Neollogia
Cogitações e quejandas quimeras 🧙‍♂️
.・゜゜・Omnia Mutantur ・゜゜・.

Habemus Throne and Liberty

Throne and Liberty

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Throne and Liberty está no meu radar desde o primeiro trailer lançado no começo de 2023. Acompanhei cada notícia, assisti a gameplay do beta fechado, me empolguei quando foi lançado na Coréia e não embarquei no trem das críticas que o jogo recebeu no início. 

Em poucos meses o jogo se redimiu e aprimorou-se, o que foi mais um sinal de que o projeto é fruto de uma equipe preparada e dedicada, que estuda o feedback da comunidade e faz as mudanças necessárias. Ao longo dos meses, lançam updates semanais religiosamente e a fim de adaptar o jogo para o mercado global fizeram uma parceria com a Amazon e estão adotando várias mudanças no sistema de monetização, deixando muito mais ao gosto do ocidente.

O jogo está prontíssimo, polido, cheio de conteúdo tanto PvP quanto PvE. E sei disso só pelo que tenho observado, pois eu não quis jogar no servidor coreano (é preciso fazer umas gambiarras, tipo comprar conta de terceiros) e preferi esperar todos estes meses, mas acompanhei atento aqueles que jogam, vendo as lives, gameplays, notícias. Dá pra ver, mesmo de longe, que o jogo está ótimo.

Sem contar que joguei o beta fechado, mas como havia um acordo de confidencialidade, prefiro não entrar em detalhes, mas posso seguramente dizer que gostei muito do que vi e das horas que passei jogando.

Eis que agora, dia 18 de julho, teremos o beta aberto, a reta final antes do lançamento em setembro. Certamente estarei lá jogando.

Como estou reupando os posts do meu antigo blog, resolvi agrupar tudo o que postei sobre Throne and Liberty ao longo dos meses, montando aqui esta compilação que ninguém precisa ler, obviamente, mas deixo aqui registrado. É mais um diário, um acompanhamento da minha expectativa, afinal espero que este jogo me divirta por alguns anos. Quem sabe até seja meu novo Runescape, um "jogo para a vida".

Eis então o compilado de posts, enquanto me preparo para o lançamento do último beta:

(17,07,2024)

Throne and Liberty, o verdadeiro WoW killer

Throne and Liberty

Aos poucos novidades estão surgindo sobre Throne and Liberty e há uma chance deste novo MMO ser lançado ainda em 2023. É mais um grande concorrente na corrida de MMOs que vem sendo travada nestes anos. Este gênero de jogo está renascendo com força.

No boom da internet, no final dos anos 90 e início dos anos 2000, os MMOs se tornaram bastante populares como opção de jogos online. Foi a era de ouro de Tibia, Runescape, WoW, Lineage e tantos outros. Então vieram os MOBAs e jogos de tiro que tomaram a liderança. Hoje em dia tem muito mais players jogando LoL, DOTA, Fortnite e Valorant do que a soma de todos os MMOs.

De fato, é improvável que os MMOs consigam retomar a dominância que tinham no passado. É um gênero para gostos muito específicos e agora já existem tantas opções no mundo dos games, para tantos gostos e estilos de vida, que somente os aficionados pelo gênero vão preferir jogar um MMO a qualquer outra coisa.

Isto não quer dizer que será um nicho pequeno. Ora, o New World no mês de lançamento estava alcançando 1 milhão de players simultâneos e olha que a Amazon nem fez um marketing muito forte. Existe um grande público interessado neste tipo de jogo e as desenvolvedoras já farejaram isto, tanto que estão apostando no negócio. Temos aí Ashes of Creation, Dune, Pax Dei, Throne and Liberty e alguns outros projetos em andamento e que devem vir à luz até 2025.

Throne and Liberty é um herdeiro direto de um dos MMOs clássicos, o Lineage, tanto que o projeto originalmente se chamava Lineage Eternal. É um dos MMOs mais promissores e que pode ter sucesso onde o New World falhou.

Nesta nova leva de MMOs, o New World foi o boi de piranha. Foi lançado prematuramente (uma piada frequente na comunidade é dizer que "ainda estamos no beta"), incomodando os players com a frequente aparição de bugs e uma limitação no conteúdo. No primeiro ano, a aparência dos mobs era bem limitada. Por onde quer que você andasse, veria sempre as mesmas sprites de zumbi, pirata, fantasma ou demônio. Com o tempo foram diversificando mais, só que ainda hoje o jogo causa esta impressão nos iniciantes. As dungeons também são poucas e, para resolver este problema, implantaram um sistema de 10 mutações para cada dungeon, de modo que você pode que refazer a mesma área de novo e de novo, mas convenhamos, é entediante.

Os problemas mais sérios do New World (duplicação de itens, trancamento do mercado por dias para resolver bugs, desbalanceamento do combate) foram afastando a maioria dos players, de modo que aquele 1 milhão inicial foi reduzido a 15 mil. Quando muito, este número dobra para 30 mil em épocas de eventos e atualizações, quando uma galera retorna para conferir as novidades e depois entra em um novo hiato.

A dura verdade é que New World está "queimado" no mercado. Não que seja um jogo ruim. Ele tem muita coisa boa. Já cansei de comentar sobre as características do jogo em diversos posts. De toda forma, o New World vai parecer apenas um petisco comparado aos próximos MMOs.

Throne and Liberty

Throne and Liberty já nasce com uma bagagem do passado: sua ligação com Lineage. Isto já garante o retorno de um público adulto movido pelo fator nostalgia. Com certeza antigos jogadores de Lineage vão querer voltar para conferir este novo jogo. 

O mercado asiático sempre manteve viva a chama dos MMOs e vai abraçar o TL com vontade. O New World não conseguiu alcançar muito bem a Ásia, enquanto o TL, começando pela Ásia, vai expandir-se para o Ocidente, inclusive sendo distribuído por aqui pela Amazon. De certa forma, será a redenção da Amazon.

