O gênero de ação costuma ter protagonistas que subvertem a verossimilhança em termos de resistência humana, pois mesmo quando não se trata de um filme de super-herói propriamente dito, os brucutus parecem ter algo de sobre-humano, sendo duros de matar.
No caso de Sisu (2022), convenhamos que esta capacidade passa dos limites e chega ao ponto do exagero e da caricatura, mas a verdade é que a verossimilhança pouco importa. Toda a mentirada do filme é muito divertida e o protagonista acaba se tornando um autêntico badass.
Aatami Korpi (Jorma Tommila) já é um idoso, um velho soldado aposentado que tenta viver abaixo do radar como minerador. Ele é presenteado pela sorte ao encontrar um filão de ouro, mas ao mesmo tempo tem o azar de cruzar caminho com uma tropa nazista que estava em retirada na Finlândia, durante a derrota na Segunda Guerra.
Agora, para preservar sua vida e seu ouro, o velho vai travar a guerra de um homem só, usando facas, sua picareta de mineração e o que mais encontrar pelo caminho.
O cara simplesmente não morre. Ao longo do filme ele fica só o bagaço da laranja, pois leva muito tiro, explodiu uma mina quando estava em cima do cavalo, misteriosamente sobrevive após passar a noite pendurado em uma forca e com ajuda milagrosa do roteiro, sobrevive à queda de um avião.
Sisu é uma palavra peculiar da língua finlandesa que pode ser algo como um berserk ou alguém com uma determinação implacável a ponto de resistir à morte ou a quaisquer obstáculos. Bem, o protagonista faz jus ao nome do filme.
Definitivamente não é um filme para ser levado a sério. Aproxima-se do chamado spaghetti western e tem até alguns raros momentos de humor, como no final, quando ele entra no banco, todo melequento e lascado, esparrama as pedras de ouro no balcão e pede pra trocar por notas altas "So the load won't be so damn heavy to carry".
Enfim, é pra desligar a suspensão de descrença e curtir. Inclusive acho que Korpi merece ser eternizado na galeria de brucutus do cinema e quem sabe até virar um personagem jogável no Broforce.
(11,07,2024)
Palavras-chave:
Jalmari Helander, John Wick, Jorma Tommila, Lionsgate, Stage 6 Films, Sony
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