O Homem-Aranha é de longe o personagem mais conhecido da Marvel e de todo o mundo dos quadrinhos ele está entre os três mais famosos, junto com Batman e Superman. Não à toa ele tem sido nos últimos 20 anos uma das franquias mais lucrativas e agora ele não só cresceu como multiplicou-se em um verdadeiro multiverso de aranhas.
De Christopher Reeve ao MCU
Cinema e quadrinhos estão unidos desde o comecinho. O primeiro filme do Batman, por exemplo, foi lançado em 1943 e o Superman em 1948. No entanto, houve certos momentos em que essa indústria deu um salto e avançou além da fronteira nerd, se tornando mainstream. Podemos classificar estes saltos em três momentos.
Primeiro foi o filme do Superman com Christopher Reeve (1978) que não só teve uma gigante bilheteria de 300 milhões de dólares (que podem ser comparados aos bilhões dos blockbusters de hoje), como chamou atenção da Academia, ganhando um Oscar e várias outras nomeações.
As décadas de 80 e 90 seguiram produzindo vários filmes de super heróis, mas nada chegou aos pés do que aconteceu com o Superman, com exceção do Batman do Tim Burton (1989).
Então veio a virada do milênio com o primeiro filme dos X-Men (2000). Com a bilheteria de 296 milhões, chegou pertinho do Superman, mas não ganhou Oscar. Por outro lado, despertou novamente o interesse das produtoras para investir pesado nesse gênero, tanto que os X-Men viraram uma franquia com várias sequências e direito a spin-off do Wolverine.
A terceira fase foi em 2008, com o Batman do Nolan e o Homem de Ferro. A partir daí a Marvel pegou esse bastão e correu rápido, construindo o chamado MCU que ano após ano só cresceu em lucro e notoriedade. E hoje vivemos esta era.
O Aranha do Tobey Maguire
Pois bem, o Homem-Aranha participou daquela segunda fase. Enquanto os X-Men representavam os filmes de superequipe, o Aranha se tornou o modelo de herói solo. E ele fez muito sucesso. Muuuito sucesso. No primeiro filme (2002) teve uma bilheteria de 825 milhões, batendo Superman e X-Men juntos. O segundo filme (2004), teve bilheteria de 780 milhões e o terceiro (2007), 890 milhões. A trilogia, portanto, rendeu cerca de 2 bilhões e meio!
Ainda hoje, quase vinte anos depois, o primeiro filme ainda tem efeitos especiais decentes e a única coisa que parece realmente datada é a armadura do Duende Verde, que tem uma aparência bem de cosplay de plástico. Esse longa rendeu a memorável cena do "beijo invertido" do Aranha com a Mary Jane.
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A namoradinha perfeita que o Peter nunca teve. |
As duas sequência mantiveram a altíssima bilheteria e a hype, bem como os efeitos especiais de ponta (ainda hoje o Doutor Octopus e o Homem Areia são visualmente bem interessantes), mas não há nada realmente memorável nas tramas.
O Aranha Negro/Venom do terceiro filme não foi bem o que a galera nerd esperava, mas pelo menos o fan service de trazê-lo para as telas foi feito. No fim das contas, o que entrou pra nossa memória nesse episódio foi o Peter Parker emo fazendo sua dancinha que hoje está eternizada nos memes.
O Aranha do Andrew Garfield
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Fofos. |
Então, após um hiato de cinco anos, veio um reboot. Saiu Tobey Maguire, entrou Andrew Garfield. Agora o título se chamava O Espetacular Homem-Aranha e teve duas sequências, em 2012 e 2014, com a promessa de uma terceira que nunca aconteceu.
Dessa vez deram uma atualizada na franquia pra ficar mais teen, tanto que focaram bastante no romance entre Peter e Gwen Stacy, tornando os vilões figuras bem secundárias e desinteressantes na trama.
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A cena mais triste de todos os filmes do Aranha. |
Tão intenso foi o romance do casal que até na vida real os atores (Garfield e Emma Stone) começaram a namorar. A Emma Stone, aliás, visualmente ficou muito bem no papel e deu à personagem uma fofura que só aumentou o choque do público quando depois ela (spoileeeer) foi morta.
Desde então virou um novo hábito da turma nerd discutir qual era o melhor Aranha, se o Tobey ou o Garfield. Aqueles a favor do Tobey costumam dizer que o personagem dele se parece mais com o nerd desajeitado e tímido dos quadrinhos e de fato era assim o Peter Parker no início, mas depois, à medida que amadurecia, o Peter foi ficando mais um nerd descolado, o "Tigrão". Então aí acaba a discussão: cada ator se encaixa numa fase diferente da personalidade de Peter Parker.
