, mais prazer auditivo do que intelectual. Existem músicas que curto por causa da letra, mas na maioria dos casos o que me atrai é a melodia e, no caso do conteúdo, chega a ser mais a linguagem simbólica e subjetiva do que qualquer mensagem explícita. Não ouço música para ouvir sermão. 

Não à toa prefiro mais ainda músicas sem letra, puramente instrumental. Já era assim na infância, quando me interessei por música clássica, e é assim agora com as trilhas sonoras, o post rock, o dark eletrônico, o clássico moderno.

Existem alguns gigantes da música que nunca me interessaram a fundo, como o caso dos Beatles, Elvis, Queen e tantos nomes do rock e pop. Gêneros como jazz e blues, então, conheço muito pouco. A galera que tem cultura musical nesta área deve achar um sacrilégio essa minha ignorância. Perdoem-me. Sou apenas um eclético que ouve de tudo um pouco.

De tudo isto, o que mais devo ouvir hoje em dia são os gêneros instrumentais: trilhas sonoras, clássico moderno, dark eletrônico, post rock e o que eu chamo de música ambiente. Embora eu curta a voz de alguns cantores e cantoras, o que mais me ocupa o tempo é a música instrumental que fica ali no limiar entre o clássico, o rock e o eletrônico. Se tiver tons melancólicos, então, melhor ainda.

Nos últimos meses, inclusive, desenvolvi o hábito de deixar a Alexa tocando alguma rádio e descobri um tesouro: a rádio britânica Classic FM que logo se tornou minha favorita. Por meio dela voltei a ouvir mais os clássicos, mas também venho conhecendo mais compositores modernos, especialmente de trilhas sonoras, como Ennio MorriconeChristopher Tin, John Barry, etc.

Entre estas descobertas recentes está uma musiquinha de natal chamada Good King Wenceslas, só que em uma versão especial, adaptada pelo casal James Morgan & Juliette Pochin de modo a ser tocado no piano em dueto. O motivo desta adaptação na verdade é o fato de James ter desenvolvido Parkinson, o que prejudicou a sua habilidade com as mãos. Desta forma, o novo arranjo da música dividiu a distribuição das notas de modo que as mãos de James ficaram com as notas que ele conseguia tocar. Este detalhe dá um toque especial à música que por si só é bem agradável e relaxante.

Enfim, sigo descobrindo novas músicas e artistas, principalmente instrumentais. Também especulo que em um futuro bem próximo será mais comum um tipo de artista que a princípio causará alguns protestos, mas terminará por integrar-se à cultura humana: o compositor digital, a inteligência artificial. Goste ou não, o fato é que a IA ainda há de criar belas peças de música. Terão a mesma alma e sentimento de uma composição humana? Veremos. 

(09,05,2024; 13,02,2025; 18,03,2025)

Alguns jogos de puzzle

Super Meat Boy (2010)

Super Meat Boy (2010) é o simulador de raiva por excelência. Tem cenários dificílimos cheios de obstáculos mortais que vão te matar mil vezes, deixando poças de sangue por todo lado. O que faz o jogo ser irritante é ao mesmo tempo, paradoxalmente, o que o torna divertido.

Rochard (2011)

Rochard (2011) possui puzzles baseados em gravidade e peso dos objetos. Você tem uma arma que agarra e arremessa caixas e outras coisas do cenário e ao avançar nas primeiras fases desbloqueia o modo de tiro que permite matar os inimigos. Parece ser um jogo bem curto, mas nem cheguei a finalizar porque achei entediante após a primeira hora.

Badlands (2013)

Badland (2013), da finlandesa Frogmind Oy, foi lançado originalmente para iPad em 2013 e relançado na Steam em 2015, ganhando o prêmio de jogo do ano. A mecânica pode ser classificada como "evolucionista", pois você atravessa cenários cheios de obstáculos e puzzles usando umas criaturinhas que se transformam, podem ficar bem pequenas ou muito grandes ou se multiplicar, e é por meio destas transformações que você consegue superar os obstáculos. Evolution, bitch! Como os jogadores podem criar cenários, o jogo já tem mais de 40000 cenários para quem quiser ir além dos 100 níveis padrão.