A verdade é que o negócio da Amazon sempre foi distribuir e não criar. Seu studio de games, a AGS, até hoje não teve um grande sucesso, já descontinuou projetos em poucos anos ou meses de lançamento e fez o melhor que pôde no New World, mas não está à altura de studios maduros nesta área, como a NCSoft que tem no currículo nada menos que Lineage (1998), Guild Wars (2005), Aion (2008), Guild Wars 2 (2012) e agora o Throne and Liberty. São décadas de experiência e sucesso acumulados. Com o Throne and Liberty, a NCSoft vai mostrar como se faz um bom MMO.

Pelo que já veio a público, uma coisa é certa, TL está lindo. Atualizado com Unreal Engine 5, ele terá uma qualidade gráfica bastante atual, top de linha. O criador de personagens é belíssimo, cheio de detalhes na personalização. Ora, levando em conta que MMO tem muito a ver com a cultura do char loving, é importante haver um bom criador de personagens, algo que o New World peca bastante. Você deve se apegar ao seu bonequinho, deve gostar da aparência dele e criar algo único e estiloso. O TL vai proporcionar isso.

O combate e sistema de classes curiosamente tem semelhanças com o New World, pois as classes serão baseadas na arma que você equipa, podendo usar duas armas por vez, cada qual com um conjunto de skills. Pois é, bem parecido mesmo com o New World, mas com a diferença que o alvo será tipo lock target.

Este detalhe vai dividir bastante as opiniões. Por um lado eu gosto muito do free aim do New World. É como em um FPS, você atira onde mira, os bichos tomam mais dano de headshot, o player é recompensado por ter uma mira boa (ou por usar aimbot). Você tem mais liberdade para brincar com os disparos, já que pode atirar livremente no cenário. Só que, para um MMO, isto pode ser cansativo. Uma vez que você tem que ficar matando bichos e mais bichos, em certo momento cansa ter que mirar certinho a cada tiro. Por isso tradicionalmente os MMOs costumam preferir o lock target, pois é um sistema mais confortável para o grind.

Throne and Liberty

O PvP é mais emocionante com o free aim, pois exige mais habilidade e você se sente mais badass quando acerta os inimigos sem qualquer ajuda de lock target. Não à toa o que ainda mantém o New World vivo são os outposts, onde a galera brinca de guerra PvP. Quem curte um PvP assim estilo FPS, com mira livre, não vai se interessar pelo Throne and Liberty. Muito provavelmente, porém, esta é uma minoria na comunidade de jogadores interessados em MMO. A maioria vai gostar do lock target.

O sistema de classe livre me agrada. Era algo que comecei a gostar no Runescape e que curti no New World. Neste caso, vou preferir esse sistema que será adotado no Throne and Liberty do que o Ashes of Creation, por exemplo, que será baseado em classes fixas, seguindo um estilo mais tradicional de RPG.

Eu ainda jogo New World, já não tanto como antes, mas cada vez mais sinto que está chegando o momento de virar essa página. Aliás, tenho impressão que até a Amazon quer virar esta página. Não que vá encerrar o New World, mas vai manter o jogo em modo de economia, voltado para o nichadíssimo público de 15-30 mil players. 

Afinal, outro grande projeto vem aí e dessa vez não saído da imatura forja da AGS. Assim como aconteceu com o Lost Ark, a Amazon mais uma vez vai apenas distribuir, e não desenvolver, um MMO. É o que ela sabe fazer melhor. Este casamento entre a NCSoft e a Amazon vai resultar na renascença do gênero MMO aqui no Ocidente, tendo como seu carro-chefe o Throne and Liberty.

Mal posso esperar para criar meu mago, com túnica, livro mágico, cajado e chapéu pontudo.

(13,04,2023)

Throne and Liberty nas palavras de seu fundador

Em um vídeo recente da NCSoft, o fundador e diretor da empresa, Kim Taek-Jin, fez uma apresentação do jogo e uma interessante reflexão ao dizer: 

"Não há um jeito certo de jogar um MMORPG. Mesmo que o ponto de partida seja o mesmo para todos, alguns começam sua jornada simplesmente explorando; outros criam guildas e times, esforçando-se para serem os melhores; alguns coletam fortunas para ter aquilo que desejam e outros simplesmente curtem brincar com outros jogadores.

Neste mundo você pode criar suas próprias histórias lendárias. Esta liberdade sem fronteiras é o que eu amo em MMORPGs e o mundo de TL oferece justamente isto. 

"Throne", do título, simboliza a comunidade de batalha, com competições e combate. A palavra "Liberty" simboliza a liberdade para buscar suas próprias aventuras no vasto mundo do jogo. E finalmente, a palavra conectiva "and" evoca à mente um lugar de unidade, onde os divisivos muros das nacionalidades e gerações são insignificantes.

TL, Throne and Liberty foi feito para todos, com o lema "Um por Todos, Todos por Um" em mente."

Achei curioso ele desenvolver uma verdadeira exegese em cima do título do jogo, o que dá uma profundidade, uma visão para o projeto. Basicamente, ele quis dizer que TL será um MMO eclético, com espaço tanto para PvP quanto PvE, para a realização de missões, guerras, atividades solo ou em grupo.

O fato de não haver um sistema fixo de classes faz parte desta liberdade. Você não fica preso a uma carreira de tank, healer ou dano pelo resto da vida de seu personagem. A qualquer momento você pode mudar a build. 

Em oposição a esta filosofia eclética do TL, temos o Ashes of Creation, cujo fundador Steven Sharif sempre faz questão de dizer que "não é um jogo para qualquer um". Ashes tem um estilo bem mais rígido, com classes fixas, provavelmente mais voltado ao PvP do que o TL e até o modelo de negócios é diferente, pois Ashes será baseado em mensalidade, enquanto TL será gratuito com uma lojinha interna.

Desta forma, há uma tendência destes dois MMOs filtrarem seu público, atraindo players com diferentes interesses. O TL, porém, tem potencial para ser mais abrangente e popular, enquanto Ashes deve ser mais nichado.

(13,04,2023)

Throne and Liberty está cada vez mais perto

Throne and Liberty

Já é certeza que Throne and Liberty será lançado este ano e aos pouquinhos estão surgindo mais informações sobre o jogo.

Quem jogou o alfa confirma que o mapa é enorme e contínuo, sem loading screens. Os biomas se transformam de acordo com o tempo ingame, de modo que os mobs variam conforme seja dia ou noite.

