Neollogia
Cogitações e quejandas quimeras 🧙‍♂️
.・゜゜・Omnia Mutantur ・゜゜・.

The Predator e Prey, dois caminhos diferentes para a franquia

The Predator (2018)

O Predador é uma franquia que já  acumulou uma coleção de filmes, games e até revistas em quadrinhos. Tudo começou no filme Predator, de 1987, estrelado pelo Arnold Schwarzenegger, seguido por Predator 2 (1990) e somente vinte anos depois veio o terceiro filme, Predators (2010). Além disso tivemos dois crossovers com ninguém menos que o Alien, em Alien vs Predator (2004) e Aliens vs Predator: Requiem (2007).

Em 2018, veio The Predator, que de certa forma completa uma trilogia com os dois primeiros, pois a história se passa entre os eventos de Predator 2 e Predators. Inclusive o Arnold Schwarzenegger foi cogitado para voltar como o Dutch, do primeiro filme, mas era apenas um breve cameo e o ator acabou recusando.

É um filme bem Sessão da Tarde, que não se leva a sério, com um humor estilo anos 90. Inclusive é um humor ousado e controverso nos dias de hoje, pois a trama gira em torno de uma criança autista e um Predador captura a criança porque, segundo a dedução de uma cientista, o autismo poderia ser o próximo estágio evolutivo (no caso, o autismo savant) e também tem um cara que faz piadas sobre "retardado". 

Este tipo de piada já era controversa em 2018 e depois de 2020 se tornou mais ainda, com o recrudescimento do sentimento de "pisar em ovos em tudo o que se fala" que tomou conta do mundo. De toda forma, caso não se leve o sarcasmo do filme tão a sério, certamente ele é divertido.

The Predator (2018)

Uma novidade bem legal é que temos dois predadores lutando entre si. O primeiro que aparece tem um tamanho humano e é uma espécie de rebelde em seu mundo e que é caçado por outro predador bem maior e mais forte, que facilmente o elimina e se torna a nova ameaça na trama.

Na direção e roteiro temos um time de veteranos do cinema de ação: Shane Black (Máquina Mortífera), Fred Dekker (Robocop 3) e Jim Thomas, que por sua vez foi ninguém menos que o roteirista do primeiro filme do Predador de 1987, bem como vários outros da franquia.

Prey (2018)

Prey (2022) veio com uma proposta diferente do costumeiro na franquia Predador. A história se passa na América em 1719, o que mostra que os predadores já vêm à Terra há um bom tempo. A direção deste filme é de Dan Trachtenberg, que não tem uma filmografia muito ampla, mas ficou conhecido por Rua Cloverfield, 10 (2016).

Ele participou do roteiro, junto com Patrick Aison (que também não tem uma grande filmografia) e Jim Thomas. Creio, porém, que Jim Thomas deve ter atuado mais como consultor do que roteirista em si e todo o conceito de Prey e sua trama deve ter ficado nas mãos de Dan Trachtenberg.

O problema de Prey está mais em pequenos detalhes que estragam a verossimilhança e nos enchem de perguntas, especialmente por ser um filme mais sério que The Predator e que portanto nos leva a exigir mais coerência no roteiro.

Entendemos que os personagens indígenas estão falando na língua comanche e os atores falam em inglês simplesmente para conveniência do público. Fica subentendido que quando falam em inglês estão falando em comanche. Só que em certos momentos a protagonista fala em comanche, como quando dá comandos ao cachorro. Isso quebra a regra do jogo. Ou deixa eles falando sempre em comanche e coloca legenda, ou sempre em inglês. 

Na verdade este era o propósito inicial do projeto, mas como um filme inteiro com personagens falando uma língua estranha não era algo que agradaria o público, resolveram deixar as falas em inglês mesmo, só que depois foi lançada também uma versão dublada inteiramente em comanche. Creio que é uma boa ideia oferecer as duas opções de dublagem. O esquisito foi colocar umas falas aleatórias em comanche na versão em que eles falavam geralmente em inglês.

Amber Midthunder in Prey (2022)

Outro detalhe bizarro é quando o europeu ensina a Naru a usar uma arma. Ele diz para colocar pólvora, nem muito nem pouco. Que tipo de instrução é essa? E ela por acaso sabia o que era pólvora? Como saber o que é a quantidade ideal se você nunca carregou uma arma antes?