Fez (2013)

Fez (2013) possui uma jogabilidade bem interessante. A princípio, o cenário parece 2D, mas você pode girá-lo, revelando um aspecto 3D que será importantíssimo para o avanço do personagem. O nome do jogo é simplesmente porque o personagem usa um fez, um típico chapéu vermelho muçulmano.

Teslagrad (2013)

Teslagrad (2013), da norueguesa Rain Games, é um plataforma 2D que mistura puzzles e metroidvania. Você é o jovem Tesla e deve descobrir tecnologias que vão te permitir resolver os obstáculos do cenário. O elemento metroidvania está no fato de que será preciso revisitar os mesmos cenários várias vezes à medida em que adquire os meios para destravar certas áreas.

Type: Ryder (2013)

Type: Ryder (2013) tem um diferencial que interessa principalmente quem gosta de tipografia, pois, à medida em que você avança no cenário, vai destravando informações sobre a história da arte tipográfica. Além disso, os próprios cenários são belamente ilustrados com as fontes mais famosas e formosas da tipografia.

Foi produzido não por um studio de jogos, mas de cinema, a francesa Agat Films & Cie – Ex Nihilo, que produz filmes desde 1995, mas excepcionalmente se aventurou no mundo dos jogos nesta única obra.

Eets Munchies (2014)

Eets Munchies (2014), criado pela Klei Entertainment (a mesma desenvolvedora de Don't Starve, Mark of the Ninja e Crypt of the Necrodancer), é um típico joguinho de celular em que você deve interagir com umas guloseimas a fim de resolver os puzzles.

A Story about my Uncle (2014)

A Story about my Uncle (2014), criado pelo studio sueco Coffee Stain Studios (o mesmo do bizarro Goat Simulator e do satisfatório Satisfactory), é um puzzle  atmosférico em cenário 3D, com elementos de parkour, ou seja, você vai basicamente usar saltos e ganchos para avançar entre as ilhas flutuantes deste cenário alienígena. 

Star Sky (2015)

Star Sky (2015) tem uma proposta bem peculiar. Com um visual bem minimalista, o jogo basicamente consiste em um personagem que você faz caminhar ou correr ao longo do cenário 2D e em determinados momentos é preciso estar atento para o início de uma música "mágica", indicando que algum evento vai ocorrer. Assim você vai experienciando eventos que vão desde colher uma rosa, até conhecer uma amada, encontrar fadas, observar uma estrela cadente ou literalmente morrer e ir pro céu.

É uma experiência contemplativa da vida, em um ambiente noturno e melancólico. O jogo é bem breve, mas você pode rejogar diversas vezes a fim de desbloquear conquistas, pois certos eventos só acontecem sob condições bem específicas e é preciso ter paciência. Apenas após concluir todos os eventos é que uma nova tela de final de jogo irá aparecer. Não é um jogo para se rushar, embora possa ser zerado em menos de uma hora.

Seu criador é o sueco Mårten Jonsson, que assina com a marca JMJ Interactive. Embora pouco conhecido, é um joguinho cult, aclamado pela comunidade que jogou. Em 2016 foi lançado Star Sky 2 e em 2018 Star Sky 3, concluindo a trilogia.

Airscape: The Fall of Gravity (2015)

Airscape (2015), da australiana Cross-Product, é inspirado em clássicos como Ecco the Dolphin, Mario Galaxy e Yoshi's Island. A mecânica se baseia em efeitos gravitacionais e há vários obstáculos no cenário. No começo parece um jogo fofo com animaizinhos, mas o nível de dificuldade é pra você passar raiva.

Cubicolor (2016)

Cubicolor (2016) tem um belo visual minimalista e limpo e o jogo é curtinho, levando cerca de uma ou duas horas para zerar. É um puzzle clássico em que você deve movimentar uma pilha de cubos num tabuleiro obedecendo aos padrões de cores. Apesar de ser um jogo breve, é bem satisfatório. Outro bem parecido com o Cubicolor é o Cubic (2017), só que mais feinho.

Evo Explores (2016)

Evo Explores (2016), do ucraniano Kyrylo Kuzyk, parece inspirado no famoso jogo para Android, Monument Valley (2014). Você tem um cenário labiríntico que lembra a arte 3D de M. C. Escher os puzzles são resolvidos movimentando certas partes do cenário.