Como é de se esperar de um MMO coreano, a criação de personagens é muito satisfatória e sem as frescuras moralistas que estão cada vez mais comuns em jogos ocidentais. Ou seja, se você quiser criar uma personagem peituda, você pode. Só não existe nudez completa nos outfits. 

Já vimos em alguns trailers oficiais uma breve amostra do criador de personagens e é bem evidente como ele supera o New World, afinal conta com os recursos da Unreal Engine 5. Os bonecos são bonitos, com uma boa variedade de customizações, bem diferente daqueles humanos toscos e todos parecidos do NW.

Throne and Liberty

O combate lembra bastante o New World, pois não existem classes e sim habilidades baseadas nas armas que você equipa, podendo fazer o swap entre duas armas durante o combate. Também como no New World, as armas sobem de level com o uso, liberando mais habilidades.

As semelhanças com NW, porém, param por aqui, pois o TL vai muito além e mesmo na fase alfa em 2022 o jogo já mostrava muito mais features do que o NW. Por exemplo, você pode ter pets e eles têm habilidades próprias, como a capacidade de curar. A locomoção conta com um sistema de morph, de modo que seu personagem assume a forma de diferentes animais.

Ao nadar, você se transforma em um animal marinho. Não existe voo propriamente dito, mas você pode planar ao saltar de certa altura, transformando-se em uma ave. Isto suaviza a queda e também ajuda na locomoção e acesso a certas áreas. Em vídeos vazados vemos que é possível virar um lobo e até um siri. 

Parece que os mobs vão ignorar players que estiverem com a mesma forma deles, assim, se você quer minerar uma rocha perto de lobos, pode se transformar em lobo, de modo que irá farmar sem precisar engajar-se em combate. Isto é ótimo para players que gostam mais de se dedicar a coleta.

Sobre a locomoção, também existe uma mecânica de grappling hook, de modo que é possível escalar montanhas. Este é o tipo de feature que eu sempre quis no New World, pois é frustrante se deparar com certas montanhas que não têm degraus e é preciso dar a volta para conseguir subir.

Haverá auto combate, mas com certas limitações, de modo que o personagem não terá o mesmo desempenho em combate que teria com o player no controle. Mesmo assim, tal recurso tem recebido críticas de jogadores ocidentais, pois não são tão simpáticos ao auto combate quanto os asiáticos, temendo que seja explorado por bots.

Como joguei Runescape por muitos anos, estou acostumado com o conceito de auto combate e de fato era algo que ajudava bastante em certas tarefas, como as missões de extermínio em que é preciso matar um monte de bichos. Você solta o personagem em um spawn de mobs e deixa ele lá grindando, enquanto você pode se ocupar em outra coisa e ficar só monitorando.

Jogadores muito hardcore detestam isto e acham que todo o grind do jogo deve ocupar a total atenção do player. Tenho uma mentalidade mais casual. Não gosto de bots, inclusive nunca usei, mais por uma questão de segurança, já que não confio em instalar estes programas no PC, mas se o próprio jogo tiver algumas features de automação de tarefas, acho ótimo.

Throne and Liberty

Outra crítica frequente de jogadores é quanto ao modelo de monetização. Jogadores ocidentais parece que têm uma visão mais tradicional quanto a isto. Querem pagar pelo jogo uma vez apenas, ou até mesmo uma assinatura, seja do próprio jogo ou de uma plataforma como o GamePass. Há uma questão filosófica, pois entendem que o pagamento iguala todos os jogadores, já que é a única regra para alguém ter acesso ao conteúdo do jogo.

Então veem com desconfiança jogos gratuitos, pois obviamente estes jogos precisam encontrar um meio de se manter e aí entram os passes de batalha e microtransações que podem trazer algum tipo de vantagem ao jogador, logo, se tornando pay-to-win. É curioso que há players que estão dispostos a pagar até 100 dólares em um jogo, mas, ao jogar um jogo free, reclamam caso haja algum conteúdo extra que custe 5-10 dólares. 

Este tipo de preocupação incomoda mais jogadores competitivos, pois temem ficar pra trás no PvP e na busca pelo meta caso não invistam dinheiro. Quanto a mim, a competição é algo que pouco importa, pois sou um jogador de PvE, gosto de explorar o mapa, fazer missões, curtir a imersão naquele mundo e não tenho satisfação em ficar duelando com outros players. De certa forma jogo MMOs quase como um singleplayer, mas gosto de certos aspectos multiplayer.

Sendo assim, por tudo o que vi até agora, me parece que Throne and Liberty será bem satisfatório e mal posso esperar pelo lançamento.

(20,05,2023)

Throne and Liberty, o MMO para boomers

Throne and Liberty

Throne and Liberty agora está na fase beta fechado e aparentemente a NCSoft não se importa que gameplays sejam transmitidas na internet, pois alguns streamers estão fazendo isto e finalmente podemos ter uma primeira impressão do jogo.

Visualmente o jogo está decente, principalmente na resolução máxima. Ele é feito em Unreal Engine 4, o que pode ficar datado em alguns anos, mas no momento será o MMO com a melhor qualidade gráfica. Só deve ser superado futuramente, daqui a uns 2, 3 anos ou mais, com a vinda de jogos feitos em Unreal 5, como Ashes of Creation e Pax Dei.

Ele parece já estar bem acabado, com uma grande variedade de features, missões, crafting e até um passe de batalha. Nos streamings que assisti, não observei nenhum problema sério de lag ou bugs (eu diria que parece muito mais polido do que o New World depois do lançamento, quando a cada esquina a gente encontrava um bug e travamentos). 

O progresso parece um pouco lento e exigir muito farming, de modo que ainda nenhum streamer está mostrando conteúdo endgame e nem poderá, já que o beta tem um limite de conteúdo. Mesmo assim, temos a impressão de que há muito conteúdo, um mapa enorme e um longo caminho a percorrer rumo ao endgame. É o que se espera de um MMO.

A parte problemática é uma só: as atividades automáticas. Não que isto não exista em outros MMOs. Todos têm automação em algum nível ou de forma discreta. Acontece que o TL assume sem medo a automação como uma feature bem conspícua. Literalmente vemos os players repetidamente matando bichos pelo mapa, mas eles estão AFK. O jogo simplesmente te oferece um bot para farmar.