Mas isto é o de menos. O mais anticlimático é a própria luta da Naru com o Predador, porque ao longo do filme já vimos demonstrações da força dele. Ele nocauteou um urso com um soco e o ergueu nos braços. Aí quando está lutando com a Naru ele também acerta um soco nela e ela cai intacta. Depois ele a agarra pelo pescoço e imobiliza no chão. Ali já era fim da linha. Ele certamente tinha força para estrangulá-la, mas em vez disto ficou tentando acertá-la com o escudo.

Aí vem a parte mais absurda, a famosa cena da extração de dente. A Naru simplesmente arrancou um dente do Predador com os dedos. A essa altura o roteirismo já estava no auge da apelação, dando súbitos superpoderes à garota.

Na cena pós crédito, vemos uma animação que faz um resumo da história e com um interessante detalhe no final, pois aparecem três naves alienígenas em meio à tribo. Ou seja, depois que o Predador foi morto, outros de sua espécie vieram à Terra e das duas uma: ou eles dizimaram a tribo e não sobrou ninguém pra contar a história, ou recolheram o cadáver do Predador e respeitaram a vitória da Naru, partindo sem retaliações, como aconteceu com o Danny Glover em Predador 2 (1990).

Enfim, The Predator e Prey oferecem dois caminhos diferentes para a franquia. The Predator é como um herdeiro direto da duologia original, respeitando seu legado, seu tom de aventura e uma dose de humor. 

No final de The Predator os humanos ganham praticamente de presente uma armadura deixada pelo predador rebelde, uma "caçadora de predadores". Isto deixa em aberto a possibilidade de uma continuação em que os humanos se tornam capazes de sair no mano a mano contra predadores, escalando o conflito para outro nível.

Prey tenta criar um novo estilo e fugir do gênero de ação com tiros e bombas, além de apostar na ideia de protagonista feminina badass. Inclusive o Dan Trachtenberg já tem um novo projeto no gatilho, uma sequência de Prey e que será protagonizada pela Elle Fanning. Convenhamos, é difícil imaginar a belíssima e angelical Elle Fanning numa cena de ação lutando contra um alien guerreiro, mas ela pode surpreender. 

O caminho proposto por Prey pode ser interessante para a franquia, mas se querem adotar este teor mais sério e sem a galhofa noventista, vão ter que caprichar no polimento do roteiro e evitar cenas como aquela da extração do dente.

(30,11,2024)

Palavras-chave:

20th Century Studios, Amber Midthunder, Arnold Schwarzenegger, Dan Trachtenberg, Fred Dekker, Jim Thomas, Patrick Aison, Shane Black

The Hunt, uma pérola do terror satírico

The Hunt (2020)

Eu nunca tinha ouvido falar deste filme, até que hoje entrei na Netflix e ele estava recomendado na página inicial. Pelo título genérico, achei que seria algo bem mequetrefe, mas só no fato da sinopse mencionar terror e comédia eu resolvi dar uma chance, pois este combo específico de gêneros está em falta ultimamente. Eis que descobri uma pérola.

Emma Roberts in The Hunt (2020)

Emma Roberts in The Hunt (2020)

A história começa com a Emma Roberts, o que já era um incentivo para continuar assistindo, afinal ela tem um rostinho bonito, mas aí do nada ela leva um tiro na cabeça, o que já mostra que esse filme não tem dó dos personagens. 

Como o título já dá a entender, a história é sobre ricaços sádicos que caçam pessoas por diversão, uma lenda urbana (ou não tão lenda assim?) que já rendeu muitas histórias em livros e filmes. A caçada começa e uma moça cai numa armadilha cheia de estacas, então um dos fugitivos a ajuda a sair dali. 

Sylvia Grace Crim in The Hunt (2020)
Parece assustador, mas esta é a cena mais hilária do filme.

Pois é, ela foi empalada por uma estaca, mas simplesmente levantou e saiu andando, de modo que esta cena calibrou o tipo de terror e humor que teremos. E tem mais. O cara que a ajudou pisa numa granada e a moça sai voando e cai de volta na armadilha de estacas, agora só com a metade do corpo. Isto está ficando cada vez melhor.