De toda forma, todas as comparações perdem a importância quando chega um novo Aranha interpretado por Tom Holland. O melhor Aranha. Na minha opinião, obviamente.
O Aranha do Tom Holland
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Sup, guys! |
O novo Aranha apareceu assim, como quem não quer nada, como um convidado no filme do Capitão América: Guerra Civil (2016). Os dois filmes anteriores não fizeram tanto sucesso quanto a trilogia original e o personagem foi parar na geladeira por um tempo. Agora ele voltou repaginado e na pele de um novo ator. Literalmente novo, pois na época o Tom Holland tinha 19 anos.
A primeira impressão causada pelo menino foi tão boa que alimentou a hype para os filmes solo que viriam em seguida. Spider-Man: Homecoming (2017) e Far From Home (2019) acertaram em tudo, começando pelo ator. Tom Holland é carismático, tem um jeitão nerd, é jovem como o Peter Parker e ainda tem talentos acrobáticos na vida real, o que ajuda bastante o seu desempenho como Aranha.
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Esse novo Aranha nos presenteou com a Tia May mais gata de todas. |
Além disso, a integração do teioso ao MCU foi perfeita. Não bastando ser um excelente personagem solo (de fato é o personagem solo mais lucrativo de todos os filmes de super herói), também se mostrou ótimo em equipe, atuando com os Vingadores na grandiosa saga da Guerra Infinita e desenvolvendo uma relação de pai e filho com ninguém menos que o Tony Stark. Foi uma parceria não forçada, com uma boa química e que rendeu memoráveis momentos.
A parceria com o Homem de Ferro também garantiu uns belos upgrades para o Aranha, ganhando uniformes táticos e gadgets que o tornaram bem mais versátil.
Em Homecoming, este novo Aranha ainda estava descobrindo seu estilo. Começou acertando no fato de ser um personagem adolescente, vivendo seus draminhas de colegial, bem o Peter Parker clássico. O estranho foi a substituição da clássica Mary Jane por uma versão alternativa, a MJ. Qual é o problema do cinema com ruivos ultimamente?
Far From Home dá uma pausa na relação com o MCU (mesmo porque o MCU entrou em uma espécie de hiato após Endgame) e adota um estilo mais de aventura, com o Aranha usando seus poderes em situações triviais. Quanto ao vilão, é adotada a "fórmula Mandarim", ou seja, o vilão é um ator fazendo uma grande encenação, o que mais uma vez enganou o público, pois a princípio os trailers davam a entender que Mysterio iria apresentar o multiverso, o que não aconteceu.
Tirando, então, a parte do vilão, que foi um grande desperdício de personagem, Far From Home é uma aventura divertida de se assistir e não economizaram nos efeitos especiais. Curioso também que dedicaram bastante atenção ao Happy, um dos personagens mais recorrentes do MCU, e desenvolveu-se um romance entre ele e a Tia May.
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Ok, a primeira Tia May era mais fiel aos quadrinhos, mas quem vai recusar a Marisa Tomei? |
Mas falemos também de outros personagens. Uma notável diferença se nota nas três versões da Tia May: ela foi rejuvenescendo a cada reboot, numa espécie de efeito Benjamin Button. A primeira versão é claramente mais parecida com a clássica senhorinha dos quadrinhos, mas longe de mim reclamar da presença da Marisa Tomei nas telas.
De todos os personagens, porém, nenhum foi tão bem representado quanto o J. Jonah Jameson (lááá no filme de 2002, mas também retornando em 2019), o rabugento dono de jornal e eterno antagonista do Aranha.
Tanto fisicamente quanto na atitude, o ator J. K. Simmons se tornou a própria encarnação do cara e uma das melhores versões live action de um personagem dos quadrinhos de todos os tempos. Eu veria um filme inteiro do J. Jonah Jameson. Melhor, eu veria uma trilogia.
(08,10,2019)
E mais Aranha do Tom Holland
Em No Way Home (2021), o Aranha do Tom Holland completa uma trilogia e supera o Tobey Maguire em tempo de tela, já que ele também teve sua participação nos filmes do Capitão América e dos Vingadores.
Neste terceiro filme finalmente temos a abertura do multiverso, proporcionando um dos maiores fan services do MCU, senão o maior: um crossover dos três aranhas, sem contar o retorno dos antigos vilões: Dr. Octopus, Electro, Homem-Areia e até o inesquecível Duende Verde do Willem Dafoe.