Os MMOS têm uma eterna luta contra bots. Alguns deles até desistiram de tentar lidar com este problema. Por mais que existam sistemas anti-cheat, é praticamente impossível impedir totalmente o uso de bots. No New World inclusive eles têm infestado os locais de coleta, minerando, cortando lenha e até pescando.

Logo, o Throne and Liberty parece ter encontrado uma curiosa solução para um possível problema: em vez de tentar barrar os bots, ofereceu aos players um bot oficial, como uma feature. Quem vai querer usar programas de terceiros, arriscando pegar algum vírus ou ser banido, se o próprio jogo te dá um bot para farmar?

Tal recurso tem virado objeto de críticas e chacota da comunidade gamer, mas aos poucos este conceito está começando a fazer sentido. Convenhamos, a NCSoft, uma empresa bilionária, não passaria uma década projetando este jogo sem saber o que está fazendo. A maneira como ele funciona visa um tipo de público. Alguns estão dizendo que é um "MMO para boomers".

Muitos MMOs estão surgindo e não existe uma corrida linear pela dominância, por mais que a torcida pense que é assim. O que acontece é que estão se formando nichos. Tem MMO pra todo gosto e o que agrada um tipo de player pode não agradar a outro. 

Sempre foi assim. Se compararmos os clássicos como Tibia, Runescape, Wow, Lineage, etc, veremos que eles são muito diferentes e atraem nichos diferentes. O mesmo acontece com os jogos mais recentes. New World e Lost Ark, por exemplo.

Throne and Liberty claramente parece visar um certo tipo de jogador, aquele mais casual ou mais ocupado, que não pode e nem quer ficar horas e horas na frente do PC farmando como um tryhard. Este é o perfil de muitos jogadores adultos, acima dos 30 anos, eu diria, que querem ter a diversão e até a nostalgia de voltar a jogar um MMO, mas não querem mais gastar tanto tempo com o farming como fariam na juventude. Para estes, a automação de tarefas é uma mão na roda.

À primeira vista pode parecer meio feio e até ridículo deixar seu boneco matando bichos controlado por uma IA enquanto você está na cozinha lavando os pratos, mas isto poupa tempo e tédio, de modo que, ao voltar para o controle do personagem, você pode ter um momento de diversão realizando outras tarefas como bossses, dungeons, PvP, etc. O bot não faz tudo no jogo, só faz o trabalho mais braçal.

Existem pessoas que levam um jogo muito a sério, que querem sentir o mérito do esforço, de ter se dedicado ao máximo. É o chamado tryhard. Por outro lado, o jogador casual tem como prioridade a diversão, dando menos importância à recompensa moral do mérito. Jogadores casuais não verão problema no auto-hunting.

O auto-hunting também pode agradar a quem joga MMO visando acima de tudo o PvP. Para ser bom em PvP, é preciso dedicar um tempo farmando, aprimorando os equipamentos, etc. Esta parte pode ser chata para quem só tem prazer no PvP, de modo que a automação do farming vai poupar o PvP player da chatice, deixando para ele só os momentos de diversão, quando estiver enfrentando outros players.

Além do autoplay online, existe também o autoplay offline. Pois é. Mas isto não é nenhuma novidade pra mim, pois há pelo menos uma década o Tibia já tem um treino offline que é claramente pay-to-win, já que só é disponível para membros premium. Quanto este recurso foi implementado gerou muita reclamação, mas hoje em dia já se normalizou.

Enfim, a automação veio pra ficar neste jogo e a NCSoft deve ter esta convicção de que TL é para determinados nichos. Quem não gosta deste sistema, simplesmente não será o público alvo e vai em busca de outros jogos. As críticas que a automação vem recebendo não vão mudar os planos da empresa.

(27,05,2023)

O rage coletivo contra Throne and Liberty

Throne and Liberty

New World é um MMO sandbox em que você escreve a sua própria história cheio de altos e baixos. Lembro que no open beta foi uma empolgação generalizada. Muitos streamers famosos experimentaram o jogo e pegaram gosto, até que vieram os primeiros problemas, os bugs, a duplicação de itens, a competição ficou avacalhada e a maioria pegou ranço, indo embora para sempre.

Com o passar dos meses uma galera foi retornando para conferir as novidades, ver se os problemas estavam resolvidos. Outros se tornaram jogadores sazonais, indo e vindo a cada evento. Enfim, o fato é que a reação da comunidade ao New World varia e envolve mixed feelings. No geral, a opinião comum é que o New World tem seus prós e contras.

Achei estranho então quando agora no closed beta do Throne and Liberty houve um súbito rage coletivo contra o jogo a ponto de quase não haver uma análise de prós e contras. Nos chats de streaming e no Reddit vimos uma repetição dos mesmos tipos de comentário: o combate é um lixo, o jogo é um lixo, tirem esse autoplay, parece jogo mobile, etc.

Será mesmo que estas críticas são pertinentes? Por exemplo, quanto a falar que parece um jogo mobile, é uma afirmação bem arbitrária, pois a UI do jogo nada tem de inferior à de qualquer outro MMO e o visual também tem bastante qualidade gráfica. Obviamente, para se usufruir do melhor visual que o jogo pode oferecer é preciso configurar os gráficos para o máximo, e muitos streamers do beta mantinham os gráficos no mínimo para ganhar desempenho. Qualquer MMO em seus gráficos mínimos vai ter uma qualidade de jogo mobile.

Alguns players honestos vêm publicando vídeos de gameplay com os gráficos em boa qualidade e é inegável que o jogo está belo e muito detalhista, tem um mapa imenso, um cenário vivo (quando chove, por exemplo, o nível da água dos rios sobe), muita coisa a explorar.

A polêmica feature do autohunt nem é tão polêmica assim em se tratando de MMOs. Throne and Liberty não inventou isto e também não é uma característica exclusiva de MMOs mobiles. O Lineage 2 já funciona assim há anos. No Tibia você pode treinar seu personagem offline. Somente membros premium têm acesso a esta feature, que é obviamente pay to win, mas já é algo normalizado na comunidade do Tibia.