Lara Croft GO (2016)

Hitman GO (2016)

Hitman GO (2016) e Lara Croft GO (2016) são bem parecidos. Esta homenagem a duas grandes franquias da Square Enix recria a experiência de aventura e furtividade de Hitman e Tomb Raider, agora num cenário que simula um tabuleiro com jogadas em turnos. Os puzzles têm uma boa curva de aprendizado e são bastante satisfatórios.

Save Jesus (2016)

Save Jesus (2016), criado por um único desenvolvedor que assina como Almighty Games, é um puzzle inusitado e bem humorado em que você é ele, Jesus, e deve destruir o cenário e matar soldados romanos a fim de avançar nas fases. 

Zup!

Zup! (2016-2023), da russa Quiet River, é uma série de puzzles minimalistas que basicamente consistem em arremessar bolinhas contra blocos. De bônus você farma um mooonte de conquistas, pois ele é um daqueles jogos que te dão achievements a cada respirada. Por acaso experimentei o Zup 4, porque estava baratíssimo numa promoção, mas até o momento já lançaram umas 15 versões do jogo.

OVIVO (2017)

OVIVO (2017), do studio cazaque IzHard, tem uma trilha sonora relaxante e um visual psicodélico em preto e branco. A mecânica é baseada na gravidade e na interação entre os ambientes preto e branco do cenário. É um jogo bem diferente.

(11,09,2019; 12,02,2025)

Palavras-chave:

Agat Films & Cie – Ex Nihilo, Almighty Games, Coffee Stain Studios, Cross-Product, Daybreak Game Company, Frogmind Oy, IzHard, JMJ Interactive, Klei Entertainment, Kyrylo Kuzyk, Mårten Jonsson,  M. C. Escher, Moltenplay, Polytron Corporation, Quiet River, Rain Games, Square Enix, Team Meat

Minha miscelânea de jogos

Devido à minha hipergrafia, resolvi escrever um resumo de alguns dos jogos que colecionei ao longo dos anos. E lá vamos nós. 

Jogos de navinha

Space Invaders (1978)

Provavelmente um dos primeiros gêneros que experimentei. Lá nos anos 80, ainda na época do Atari, joguei o Space Invaders (1978) na casa de um amigo. Alguns anos depois chegou a era das locadoras e pude jogar alguns clássicos como Super R-Type (1991), After Burner (versão para Mega Drive de 1990) e alguns outros que já nem lembro. 

Darius (1987)

Não lembro se cheguei a jogar Darius (1987) em locadora, mas décadas depois joguei bastante nos emuladores para PC. É uma franquia vasta e já tem vários títulos relançados na Steam para os nostálgicos. Eu adorava o conceito de cada fase ser em um planeta diferente, de modo que a imaginação era levada em uma viagem ao longo do sistema solar.

Bit Blaster XL (2016)

Falando em Steam, descobri uma pérola de um desenvolvedor indie chamado Adamvision Studios, o Bit Blaster XL (2016). É um joguinho minimalista, pixelado, com uma trilha sonora bem agradável.

Outro indie interessante é o Rocket Blasters (2017), da Schmidt Workshops, uma desenvolvedora tão indie, mas tão indie que o site é basicamente um blog. O jogo tem uma proposta estética bonitinha parece desenho de caneta em folhas de caderno.

Sid Meier's Ace Patrol (2013) e a sequência Sid Meier's Ace Patrol: Pacific Skies (2013) é um joguinho de nave simples e divertido que, embora pouco conhecido, leva no título o nome de uma lenda dos games, o Sid Meier, criador da franquia Civilization.

Jogos beat 'em up

Streets of Rage (1991)

Ainda na época das locadoras, conheci o beat 'em up por meio do melhor de todos: Streets of Rage (1991). É um jogo inesquecível e de rejogabilidade para a vida toda, pois ainda hoje vez ou outra me vejo retornando a ele. O SoR 2 (1993) também é muito bom, já o SoR 3 (1994) tem algo de estranho. Quase três décadas depois, veio o SoR 4 (2020) que foi um grande presente para os fãs da franquia, é um jogo excelente e bastante rejogável. 

