Neollogia
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O futuro de Pax Dei

Pax Dei membership

Este mês de julho a Mainframe finalmente publicou a informação mais esperada pela comunidade de Pax Dei: o sistema de monetização.

A forma como um jogo é monetizado é uma das principais preocupações dos players e que tem um forte impacto na decisão deles se irão abraçar o jogo ou deixar pra lá. Logo, essa notícia de Pax Dei veio para definir de vez a mente dos jogadores. E é uma notícia um tanto preocupante.

Um sistema de monetização sempre foi esperado, obviamente, afinal um jogo não pode simplesmente se manter sem dinheiro. Também já foi avisado desde o início do early access que o plano era trazer algum modelo de mensalidade, o que soa um tanto antiquado hoje em dia, mas convenhamos que é um modelo ainda em voga em alguns MMOs, como WoW, Tibia, Runescape, etc.

Pois bem, o modelo adotado foi o seguinte: o acesso ao jogo em si será baseado em uma compra inicial e após esta única compra você poderá jogar para sempre sem pagar mais nada, tendo acesso a todas as funcionalidades do jogo, menos uma: a posse de terreno para construção.

Os terrenos, chamados plots, são o recurso mais precioso do jogo, afinal eles literalmente ocupam espaço no mapa e é de se esperar que com o passar do tempo as áreas habitáveis fiquem lotadas, impossibilitando novos players de achar um lugarzinho para chamar de seu. 

Ora, imagine se o acesso aos plots fosse gratuito: players casuais iriam construir suas casinhas e com o tempo abandonariam o jogo, deixando o mapa cheio de construções fantasma. Um sistema de valorização dos plots é de fato necessário, bem como uma forma de garantir que plots abandonados sejam disponibilizados para novos jogadores. A ocupação de espaço no mapa precisa ter um custo, pois este custo vai definir o nível de comprometimento de um jogador com o plot.

Poderia haver um sistema de liberação de plot baseado na inatividade do player? Poderia. Por exemplo, após ficar um mês sem logar, um player perderia seu plot, liberando espaço no mapa para quem está jogando. Desta forma não seria necessário cobrar dinheiro real para manter um plot, apenas impor a condição da presença do jogador.

Só que isto poderia não ser suficiente para impedir a formação de cidades fantasma, além disso, o jogo precisa se manter de alguma forma e, como os plots são a funcionalidade mais marcante do jogo e que geram um bom custo de manutenção, é razoável que a mensalidade seja baseada na posse do plot. Pegando o exemplo do Tibia, inclusive, lá só pode ter uma casa quem paga mensalidade e a comunidade vem aceitando este acordo há décadas. 

Existem jogos em que a casa funciona em uma instância separada. É o caso do New World e será assim também no Throne and Liberty que em breve lançará seu sistema de housing. Desta forma, vários players podem ocupar a mesma casa no mapa, porque o espaço interior da casa existe no limbo de uma instância separada.

Já em casos como o Tibia ou Pax Dei, a casa ocupa a área real do mapa, sendo portanto um bem escasso. Logo, a escassez gera valor.

Até aí, portanto, é justificável haver mensalidade para a posse dos plots. O problema é o valor dessa mensalidade. Tem de ser algo razoável, acessível. E eis que os preços divulgados foram: 6,99 dólares/euros para 1 plot, 10,99 para 2 plots e 18,99 para 4 plots. Ou seja, aqui no Brasil, a mensalidade para um simples plot deve chegar perto dos 40 reais e por volta de 120 para 4 plots. Precinho bem salgado.

Tá certo que ninguém precisa de 4 plots para ser feliz. Essa quantidade é para players hardcore e guildas que querem dominar uma área e construir imensas bases. Para estes, convenhamos que é justo que paguem alto por tal luxo. O preço para apenas um plot, porém, poderia ser mais amistoso. Eu diria que um valor de 10 ou até 15 reais, cerca de 3 dólares, seria aceitável para a mensalidade.

Bom, quem não se importa de abrir mão da experiência de construção vai poder jogar de toda forma. Haverá estações de crafting e armazenamento para os players "sem teto". Além disso, basta você entrar em uma guilda e poderá brincar de construção na base, de modo que é possível sim ter a experiência de construção de forma free to play.

Todavia existe outro detalhe que realmente enfureceu a comunidade: a mensalidade irá garantir certos bônus de experiência e da moeda chamada "grace", o que claramente adiciona um certo grau de pay to win ao jogo, algo que jogadores ocidentais detestam.

Confesso que não me importo com P2W, afinal não jogo de forma competitiva. Não me interessa se outros jogadores estão evoluindo mais rápido do que eu porque compram vantagens. Sigo jogando meu jogo e evoluindo no meu ritmo. Só que muitos jogadores de MMO estão nessa pela competição, para tentar superar os outros na corrida pela evolução, de modo que a ideia de que alguém pode ter vantagens competitivas com dinheiro real é broxante e enfurecedora.

Se este aspecto P2W não existisse e se os preços fossem mais razoáveis, talvez a reação da comunidade não fosse tão intensa. Mas a verdade é que muitos reclamariam de toda forma, pois hoje em dia o sistema de mensalidade é algo incomum e muitos players estão acostumados a jogar de graça, às custas de outros players que gastam em cosméticos ou passes de temporada para garantir a existência do jogo.

Creio que é improvável que Pax Dei sobrevivesse apenas de cosméticos ou mesmo de passes. O jogo já nasceu destinado a um nicho específico de sandbox/sobrevivência. Pax Dei nunca pareceu um MMO que atrairia multidões e jogos assim de nicho não conseguem sobreviver num modelo free to play. Então, olhando pelo lado dos desenvolvedores, a opção viável que tinham era a mensalidade.

De toda forma, este modelo, agora que foi anunciado, já deve estar afastando muitos players que ficaram insatisfeitos e agora decidiram abandonar de vez. Pax Dei está fadado a ser um jogo cult, sem grandes multidões, mantido por uma comunidade pequena, mas fiel. E talvez seja isso que os desenvolvedores visaram desde o início. Veremos, porém, se essa comunidade será mesmo suficiente para manter o jogo por anos a fio.

(23,07,2025)

Palavras-chave:

Mainframe Industries

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