E assim vamos acompanhando a galera sendo abatida de uma forma debochada, o que deixa claro que não se trata de um mero terror, mas sim terror satírico. A sátira, porém, vai além da violência debochada, pois também conhecemos os ricaços sádicos que em suas conversas estão sempre sinalizando virtude, falando os clichês do politicamente correto, de causas ecológicas, justiça social, ficam corrigindo uns aos outros caso falem alguma palavra tabu, enfim, são aquele tipo chato de militante justiceiro social.

Inclusive eles usam esta pretensão de justiça social como uma justificativa para o fato de estarem caçando humanos, pois foram pessoas escolhidas a dedo por suas postagens nas redes sociais, mas obviamente isto só mostra a hipocrisia macabra destes ricaços que são a caricatura do militante woke, ao mesmo tempo em que as pessoas que estão sendo caçadas são uma caricatura dos internautas que os wokes costumam chamar de "extrema direita", como negacionistas climáticos e teóricos de conspirações macabras e satânicas dos bilionários.

Betty Gilpin in The Hunt (2020)

Em meio a estas duas caricaturas, temos a Crystal (Betty Gilpin), que também está sendo caçada, só que ela não se encaixa em nenhum estereótipo. Ela é só alguém querendo sobreviver àquela insanidade e, por ter treinamento militar, acaba se mostrando uma grande badass e passa a caçar os ricaços, invertendo o jogo.

No fim ela se encontra com a última caçadora sobrevivente, chamada Athena (Hilary Swank) e rola entre as duas um quebra pau danado estilo Kill Bill versus Vernita Green, uma luta de cozinha, usando facas, panelas e o que mais estiver ao alcance. A cena ficou ótima, divertidíssima por flertar com o inverossímil, mas sem exageros, e é até engraçado como ao longo da luta mortal as duas mulheres vão meio que simpatizando uma com a outra.

Hilary Swank and Betty Gilpin in The Hunt (2020)
Momento Kill Bill.

O filme é dirigido por Craig Zobel, que já dirigiu episódios de séries como The Leftovers (2015-2017), American Gods (2017), Westworld (2018) e The Penguin (2024). O roteiro é de Nick Cuse e Damon Lindelof, que também já trabalharam em Watchmen (2019) e The Leftovers, etc. Aliás, Lindelof está cotado para ser roteirista da série dos Lanternas Verdes e do novo filme de Star Wars: New Jedi Order.

Por ser lançado em um ano eleitoral nos EUA e satirizar a inimizade entre progressistas e conservadores, o filme pode ser considerado oportunista, mas se este foi o caso, o oportunismo não rendeu uma boa audiência, pois ambos os lados da polarização política expressaram desconforto com a temática política, ainda mais em uma história de terror. 

O filme, que custou 14 milhões de dólares, arrecadou apenas 12 milhões na bilheteria do lançamento. Também convenhamos que terror não é um gênero muito popular, ainda mais se for satírico, pois há muita gente que não entende ou aprecia o sarcasmo da sátira.

A meu ver, a sátira foi bem mais incisiva e ácida na direção dos woke ricos, a nova versão da clássica "esquerda caviar", retratando-os como hipócritas que ostentam um linguajar politicamente correto, ao mesmo tempo em que tratam humanos como bichos. Já a chamada "extrema direita" é feita basicamente de pessoas comuns e de baixa escolaridade.

Creio que o filme poderia funcionar mesmo sem essa temática política, pois a comédia está mesmo na violência debochada que não chega ao absurdo, mas flerta com o improvável, criando cenas hilárias. A luta final das duas mulheres é divertidíssima de assistir e creio que as atrizes também se divertiram bastante fazendo a cena.

Detalhe para o porquinho Orwell, que é o mascote de Athena e leva seu nome em homenagem ao autor da Revolução dos Bichos. Em meio a socos e facadas, Athena e Crystal até têm uma conversa sobre o livro.