Shank (2010)

Shank (2010) e Shank 2 (2012) têm um visual cartunesco que é bem típico dos jogos da Klei Entertainment. A gameplay é bem frenética, com muitos combos de golpes que incluem facas, armas de fogo e até motosserra. Confesso que não curti muito, pois é um tipo de combate que consiste basicamente em ficar apertando loucamente todos os botões.

Broforce (2015)

Broforce (2015) é uma pérola do studio sul-africano Free Lives, uma grande homenagem à cultura pop dos brucutus. Jogo com ótimo humor mórbido, visual pixelado interessante e o grande destaque são os personagens que homenageiam diversos ícones do cinema de porradaria, como Rambo, Bruce Lee, Blade, a Noiva do Kill Bill e vários outros.

Mother Russia Bleeds (2016)

Mother Russia Bleeds (2016), do francês Le Cartel Studio, a princípio me pareceu interessante por causa da estética pixelada, mas confesso que a gameplay não me agradou. Há pouca variedade de golpes e são meio chatos de acertar. Você pode estar na frente do inimigo, mas se estiver levemente acima ou abaixo, não alcança a hitbox.

Ape Out (2019)

Ganhei Ape Out (2019) num dos brindes semanais da Epic Store (eu amo essa loja) e enfim resolvi experimentar. Ape Out traz uma proposta bem original de jogabilidade. Tem um visual rabiscado, uma trilha sonora de jazz e a visão top-down. Você é um gorila e tem que escapar de labirintos enquanto esmurra guardas.

É, o jogo é peculiar, especialmente na aparência (bem feinha, mas original para o gênero), mas particularmente não é meu tipo. Após 5 minutos já estava enjoado da sua jogabilidade truncada, pois a movimentação é feita com uma combinação de WASD e mouse, sendo que ao mesmo tempo o mouse também move a câmera, tornando os passos do gorila meio desengonçados e atrapalhando a mira.

No mais, não teve realmente algo que me interessasse. Dropei.

Jogos de civilização

Age of Mythology (2002)

Meu primeiro contato com jogos de civilização foi através de um CD emprestado de Age of Mythology (2002), lá por volta de 2010. Foi obviamente uma ótima introdução ao gênero, ainda mais porque sempre gostei de mitologia grega, e poder invocar um titã e sair devastando cidades era uma aventura e tanto. Alguns anos depois pude jogar novamente pela versão da Steam que foi lançada em 2014.

Só depois de alguns anos passei a ter contato com a franquia Age of Empires que ao longo das décadas produziu vários relançamentos, versões remasterizadas, expandidas, etc. Na Steam joguei os três primeiros e o Age of Empires 4 pude experimentar no Game Pass.

Quanto ao Civilization, já joguei do 3 ao 6 e estou de olho no lançamento do 7 agora em 2025. Estranhamente, na Steam tem todos os títulos, menos os dois primeiros, então minha coleçãozinha na Steam está incompleta.

A grande diferença entre Age of Empires e Civilization é que este é jogado em turnos e aquele em tempo real. Eu certamente gosto mais de jogar em turnos, pois posso estudar e planejar cada passo, enquanto no tempo real há uma certa dose de stress, porque tem que correr pra gerenciar toda a sociedade e ficar logo poderoso antes que as nações rivais venham invadir.

Cities Skylines 2 (2024)

A franquia SimCity, iniciada em 1989 e que já lançou diversos títulos ao longo das décadas, estabeleceu um tipo específico de jogo de civilização voltado à construção e gerenciamento de cidades. Nunca joguei nenhum SimCity, mas experimentei o gênero em outro jogo mais recente, a criação sueca Cities Skylines (2015), e provavelmente vou jogar um dia o Cities Skylines 2 (2024). É um jogo bem relaxante, com musiquinha agradável e um satisfatório sistema de micro gerenciamento e edificação das cidades. 

Graficamente o jogo é lindo e extremamente detalhista. Você pode ir da visão ampla do território até dar um zoom nas ruas e casas, vendo de perto a vida acontecendo na cidade, pessoas e carros andando pra lá e pra cá e a movimentação destas pessoinhas não é caótica. Crianças vão para a escola, trabalhadores vão para seus respectivos locais de trabalho. É realmente um mundo bem imersivo e funcional.