No Runescape existem muitas tarefas que podem ser feitas de forma semiautomática e os players estão acostumados há anos a jogar assim. Na pesca, por exemplo, você só precisa clicar no spot de peixes uma vez, então o boneco vai ficar pescando e só para quando sua bolsa estiver cheia ou quando o spot esgotar. Assim, você pode deixar o boneco pescando por alguns minutos, uns 5 minutos talvez, ou mais, e pode ficar AFK enquanto isto. Ou seja, você mais gerencia o personagem, dando comandos que ele realiza de forma automática, do que propriamente performa cada pequeno movimento dele.

No New World temos o exemplo oposto. Na pesca, é impossível ficar AFK, pois a mecânica funciona como um combate contra o peixe. Você deve ficar puxando o peixe, tomando cuidado para não arrebentar a linha. E assim deve ir pegando peixes um por um, cada peixe exigindo muita atenção e interação com o mouse. Enquanto você pega um peixe no New World, no Runescape o boneco pega uns cinco de forma automática.

No combate, o boneco no Runescape é capaz de revidar a um ataque. Desta forma, se você o deixar em uma área com mobs e eles atacarem, o boneco passa a atacar de volta, de modo que acaba acontecendo um autocombate que não necessita da interação do player. Isto é muito usado por exemplo para cumprir as tarefas de extermínio, quando você tem a missão de matar dezenas de bichos. Você pode ficar matando manualmente, ou simplesmente deixar o boneco na área dos bichos e o combate vai acontecer de forma automática. 

Isto poupa o player de passar tédio caso ele não goste de ficar repetindo tarefas. Assim temos uma jogabilidade baseada em gerenciamento, que consiste em você dar comandos de tempos em tempos e o boneco vai realizar estas tarefas por conta própria. O gerenciamento permite que o jogador possa se dar ao luxo de ficar AFK por algum tempo, mas não totalmente AFK.

No Throne and Liberty não é tão diferente. Você tem a opção de fazer tarefas automáticas, mas não pode simplesmente deixar o computador ligado e ir dormir, pois eventualmente o boneco vai precisar da sua atenção. Por exemplo, há eventos no mapa em que uma área se torna PvP. Se seu boneco estiver caçando e a área ficar PvP, ele facilmente será morto por players, pois a IA não é programada para fugir ou ter um combate à altura contra humanos.

Os jogadores têm tratado este assunto como se o autoplay fosse um fenômeno esdrúxulo no mundo dos MMOs, o que apenas revela a falta de familiaridade deles com esta alternativa. Existem muitos MMOs, para todos os gostos, alguns exigem muito mais interação dos players, outros têm ferramentas de automação. No fim das contas, trata-se de uma questão de gosto.

O que parece que aconteceu foi um fenômeno de contágio social que começou a partir da opinião de alguns streamers. No mundo dos games, os streamers são os seus influencers e esta palavra é bem pertinente, pois a opinião pessoal de um streamer famoso influencia a do seu público.

Se por exemplo o Asmongold não gosta de um jogo e passa a debochar dele, seu público naturalmente vai comprar a opinião. Asmongold é considerado um cara descolado, cool, de modo que concordar com ele é estar do lado dos caras maneiros da nerdosfera. Somos tentados a pensar: se ele viu brevemente Throne and Liberty e não gostou, é porque o jogo deve ser ruim mesmo.

Também existe uma influência que enfeitiça os próprios streamers, a influência do engajamento. Isto acontece mais ainda em streamers que estão começando, que precisam crescer. Ora, o cara faz uma live criticando o jogo, indo na onda do hate, e vê que isto chama atenção, atrai audiência, gera conversas no chat. Ele é recompensado com números ao aderir ao fenômeno coletivo, ao hate do momento. Assim cada vez mais a opinião de que o jogo é ruim vai se tornando unânime.

Outro alvo de críticas foi o combate, por ter uma combinação de tab target e um aspecto mais estático. Novamente comparando com o New World: no New World o combate é muito dinâmico, pois você precisa acertar o alvo a cada clique, precisa correr, usar muito dash e rolamento justamente para fazer com que seu oponente erre o alvo. Estas mecânicas são inúteis em um combate com tab target, pois de nada adianta dar dash e rolar se o alvo está travado em você.

Naturalmente, este tipo de combate será mais parado. É um formato antigo sim, presente em MMOs antigos, como os já citados Lineage e Runescape. Quem jogou MMOs assim não estranha o conceito. O fato é que o action combat, que tem muito mais movimentação e é bem mais dinânico, é visualmente mais atraente, mais empolgante. Isto não significa que o modelo clássico esteja condenado. É uma questão de gosto e de nicho.

No fim das contas, o Throne and Liberty será um MMO de nicho, pois nem Jesus agradou a todos. O rage coletivo não faz sentido porque tratou toda a questão do jogo como se ele fosse um erro, como se autoplay ou o tipo de combate fossem um defeito de design, quando na verdade são apenas estilos de jogo que uns podem gostar e outros não. 

A boa notícia é que hoje em dia tem MMO para todo gosto e futuramente vai ter mais ainda. O Ashes of Creation, por exemplo, parece que vai ter um estilo bem diferente do Throne and Liberty, de modo que cabe a cada jogador se aproximar daquilo que o agrada. A despeito do rage do momento, o TL vai sim ter um público interessado e é a este público que o jogo deve buscar satisfazer.

(02,06,2023)

Throne and Liberty, primeiras impressões

Throne and Liberty

Venho acompanhando Throne and Liberty há vários meses e desde o início eu acreditei no potencial do jogo. Durante o beta houve uma onda de rage coletivo por causa de algumas features e falhas, mas não embarquei neste trem e segui acreditando. Então eles consertaram o jogo e agora, no dia 7 de Dezembro, houve o lançamento, porém apenas na Coréia.

Felizmente vivemos na era do streaming, de modo que tenho acompanhado as gameplays, enquanto aguardo ansiosamente pelo lançamento mundial veiculado pela Amazon. Com base no que assisti até agora, já posso formular minhas primeiras impressões.