O Dr. Strange tem um importante papel em toda a trama, afinal é ele quem acaba abrindo o acesso ao multiverso como efeito colateral após o Peter pedir que ele fizesse uma magia para que o público esquecesse sua identidade. Toda a confusão só acontece por culpa da imaturidade do Peter e o filme inteiro se trata dele tentando consertar essa bagunça que ele mesmo causou. De toda forma, graças a essa confusão é que fomos presenteados com todo o fan service.
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Momento mais catártico do filme, senão de todos os filmes do Aranha. |
Eu diria que a reunião dos três aranhas teve uma especial importância catártica para o Aranha do Garfield, pois além de ter sido a versão com menos sucesso, reduzida a uma duologia, pois o terceiro filme nem engatou, também teve a pior derrota com a morte da Gwen em seus braços.
Desta forma, a cena mais emocionante do filme acontece justamente quando o Aranha do Garfield salva a M.J. de uma queda, numa cena bem parecida com a queda da Gwen. Como desta vez ele consegue salvar a garota, temos um tocante momento de redenção.
Enfim, neste filme o Aranha do Tom Holland fecha sua trilogia com chave de ouro, fazendo uma homenagem a duas décadas de filmes do personagem, com um crossover espetacular. Mas pelo visto o Miranha do MCU ainda tem potencial para permanecer por anos e um novo filme já foi anunciado, o Homem-Aranha 4, cujo título será Spider-Man: Brand New Day, a ser lançado em 2026. A remoção da palavra "home" do título mostra que terá início um novo ciclo de filmes, provavelmente uma nova trilogia.
(08,04,2025)
Marvel's Spider-Man, o Aranha kid
Inspirado pelo universo de filmes da Marvel (o MCU), surgiu um universo de séries animadas que era composto de quatro séries: Ultimate Spider-Man (2012-2017), Avengers Assemble (2013-2019), Hulk and the Agents of S.M.A.S.H. (2013-2015) e Guardians of the Galaxy (2015-2018). Estas histórias acontecem no universo alternativo Earth-12041.
Ultimate Spider-Man foi realmente interessante, explorando ao máximo a imensa variedade de heróis do aranhaverso. Todavia, por causa do lançamento de Spider-Man: Homecoming (2017) no cinema, resolveram fazer um reboot na animação, começando do zero com a nova série Marvel's Spider-Man (2017-2019), agora no universo Earth-TRN633.
Esta nova versão é mais simplória e voltada ao público infantil, tanto que é transmitida pelo canal Disney XD (que visa um público de 4 a 11 anos). É uma forma de apresentar o teioso para a nova geração, recontando sua história desde a origem clássica em diante.
(05,10,2019)
As duas versões da Gwen Stacy no cinema
A Gwen Stacy, uma das clássicas namoradinhas do Peter Parker, teve presença constante nos quadrinhos e passou por poucas e boas. Já morreu, já teve um clone e versões alternativas como a Spider-Gwen e a Gwenpool (sim, uma mistura da Gwen com o Deadpool).
No cinema a sua principal versão foi a interpretada por Emma Stone no The Amazing Spider-Man 1 e 2 (2012-2014), pois teve bastante tempo de tela e protagonizou toda a trama junto do Aranha Andrew Garfield. Fiel aos quadrinhos, o filme ousou retratar a trágica morte da Gwen nos braços do Aranha.
Anos antes, no Spider-Man 3 (2007), quem ocupou o lugar da Gwen foi a Bryce Dallas Howard. Ela foi apenas uma personagem secundária, já que Parker estava namorando a Mary Jane, mas houve uma pequena referência ao evento da morte, quando ela cai de um edifício. Só que dessa vez o Aranha Tobey Maguire consegue salvá-la.
Essa Gwen ainda teve a ousadia de copiar o famoso beijo invertido que era uma marca do relacionamento da Mary Jane com o Aranha. Que danadinha!
Estranhamente, nos filmes mais recentes com o Aranha do Tom Holland, não tem uma Gwen nem como personagem secundária (sem contar que trocaram a Mary Jane por uma tal de MJ).
(01,12,2019)
Miranha no miranhaverso
Uma coisa que a Marvel soube desenvolver bem em seu universo cinematográfico foi a diversidade de mundos fictícios. A DC também explorou um pouco disso, mostrando Krypton em Man of Steel e em uma série própria, bem como a ilha das Amazonas onde nasceu a Wonder Woman e o fantástico mundo submarino de Aquaman. O arrowverso foi ainda mais longe e apresentou um multiverso na saga Crise nas Infinitas Terras.