(25,11,2024)

Palavras-chave:

Betty Gilpin, Blumhouse, Craig Zobel, Damon Lindelof, Emma Roberts, George Orwell, Hilary Swank, Nick Cuse, Universal Pictures

Ordem e entropia

Eu sou a ordem, você a entropia.
Você não cansa de produzir o caos.
Recolho e arrumo a tua bagunça.
Tua mão provoca ferrugem e desgaste.

(25,11,2024)

As Mortes do Superman

Death of Superman

O Superman surgiu em 1938 e ao longo de muitas décadas viveu inúmeras aventuras na Terra, em outros planetas, no multiverso e além, mas o grande evento de toda sua carreira só foi acontecer após meio século de existência quando, em 1992, foi lançada A Morte do Superman.

As mortes anteriores ao Doomsday

A Morte Secreta do Super-Homem

Superman 149 (1961)

Curiosamente, Kal-El já havia morrido antes nos quadrinhos. Em novembro de 1961, o número 149 da revista Superman trouxe uma história intitulada A Morte Secreta do Superman, escrita pelo próprio Jerry Siegel.

Nesta revista, Lex Luthor consegue matar o Super com kryptonita, gerando uma grande comoção mundial. A Supergirl aparece para vingar o primo e submeter Luthor a um julgamento kryptoniano, condenando-o à Zona Fantasma. E não tem retorno do Superman não, ele permanece morto, só que tem um detalhe: no final da história, uma legenda informa que aquilo foi apenas uma história imaginária. Basicamente um "click bait" editorial para chocar os leitores.

Superman 188 (1966)

Em Superman 188 (1966) acontece a primeira morte canônica, quando um vilão mequetrefe chamado Zunial o desafiou para uma luta e usou kryptonita, conseguindo matá-lo. Só que no fim da história conseguem ressuscitar o Kal-El e segue o jogo.

Action Comics 366 (1968)

Superman goes to Flammbron

Flammbronians

Em Action Comics 366 (1968), Lex Luthor desenvolveu o poderoso Vírus X, projetado especificamente para matar o Super. Infectado pelo vírus e com seus dias contados, Kal-El resolve partir para Flammbron, a estrela mais quente do universo, a fim de praticar sua própria eutanásia, já que a morte pelo vírus seria lenta e agonizante. Só que os habitantes daquela estrela, os flammbronians, ajudaram-no a se curar.

Action Comics 387 (1970)

Em Action Comics 387 (1970), Lex Luthor (sempre ele) criou um robô que sugava a energia vital do Superman, fazendo-o envelhecer mais de um milhão de anos, mas um cientista conseguiu reverter o processo antes que ele virasse pó. Essa história mostra que mesmo o Super não é completamente imortal e que em algum momento no futuro distante ele pode simplesmente morrer de velhice.

World's Finest 207 (1971)

Sabemos que, depois da kryptonita, a outra grande fraqueza do Superman é a magia. Em World's Finest 207 (1971), o mago Doutor Luz deixa-o à beira da morte usando o bastão Satanstaff e só não o finalizou porque o Batman apareceu para salvar o superamigo.

Justice League of America 145 (1977)

Em Justice League of America 145 (1977), novamente ele é vencido pela magia, agora enfrentando o Conde Crystal que havia feito um pacto com um demônio. Quando o espírito do Superman já estava para ser devorado pelo demônio, ele é salvo pelo mago Phantom Stranger.

Action Comics 583 (1986)

Em Action Comics 583 (1986), o roteirista Alan Moore deu um fim bem inusitado ao Superman. Não foi bem uma morte, mas uma aposentadoria. Depois que Mxyzptlk causou muita destruição e nem a Liga conseguiu detê-lo, Superman consegue matá-lo, mas arrependido por ter matado alguém, ele decidiu entrar em uma câmara de kryptonita e nunca mais o mundo viu o Superman. 

Action Comics 583 (1986)

Action Comics 583 (1986)

A história é narrada em retrospectiva, com a Lois Lane dando uma entrevista e contando o que aconteceu antes do sumiço do Superman. No fim de sua narração, vemos ela com seu marido chamado Elliot e o bebê Jonathan. Vemos que o bebê brinca com um pedaço de carvão e o transforma em diamante, o que deixa claro não só que aquela criança tem superpoderes, como seu pai é ninguém menos que Kal-El, que agora leva uma vida caseira e longe das aventuras de super-herói.