Acima de tudo, o jogo é lindo, a construção do cenário é formidável. Existem torres altíssimas e que você pode explorar, bem como construções nas profundezas das dungeons, uma maravilha de arquitetura. Esta arquitetura não parece genérica e preguiçosa. Os designers realmente dedicaram tempo para montar cada parte do cenário, cada pedrinha, piso e textura passa a impressão de um mundo verossímil e peculiar, e não algo que foi feito com um copia e cola de partes, como acontece no mapa do New World em que em diversas partes do mundo temos a sensação de estas explorando cenários repetidos.

Falando em comparações com New World, já no comecinho do jogo, na criação de personagens, fica clara a diferença. O criador de personagens do New World é limitadíssimo e é estranho que os personagens são quase todos feios, as roupas são pouco interessantes, até mesmo as skins vendidas na loja não parecem muito atraentes. 

O mundo do New World é belo, principalmente as partes com selva densa, a região de terra indócil cheia de cores, todavia, os personagens são feios, uma grande falha em um MMO, uma vez que MMO é o tipo de jogo em que cultivamos muito o char loving, o gostar de seu bonequinho, de enfeitá-lo com skins, etc.

Já o Throne and Liberty oferece um criador de personagens bem mais complexo, com muitas opções de customização e com personagens bonitos, agradáveis de se ver. As roupas e armaduras, as skins em geral são belas, sem contar que também existe toda uma variedade de pets e montarias (sendo que você se transforma na montaria) igualmente customizáveis.

Sobre o mundo, não perde em nada para o New World em termos de beleza, superando no quesito arquitetura. A natureza, pelo que vi até agora, se mostra menos densa, mas talvez porque ainda não vi algum streamer explorar áreas com florestas, algo que provavelmente deve existir. O cenário tem certos detalhes que funcionam como "pontos turísticos", como a baleia voadora. O mais fascinante é que esta baleia não está ali só de enfeite, pois você pode subir nela e viajar pelo mapa.

Algo que me pareceu mais escasso foi a coleta. No New World, tudo é coletável. Andando pelo mapa, você pode pegar batatas em plantações, milho em milharais, tem até bananeiras coletáveis, cactos, arbustos de frutas, cogumelos, flores, algumas que até servem como ingrediente para tinturas. Por toda parte você pode minerar rochas e minérios, cortar qualquer árvore em seu caminho, esfolar qualquer animal, pescar em água doce ou salgada. Dá pra pescar até mesmo no córrego que passa dentro de algumas cidades.

O TL, por sua vez, não tem pesca, mas creio que devem implementar no futuro. A coleta é mais escassa. Você não pode sair derrubando as árvores. Existem certos tipos bem específicos de árvore ou minério que você pode coletar pelo mapa. O New World tem belas ervas, flores e fungos espalhados pelo cenário e que podem ser coletados. O TL perde neste quesito. Mesmo assim, no geral, o mundo do TL se mostra bem mais belo e diversificado que o do NW.

É difícil ter uma opinião sobre a gameplay apenas assistindo, pois é algo que é preciso sentir por experiência própria. De toda forma, tenho impressão que vou gostar, principalmente pelo fato de haver uma liberdade no uso de armas e no sistema de classe livre, assim como no New World e no Runescape.

Esta liberdade tem certas limitações no New World, como a distribuição dos atributos. Pelo que entendi do TL, as armas não estão necessariamente atreladas a atributos, de modo que você pode construir uma build com um pouquinho de cada atributo, de acordo com as vantagens que cada um oferece. 

No NW, você está muito preso aos atributos. Um healer, por exemplo, necessariamente precisa investir no atributo de foco para poder usar um cajado de cura com eficiência. Não tem como você ser ao mesmo tempo DPS e healer, porque ou você investe muitos pontos em foco, ou investe em um atributo de ataque, como força ou inteligência. 

Eu sou mago DPS, de modo que minha maior pontuação é em inteligência para que eu tenha dano com as armas mágicas, mas às vezes em rotas com grupos de players eu equipo na mão secundária um cajado de cura só pra ajudar na sobrevivência do time. Acontece que minha cura se torna ridícula, uma vez que eu não tenho pontos disponíveis para aumentar o atributo de foco. Ou você é DPS, ou é healer, não dá pra ser meio a meio porque você vai ser ruim nas duas funções.

Já no TL parece ser possível equipar uma arma de dano e uma secundária de cura sem que se torne medíocre no desempenho de ambas. Parece que também não é necessário ficar resetando os atributos toda vez que for equipar uma build diferente, como acontece no NW. Isso sim é liberdade.

O TL possui muitos eventos acontecendo pelo mapa. Tem dungeons, bosses, eventos PvP, eventos solo e que podem ser feitos em guildas. Neste aspecto parece superar bastante o NW que se resume em repetirmos as dungeons mutadas de novo e de novo, eventualmente participar de uma guerra ou invasão, para PvP tem a arena e posto avançado, que costumam demorar para montar os times. 

Os próprios players acabaram inventando uma atividade no NW que não é fruto de um evento devidamente planejado pelos desenvolvedores: a rota. Não existe nenhuma feature no jogo que estimule os players a se juntarem em grandes grupos para realizar uma tarefa. Ou melhor, não existia, até que implantaram algumas raids, como a do Devorador, porém são poucos eventos e que exigem muita preparação. 

Já a rota foi algo que surgiu espontaneamente na comunidade. Players começaram a se juntar pra sair correndo em áreas de elite do mapa abrindo baús e matando mobs que são impossíveis de solar. As rotas se tornaram tão comuns que os devs expandiram o sistema de party do limite de 5 membros para 20 membros.

Não sei ainda como funcionam os grupos e guildas no TL, mas sei que há muitas atividades possíveis em grupo. Como não há PvP de mundo aberto, quem curte PvP necessariamente vai ter de buscar uma guilda, pois o quebra pau será geralmente coletivo, quando houver eventos PvP pelo mapa. E acho que este é o jeito certo do PvP funcionar em um MMO. Deve ser uma atividade coletiva e restrita a certas áreas, pois isto evita que players fiquem incomodando aqueles que querem jogar solo e ficar de boa pelo mapa sem ninguém atrapalhando o que eles estão fazendo. 

PvP deve ser consensual. Existem players que vivem com o espírito do risco e do desafio e gostam de estar em um mundo onde o PvP é sempre uma opção. É o player que está sempre "procurando briga". Acontece que estes são uma minoria. A maioria dos players vai considerar o PvP aberto uma importunação. Tem players que gostam de PvP, mas em certos momentos e não a todo momento. O TL está no caminho certo quanto a isto.