A Marvel foi do mundo subatômico ao cósmico e deu um salto ainda maior na animação Spider-Man: Into the Spider-Verse (2018) que definitivamente instalou o conceito de multiverso no MCU. Agora nem o céu é o limite.
Miles Morales é uma versão alternativa do Spider-Man (da Terra-1610, também conhecida como Universo Ultimate) que existe nos quadrinhos desde 2011, sendo o primeiro Homem-Aranha negro em meio à variedade de Aranhas. Bom lembrar que muito antes, em 1992, já surgira uma versão que acrescentou diversidade étnica à galeria de personagens: o Miguel O'Hara, o Aranha 2099 (Terra-928), que tem descendência islandesa e mexicana.
Até aí, a nova animação seria apenas mais um filme da Marvel acrescentando um novo personagem no MCU. Só que fizeram algo com consequências em todo o MCU, trazendo uma história baseada no multiverso.
Assim, vemos o Aranha do Miles Morales encontrar outras versões de outros universos: o Peter B. Parker (Terra-616), a Spider-Woman (Terra-65), uma versão anime do Aranha, a Peni Parker (Terra-14512), e até mesmo o Spider-Ham (sim, é Ham mesmo, o Aranha Presunto), também chamado Peter Porker (Terra-8311), que é literalmente um porco com poderes de aranha, e o estiloso Spider-Man Noir (Terra-90214) que foi dublado por ninguém menos que o Nicolas Cage.
É bom notar que este universo em que se passa a animação é classificado na vasta database da Marvel como Terra-TRN700, portanto não é exatamente o mesmo universo do Miles Morales dos quadrinhos, a Terra-1610. Também não é o mesmo mundo principal do MCU, aquele que vimos nos filmes dos Vingadores e seus personagens. Ali é a Terra-199999. Obviamente, agora que as portas do multiverso se abriram, todos estes e muitos outros mundos vão se misturar eventualmente nos filmes e séries.
Quanto aos vilões, temos o Rei do Crime, que está enorme, um verdadeiro armário humano, tão grande que mal cabe na tela, o que dá um efeito estético bem interessante toda vez que ele aparece. E temos também a Olivia Octavius. Originalmente, o universo do Miles Morales nos quadrinhos, a Terra-1610, tem a sua versão do Dr. Octopus, o Otto Octavius. Para a animação criaram esta nova personagem, provavelmente para diversificar a dupla de vilões mudando o gênero de masculino para feminino.
De fato, se não fosse por ela, o filme só teria vilões marmanjos, pois além do Rei do Crime também tem Aaron Davis, Norman Osborn, Maximus Gargan e Lonnie Lincoln.
E ainda teve uma ceninha pós créditos em que vemos o Aranha 2099 encontrando o Aranha da série animada de 1967 (Terra-67), quando ambos replicam aquele meme dos Aranhas apontando um para o outro.
Enfim, a animação foi um show de fan service e referências, abriu a porta para o multiverso, que vai tornar o MCU ainda mais interessante e eventualmente trazer os X-Men, Quarteto Fantástico e o resto da galera que pertencia à Fox e foi recentemente comprada pela Disney.
Além disso, a qualidade do desenho é impressionante. É uma animação riquíssima em cores e detalhes, misturando 2D e 3D e com uma linguagem narrativa bem parecida com a dos quadrinhos. Tem até onomatopeias.
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Claro que não podia faltar um cameo do saudoso Stan Lee. |
E a saga prosseguiu na sequência Spider-Man: Across the Spider-Verse (2023), mantendo a mesma qualidade da animação rica em cores e movimento, aumentando ainda mais a quantidade de aranhas do multiverso, um gigantesco crossover. Já está previsto um terceiro filme para concluir a trilogia em 2027: Spider-Man: Beyond the Spider-Verse.
(28,02,2022; 08,04,2025)
Palavras-chave:
Andrew Garfield, Benedict Cumberbatch, Bob Persichetti, Bryce Dallas Howard, Christopher Reeve, Disney, Emma Stone, J.K. Simmons, Joaquim Dos Santos, John Watts, Justin K. Thompson, Kemp Powers, Kirsten Dunst, Mageina Tovah, Marc Webb, Marisa Tomei, Peter Ramsey, Phil Lord, Rodney Rothman, Sam Raimi, Sony, Stan Lee, Tim Burton, Tobey Maguire, Tom Holland, Willem Dafoe, Zendaya
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