Marble Age (2015)

A desenvolvedora indie russa Clarus Victoria tem vários joguinhos de civilização num estilo mais minimalista e cartunesco que são bem divertidos e baratinhos: Marble Age (2015), Predynastic Egypt (2016), Bronze Age (2017) e Egypt: Old Kingdom (2018). Curti bastante todos eles.

Frostpunk (2018)

Frostpunk (2018), do studio polonês 11 Bit, é certamente meu jogo de civilização favorito, principalmente por causa da ambientação, do cenário gélido, a trilha sonora melancólica e de uma qualidade erudita. No começo é bem sofrido lidar com as ondas de frio, enquanto você mal evoluiu as tecnologias de aquecimento, mas depois que você pega o jeito, é satisfatório manter a civilização funcionando mesmo nas condições mais extremas. Ainda não joguei o Frostpunk 2 (2024), mas certamente está na minha lista de desejos.

Red Planet Farming (2020)

Red Planet Farming (2020), da artista indie Nina Demirjian,  é um joguinho bem casual e minimalista de colonização de Marte. Você vai comprando lotes hexagonais e basicamente deve cultivar plantações, mas também construir algumas outras estruturas, como painéis solares. Se administrar bem a produção de comida, a população aumenta e você vai desbloqueando novas tecnologias e tal. Tem uma trilha sonora bem atmosférica e é realmente gostoso de jogar sem ter que quebrar muito a cabeça pra administrar as cidades.

Jogos de simulação

Euro Truck Simulator 2 (2012)

Dos jogos de simulação do mundo real, meu favorito foi Euro Truck Simulator 2 (2012), da desenvolvedora checa SCS Software. Na época que joguei meu PC era bem fraquinho, nem mesmo tinha placa de vídeo, mas mesmo assim tive dezenas de horas de diversão simplesmente dirigindo o caminhão pelas estradas, atravessando os países da Europa e até mesmo admirando a paisagem daquele cenário virtual, ainda que com gráficos na qualidade mais baixa. Mais recentemente, agora com uma plaquinha RTX no PC, reinstalei o jogo só para ver como fica na melhor qualidade gráfica.

Este gênero de simulação de atividades não faz muito meu tipo e Euro Truck foi um caso especial que joguei por umas 120 horas. Hoje em dia já não me interessa tanto, mas quem sabe no futuro eu retorne às estradas só pela nostalgia.

Outro simulador que joguei um pouco foi The Sims 4 (2014) que ganhei em algum brinde. Foi uma experiência agradável, embora eu não curta muito aquele visual cartunesco dos personagens. É um tipo de jogo bem imersivo e, ao começar a jogar, você logo se insere naquele mundo e passa a viver as emoções e experiências dos personagens.

Inzoi (2025)

Tem um jogo coreano a ser lançado agora em 2025 que pode ser considerado um The Sims com gráficos melhorados, o sul-coreano Inzoi. Parece bastante promissor por causa dos gráficos realistas e do imenso detalhismo. Talvez este jogo lance uma nova era nas simulações de vida real.

Osmos (2009)

Osmos (2009), da canadense indie Hemisphere Games, tem uma música relaxante e uma jogabilidade simples. Você é uma célula que deve absorver outras células, o jogo da vida microscópica.

Solar 2 (2011)

Solar 2 (2011) é um jogo de evolução do universo. Você começa como uma estrela e pode ir expandindo seu sistema, além de absorver outras estrelas até se tornar um buraco negro. É como a versão macrocósmica do Osmos (que envolve o mundo microscópico).

World of Guns: Gun Disassembly (2014)

World of Guns: Gun Disassembly (2014) é um jogo de simulação britânico que a princípio é gratuito e é bem interessante para aficionados por armas. Nele você monta e desmonta diversos tipos de armas numa visão 3D, conhecendo cada peça e toda a mecânica. Há diversos DLCs pagos que acrescentam ainda mais conteúdo.