Enfim, estas são as impressões que tive até o momento e já posso dizer que estou pronto para trocar o New World pelo Throne and Liberty. Agora só me resta curtir meus últimos dias no NW, enquanto o TL não chega por aqui.

(11,12,2023)

Throne and Liberty, retrospectiva e expectativa

Throne and Liberty

Venho acompanhando e escrevendo sobre o Throne and Liberty há certa de um ano. Este MMO, que acaba de ser lançado na Coréia e ainda terá um lançamento global pela Amazon, me chamou atenção desde o primeiro trailer.

Se somar minhas horas de jogo de MMOs, na certa deve superar todos os outros jogos juntos. Lembro que lá por volta de 2008 eu conheci o Tibia, depois o mundo dos OT servers, depois em 2010 veio o Runescape que se tornou meu main game por alguns anos, enquanto vez ou outra eu experimentava outros jogos no saudoso Baixaki ou joguinhos em Flash¹ que eram bem famosos tempos atrás.

Em 2015 conheci a Steam e foi aí que realmente mergulhei no hábito de experimentar todo tipo de jogo (bom, geralmente os mais baratinhos e que meu humilde PC podia rodar), dando um tempo no mundo dos MMOs. Em termos de multiplayer, passei a me interessar mais por FPS como Team Fortress 2 e Paladins. 

Todavia, nunca abandonei completamente o Runescape. Ele se tornou aquele jogo de uma vida para o qual eu voltava ocasionalmente nem que fosse por uma semana, só pela nostalgia, aproveitando para dar uma avançada no progresso do personagem.

E segui assim por quase seis anos, até que em 2021 veio o New World, reacendendo minha paixão por MMO. New World atraiu cerca de um milhão de jogadores nos primeiros meses. Destes, uma parte era feita de pessoas que nunca jogaram MMO na vida, de modo que ficarão marcadas pelo New World como a primeira referência que terão deste gênero, enquanto outra parte era dos veteranos que foram pegos pelo sentimento de nostalgia e desejo de reviver a experiência de jogar um MMO, agora atualizado, com gráficos melhores.

Estes dias escrevi o post "New World, retrospectiva e perspectivas", revendo tudo o que já escrevi sobre o jogo desde 2021. Até então, tem sido o jogo para o qual mais dediquei posts aqui. Só que a esta altura já tenho por certo que meus dias de New World enquanto main game estão chegando ao fim. 2024 será o ano de Throne and Liberty, um novo MMO que, a meu ver, tem potencial para continuar quente, animando a comunidade com conteúdo novo sazonal por alguns anos. 

Para aqueles que ficaram decepcionados com a relação de amor e ódio envolvendo o New World, talvez o Throne and Liberty seja aquele novo amor que vai trazer a sensação de alívio e de "enfim encontrei um MMO de verdade". Não me entenda mal. Eu adoro o New World, mas é um MMO incompleto, feito por uma equipe e studio inexperientes. O Throne é da NCSoft, que está neste mundo dos MMOs literalmente há décadas.

Throne and Liberty ainda nem foi lançado aqui no Ocidente e já é o segundo jogo para o qual dediquei mais posts, depois do New World. Em abril de 2023 postei "Throne and Liberty, o verdadeiro WoW killer". Neste título já fica explícito como minhas expectativas eram altas. No mesmo mês postei "Throne and Liberty nas palavras de seu fundador", quando me chamou atenção a exegese que o Kim Taek-Jin fez em cima do nome do jogo.

Em maio de 2023 postei "Throne and Liberty está cada vez mais perto", ansioso pelo lançamento e comentando o que vi do jogo até então. No mesmo mês postei "Throne and Liberty, o MMO para boomers". Na época pensei isto por causa do sistema de autohunt que deveria agradar pessoas mais velhas e com pouco tempo para grindar. Depois eles acabaram removendo o autohunt por causa da enxurrada de críticas.

Comentei sobre estas críticas em junho, no post "O rage coletivo contra Throne and Liberty", quando o jogo, em sua fase beta, foi bombardeado por uma hate histérica por causa desse sistema de autohunt. Na época não embarquei nesse trem e continuei torcendo pelo jogo. Acabou que eles ouviram a  comunidade e removeram o sistema.

Em dezembro de 2023 após o lançamento oficial na Coréia, postei "Throne and Liberty, primeiras impressões", comentando o que vi até então nas gameplays de streamers. O jogo é belo, cheio de conteúdo e promissor.

Enfim, minha expectativa continua a mesma de quando conheci o jogo há um ano. Creio que, assim como aconteceu com o Runescape, este será o jogo de uma vida, que vai seguir me interessando por 3-5 anos, quem sabe até mais. 

(06,02,2024)

Throne and Liberty, o closed beta vem aí

Throne and Liberty

Faz cerca de um ano desde que tomei conhecimento do Throne and Liberty, quando vi os primeiros trailers e passei a acompanhar ansiosamente o progresso do jogo que enfim foi lançado em dezembro de 2023, mas apenas na Coréia. E assim continuo aguardando pelo lançamento global.

Eis que a espera está chegando ao fim. Hoje, dia 26 de março de 2024, foi anunciado o closed beta da Amazon, que obviamente deve ter o objetivo de fazer o teste de stress dos servidores para o lançamento global. No site oficial é informado que os testes serão feitos em servidores nas Américas do Norte e Sul, na Europa e Pacífico asiático.

O texto no jogo terá versões em inglês, espanhol, francês, alemão, japonês e, curiosamente, é informado que terá "português brasileiro". Muito justo, uma vez que o Brasil é o maior consumidor de MMOs em toda a comunidade de língua portuguesa. 

Até o momento, Throne and Liberty esteve disponível apenas para PC na Coréia, mas neste teste será disponibilizado também para Playstation 5 e Xbox Series X/S. Isto é um big deal, pois significa que o lançamento global será simultaneamente para PC e console, de modo que é de se esperar um público gigantesco. 

Quando foi lançado em 2021, apenas para PC, o New World chegou a bater 900 mil players diários. Creio que agora, com um lançamento multiplataforma, o Throne and Liberty poderá superar este número.