Ao entrar na câmara de kryptonita, ele não morreu, mas deve ter perdido seus poderes, tornando-se um "humano" comum, embora ainda contendo o poder latente em seu DNA, o que foi herdado pelo filho. De toda forma, Kal-El/Elliot sobreviveu, mas Superman morreu de fato.

Todas estas mortes, todavia, foram irrelevantes e algumas até patéticas. Nenhuma delas realmente teve um grande impacto na carreira do Superman. Até que veio o grande evento, a verdadeira e definitiva Morte do Superman, em 1992.

Superman 75 (1992)

Já é senso comum que o Superman é uma espécie de representação simbólica de Jesus, um "alien" que veio para a Terra, não nascido da conjunção de pais humanos, mas adotado por um casal humano e que amou a humanidade, dedicando-se a salvá-la e ser uma bússola moral. Só faltava um grande detalhe nesta simbologia: a sua morte como sacrifício.

Até então, as mortes do Superman foram meras aventuras episódicas, mas em 1992 aconteceu este grande evento de forte teor simbólico. O vilão era uma besta quase irracional, cuja mente não deseja nada além de destruição. Doomsday é como um Anti-Superman, um Anticristo. Enquanto o Superman deseja a preservação da vida e da ordem, o Doomsday deseja destruir tudo em seu caminho.

Doomsday kills a bird
Esta página, sem diálogos ou nenhuma explicação, fala muito sobre quem é o Doomsday.

Assim que o monstro chega à Terra, vemos como ele tem prazer em esmagar um pequeno e inofensivo passarinho. Esta cena já revela o caráter da besta, seu ódio à vida até das criaturas mais inocentes.

Em vez de ser apenas a história de um episódio, o plano da DC foi fazer um grande evento que percorreu várias revistas ao longo de um ano. A ideia era de fato revitalizar a popularidade e as vendas do personagem que andava meio em baixa. Toda a saga foi dividida em três arcos, a saber:

Doomsday!
Action Comics #684
Adventures of Superman #497
Justice League America #69
Superman #74–75
Superman: The Man of Steel #18–19

Funeral for a Friend
Action Comics #685–686
Adventures of Superman #498–500
Justice League America #70
Superman #76–77, #83
Superman: The Man of Steel #20–21

Reign of the Supermen!
Action Comics #687–691
Adventures of Superman #501–505
Green Lantern #46
Superman #78–82
Superman: The Man of Steel #22–26

A batalha contra o Doomsday começou envolvendo a Liga da Justiça e vários outros heróis que cruzaram o caminho do monstro, até que finalmente rolou o mano a mano com o Superman, com ambos se espancando até a exaustão e um "double KO", quando caem vencidos.

Superman 75 (1992)

Superman 75 (1992)

Superman 75 (1992)

Superman 75 (1992)

O grande clímax acontece na revista Superman 75 que narrou a luta sem quadrinhos, com cada cena ocupando uma página inteira, as chamadas splash pages.

Pietá and Superman

A cena da Lois Lane segurando o corpo do Super no colo é claramente uma imagem da Pietá a acolher o corpo de Jesus após a crucificação. Superman sacrificou-se para salvar a humanidade.

Justice League America 70 (1993)

Action Comics 685 (1993)

Então temos o arco do funeral. Um detalhe curioso que é ainda tentaram reviver o Superman com um desfibrilador e até respiração boca a boca. Em Action Comics 685, vemos que um dos muitos amigos do Superman, o Bibbo Bibbowski, reza o Ave Maria e questiona Deus sobre o ocorrido. Esta cena foi replicada décadas depois na animação The Death of Superman (2018).

Action Comics 685 (1993)
Guy Gardner sendo Guy Gardner.

Nem todo mundo foi tão respeitoso com o falecido. o Guy Gardner simplesmente aproveitou a ocasião pra dar em cima da Maxima (pois ela tinha um crush no Superman). Obviamente isto é só a casca rude e superficial, pois o Guy também acabou prestando suas condolências. 

Action Comics 685 (1993)

Muitos dos principais heróis não estavam presentes na luta contra o Apocalypse, como Batman, Wonder Woman, Flash e tantos outros. Óbvio que foi uma conveniência do roteiro, pois se todos enfrentassem juntos o Apocalypse, o Superman estaria vivo.