Viridi (2015)

Viridi (2015), palavra em latim que significa "verde", é um joguinho minimalista e relaxante de simulação de cultivo de plantas em um vasinho. Pois é, uma proposta bem peculiar e que vale a pena experimentar, ainda mais porque o jogo é gratuito na Steam e se mantém por microtransações que não são agressivas. A verdade é que acho mais legal cultivar plantinhas de verdade. É bem mais trabalhoso, mas também mais satisfatório.

Jogos indies aleatórios

Um dos grandes diferenciais da Steam em relação a outras lojas é a sua imensa biblioteca de indies. Lá tem de tudo, todo tipo de jogo experimental, mal acabado, lixoso, de mau gosto, mas também algumas boas surpresas e pérolas escondidas.

A maioria é bem baratinha, alguns a gente acaba levando de bônus em bundles e tem muitos gratuitos  também. Eis aqui uma coleção de coisas que já experimentei por lá.

Deponia (2012)

Deponia (2012)

Goal, Deponia (2012)

Deponia (2012), da alemã Daedalic Entertainment, é um point and click. Nesse tipo de jogo você fica clicando em objetos no cenário a fim de investigar mistérios ou resolver puzzles. Na verdade não curto muito. Outro point and click da mesma distribuidora que experimentei foi o Dead Synchronicity (2015), que se passa num futuro pós-apocalíptico sombrio, enquanto Deponia tem mais um ar de comédia. É um indie de bastante sucesso e o jogo teve várias sequências. O visual cartunesco dos personagens tem inspirado até cosplays, principalmente a donzela Goal que, convenhamos, tem um visual bem atraente.

Hammerwatch (2013)

Hammerwatch (2013), do studio sueco Crackshell, é um hack and slash de exploração de dungeon com diversas classes de personagens. A jogabilidade é um pouco repetitiva, mas pode ficar mais divertido jogando em grupo com outras pessoas online.

Famaze (2014)

Famaze (2014) é um joguinho gratuito de exploração de dungeon em que você pode escolher as classes Knight, Thief ou Mage. É curto, mas bem legalzinho.

Magicite (2014)

Magicite (2014) é um jogo de exploração de dungeon bem simples, mas divertido. O grande problema é que não existe salvamento. Você perde todo seu progresso quando para de jogar e depois terá que recomeçar do zero. Bom, pelo menos era assim na época que joguei.

Seu criador, o artista Sean Young, que assina com o nome de marca SmashGames, é também o criador de Roguelands (2015), Littlewood (2019) e mais alguns outros. Agora ele tem publicado nas redes sociais que está desenvolvendo o Monsterpatch. Ou seja, o cara é prolífico na criação de games, embora sejam bem simples.

Fingerbones (2014)

Fingerbones (2014), do compositor e desenvolvedor David Szymanski, é um breve jogo gratuito de investigação. Você explora uma casa abandonada e vai descobrindo pistas de algo sinistro que aconteceu ali.

Data Hacker: Initiation (2014)

A distribuidora New Reality Games tem um monte de joguinhos que parece que foram feitos no RPG Maker (com exceção do Incincere, que é um FPS). Certa vez comprei alguns num pacote com 90% de desconto: Data Hacker: Initiation (2014), Data Hacker: Corruption (2014), Data Hacker: Reboot (2015), City of Chains (2015), Atonement: Scourge of Time (2015), Elements: Soul of Fire (2015), Outrage (2016), Incincere (2016), Purgatory (2016), Invasion: Brain Craving (2016) e Elements II: Hearth of Light (2016). 

A maioria tem uma ambientação futurista cyberpunk e alguns são mais na linha sobrenatural. O fato é que não consegui jogar muito não. É meio lixinho. Na época o pacote inteiro custou apenas R$ 1,23, então nem tive coragem de pedir refund.

Off-Peak (2015)

Off-Peak (2015), de um tal Cosmo D, é um estranho jogo surreal e experimental. É gratuito, então não custa nada experimentar, mas não parece ter objetivo algum. Você vaga por uma cidade com ambientação noir, conversa com pessoas, vê coisas esquisitas. A música na verdade é bem legal.

Drawful 2 (2016)

Drawful 2 (2016) foi um dos jogos que ganhei no "brinde da quarentena" da Steam. É a versão digital da brincadeira de adivinhar um desenho. Você cria uma sala e se conecta com seus amigos, então fazem desenhos à mão para que os outros adivinhem o que é.