(26,03,2024)

Throne and Liberty mobile e o futuro da franquia

NCSotf earnings

A notícia que tem corrido na comunidade do Throne and Liberty estes dias é sobre um plano da NCSoft para lançar uma versão mobile do jogo.

Ao longo de uma década de desenvolvimento, este MMO tem sido uma metamorfose ambulante. Originalmente ele pretendia ser um Lineage 3, adotando o título Lineage Eternal. Este projeto foi descontinuado e passou a se chamar TL, que originalmente era sigla para The Lineage, mas que acabou se tornando Throne and Liberty, indicando que o propósito era iniciar uma nova IP sem conexão direta com Lineage, um novo mundo com sua própria história. Até mesmo a engine, que originalmente seria a mesma de Guild Wars 2, foi substituída pela Unreal Engine 4.

O Throne and Liberty enfim ficou pronto, mas foi inicialmente lançado apenas na Coréia, prometendo um lançamento global veiculado pela Amazon.

Até agora este lançamento não tem data anunciada e eis que vem esta notícia de que estão planejando uma versão mobile, o que gera uma série de especulações. O lançamento global agora só virá quando tiver a versão mobile? Haverá crossplay entre os players da versão PC/console e os da versão mobile? Serão dois jogos diferentes, cada qual com seus próprios servidores e ritmo de atualizações?

Naturalmente muitos players de PC ficaram incomodados com isto, pois, caso o TL seja relançado como um Frankenstein compatível com PC e mobile, isto pode implicar na queda da qualidade da experiência para PC, já que o jogo deve ser simplificado para se adaptar ao celular. Creio, todavia, que não é esta a ideia. A ideia mesmo é diversificar.

O gênero MMORPG teve seu reinado há 10-15 anos, mas muita coisa mudou com a era do smartphone, afinal a proporção de pessoas que têm um celular é obviamente muito maior do que as que têm um PC ou console. Qualquer joguinho indie para celular, como um Angry Birds, pode virar um sucesso fenomenal e fazer milhões, bilhões. Isto a um custo bem reduzido no desenvolvimento, já que são jogos simples.

Fazer um MMO requer muito tempo, até mesmo uma década inteira. É preciso uma equipe bastante capacitada, comprometida e cara. Muita coisa pode dar errado. O mundo aberto pode ser cheio de bugs; o servidor pode ter instabilidades; o banco de dados, que salva em tempo real tudo o que os players fazem e adquirem, pode ter problemas que vão fazer os players perderem itens e progresso. E, por fim, pode não ser fácil monetizar um jogo assim.

Se o jogo for vendido uma vez, será preciso encontrar de toda forma uma maneira de gerar renda para continuar mantendo o jogo por anos, pois MMO envolve um custo considerável em hospedagem nos servidores. Se for gratuito, pode atrair muita gente, mas será preciso um modelo de monetização bem convincente e ao mesmo tempo que não irrite os players com relação ao famoso "pay to win". 

Um modelo tradicional é o de mensalidade, o chamado premium. Temos o Tibia, Runescape e WoW como grandes exemplos. Aqueles que gostam muito do jogo e querem ter acesso a sua experiência completa pagam mês a mês uma assinatura. A vantagem é que este modelo garante uma certa previsibilidade na renda do jogo.

O Ashes of Creation tá vindo aí, em algum futuro, apostando neste modelo. Foi uma escolha ousada, pois hoje em dia o modelo de mensalidade já não é tão comum. O que faz sucesso agora é o jogo gratuito, mas com monetização por meio de passe de batalha, cosméticos, etc. É o que tem funcionado. 

O fato é que, independente do modelo escolhido, os MMOs hoje em dia não vão ter a mesma popularidade do gênero do momento que é o FPS. O que atrai milhões de players é o Counter Strike, Fortnite, Valorant, Free Fire, etc. 

Estes jogos não precisam de mapas enormes, nem de lore, NPCs, um cenário cheio de animais e monstros ou uma complexidade na gameplay. A grande massa de players nem curte isto. Querem apenas cair em um mapa pequeno e sair atirando uns nos outros.

MMO agora é um jogo bastante nichado e não tem como competir com os gigantes do FPS, mas desde que aceite a sua condição e se dedique a atrair players deste nicho, um MMO pode dar certo.

A NCSoft é uma das maiores desenvolvedoras de MMO do mundo. Está neste mercado há décadas e tem vários títulos como Lineage, AION, Guild Wars, etc. Eles têm o know-how neste ramo, mas com as mudanças do mercado estão precisando se adaptar. Por isto em 2017 lançaram uma versão mobile, o Lineage M, e em 2019 o Lineage 2M.

No último relatório financeiro da NCSoft, estes dois jogos mobile faturaram cerca de 670 bilhões de Wons em 2021, o que equivale a pouco mais de 2,5 bilhões de Reais! Por sua vez, os MMOs para PC somados (Lineage, Lineage 2, AION, Blade & Soul e Guild Wars 2) faturaram cerca de 230 bilhões.

Como a NCSoft não é boba e precisa sobreviver no concorrido mercado dos games, é óbvio que eles pretendem levar o Throne and Liberty também para mobile e provavelmente vão fazer mais dinheiro com isto do que na versão pra PC.

Mas palma, não priemos cânico, players de PC. Para a visão de negócio da NCSoft, não se trata de trocar um jogo pelo outro e sim diversificar, ramificar, colocar os ovos em várias cestas. E no fim das contas todos saem ganhando, pois se a NCSoft encher os bolsos, significa que pode continuar bancando seus projetos, continuar pagando os desenvolvedores para trabalhar em constantes atualizações.

Que façam muita grana com o TL mobile, pois isto também garante mais investimento no TL para PC. E que lancem logo esse bendito jogo.

(24,05,2024)

Notas:

1: O Flash foi um software da Adobe que fez muito sucesso na primeira década dos anos 2000. Era muito usado para fazer animações e também uns joguinhos simples que abundaram pela internet. Ainda hoje existem sites dedicados só a jogos feitos com esta tecnologia.

Palavras-chave:

Amazon, MMORPG, NCSoft, Throne and Liberty

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