Doorways: Old Prototype (2016)

Doorways: Old Prototype (2016), da argentina Saibot Studios, é uma amostra gratuita de uma série de terror chamada Doorways. A jogabilidade é estilo parkour, saltando e correndo em um cenário infernal. O excesso de vermelho é de doer os olhos.

One Troll Army (2016)

One Troll Army (2016) é um tower defense gratuito em que você batalha com trolls (dã). É bem tosquinho. Foi criado pelo studio Fly Anvil que é simplesmente formado por dois irmãos. Suponho que sejam dos EUA, mas não encontrei dados de nacionalidade nas redes sociais ou no site deles.

Cayne (2017)

Cayne (2017), da sul-africana indie he Brotherhood, é um joguinho de terror point and click com visão isométrica. Para um jogo gratuito, os gráficos são bem decentes e a história é interessante.

Wild Terra (2017)

Wild Terra (2017), da russa Juvty Worlds, é um MMORPG relativamente recente, mas com um visual das antigas. É gratuito, mas tem umas DLCs pagas. Para quem gosta de MMORPG com crafting, caçar bichos, construir fortalezas e combater outros jogadores, é uma opção. Eu achei meio chatinho. Também já foi lançado o Wild Terra 2 (2022), mas não cheguei a experimentar.

Totally Accurate Battle Simulator (2019)

Totally Accurate Battle Simulator (2019) ou TABS, da sueca Landfall Games, é um destes jogos com a física ragdoll, ou seja, você manipula uns bonecos que têm corpos moloides e se movem de um jeito desengonçado. Esse tipo de boneco já se tornou um subgênero de jogo, com alguns sucessos como Gang Beasts (2014), Human: Fall Flat (2016) e vários destes simuladores.

Em TABS você pode jogar no modo sandbox e brincar com as possibilidades de batalhas ou pode cumprir as campanhas. Existem várias classes de personagens organizadas por era. Você começa uma partida com certa quantidade de pontos que deve usar para comprar seu exército, planejando a melhor estratégia para sobrepujar os inimigos. Dê play e assista à desengonçada batalha.

The Textorcist: The Story of Ray Bibbia (2019)

The Textorcist: The Story of Ray Bibbia (2019), da alemã Headup Games, é um joguinho com uma proposta bem peculiar. Você é um padre que é chamado para realizar exorcismos e é aí que a jogabilidade se mostra diferenciada, pois nos combates você deve digitar as orações do padre, de modo que as palavras que você digita se tornam poderes lançados sobre os endemoninhados. A dificuldade do jogo então consiste em quão rápido você é capaz de digitar.

Hentai Crush (2019)

Hentai Crush (2019), de um studio com o autoexplicativo nome Mature Games, é um de tantos joguinhos indies que você encontra na Steam e têm um objetivo bem claro: sacanagem. Basicamente você interage com umas garotas dialogando, dando presentes e jogando um minigame de estourar bolinhas, aí vai ganhando pontos no coração das garotas até desbloquear aquilo que todo mundo quer no final: sexo. 

A qualidade do desenho em estilo anime é decente (ou indecente), mas pra ter acesso ao conteúdo sem censura tem que fazer toda uma gambiarra de baixar um patch fora da Steam, o que achei bem esquisito e nem fui atrás.

(11,02,2025; 21,03,2025)

Palavras-chave:

11 Bit Studios, 2K Games, Adamvision Studios, Atari, Cosmo D, Crackshell, Daedalic Entertainment, David Szymanski, Devolver Digital, Electronic Arts, Epic Games, FlyAnvil, Free Lives, Headup Games, Hemisphere Games, Ice Water Games, Jackbox Games, Juvty Worlds, Klei Entertainment, Krafton, Landfall Games, Le Cartel Studio, Mature Games, Microsoft, Murudai, Nina Demirjian, Noble Empire Corp., Oryx Design Lab, Paradox Interactive, Saibot Studios, Schmidt Workshops, SCS Software, Sega, Sid Meier, SmashGames, Steam, Taito Corporation, The Brotherhood