Bill and Hillary Clinton in Superman The Man of Steel 20 (1993)

Superman The Man of Steel 20 (1993)

Em Superman: The Man of Steel 20, acontece a cerimônia do velório e temos até a presença de Bill e Hillary Clinton, pois ele era o presidente dos EUA na época.

Reign of Supermen

Depois do arco de luto, apareceram quatro candidatos a substituir o Superman: Superboy, Cyborg Superman, Steel e Eradicator.

O Superboy já é conhecido de longa data, mas neste arco ganhou esta nova origem, criado pelo Projeto Cadmus a partir do DNA do Superman. O Cyborg e o Eradicator também já existiam em versões anteriores. Já o Steel apareceu pela primeira vez ali, após a morte do Superman e ganhou sua própria revista em 1994.

Superman The Man of Steel 22 (1993)

Embora nunca tenha se tornado tão popular quanto outros heróis da DC, Steel sobreviveu ao tempo e já teve várias versões e participou de animações, games e recentemente teve uma versão na série Superman & Lois.

Steel (1997)

Obviamente não podemos esquecer que em 1997 o Steel também teve um filme live action interpretado por ninguém menos que o Shaquille O'Neal. O filme é bem tosco e costuma ser lembrado como motivo de piada.

Superman The Man of Steel 25 (1993)

Superman 81 (1993)

Finalmente, em Superman: The Man of Steel 25, o verdadeiro Superman desperta do casulo onde seu corpo vinha sendo mantido pelos robôs da Fortaleza da Solidão. Agora ele deve botar ordem na casa, já que os quatro candidatos a Superman fizeram uma grande bagunça. E assim começa a fase do uniforme preto do Superman e o cabelo mullet, um visual que se tornou bastante querido pelos fãs. 

O uniforme preto era uma tecnologia kryptoniana para ajudar o Superman a restaurar seu poder e durante esta fase ele estava bem mais fraco e vulnerável. Até que o Cyborg o atacou com uma rajada de kryptonita e o Eradicator se jogou no meio, sacrificando-se para salvar Ka-El. Algum processo misterioso e conveniente fez que a kryptonita, em contato com a energia do corpo do Eradicator, sofresse uma reação, alimentando Kal-El com energia e restaurando de vez seus poderes. Então ele volta a usar seu uniforme azul. Mas o mullet permaneceu ainda por um tempo.

Enfim, este evento da morte do Superman teve uma grande repercussão. De fato, a DC conseguiu o que queria, revitalizando o personagem na mídia e na cultura pop. Imagine jornais da TV falando de uma saga dos quadrinhos no horário nobre. Foi o que aconteceu. Este foi o maior evento da DC desde Crise nas Infinitas Terras, lançado meia década antes, em 1985.

Image Comics founders
Os fundadores da Image Comics.

Image Comics characters
O universo Image.

Vale lembrar que A Morte do Superman foi lançada no "ano da Image". A Marvel vinha experimentando um boom de vendas de títulos como X-Men e Homem Aranha graças a um time de artistas que marcou aquela geração, como Todd McFarlane, Rob Liefeld e Jim Lee. Estes artistas resolveram criar sua própria empresa de quadrinhos, a Image Comics.

Em 1992, a Image foi um grande fenômeno. A arte de McFarlane e Jim Lee, e mesmo a controversa arte de Liefeld, tinha algo de espetacular que atraia os leitores. Eram desenhos expressivos, cheios de splash pages e na Image estes desenhos recebiam colorização digital, uma inovação na época. O grande título naquele ano foi o Spawn.

Logo, em poucos meses a Image chegou a superar até a DC em vendas, ficando apenas atrás da Marvel. A Morte do Superman veio também como um esforço para enfrentar esta popularidade da Image.

A DC não apenas sobreviveu ao fenômeno Image, como o tempo provou a sua longevidade. Hoje em dia a Image é uma editora ainda com uma cara indie, que de fato continua fazendo sucesso em títulos como The Walking Dead e Invincible, mas que já não representa uma ameaça para a Marvel ou a DC. Além disso, a Image nunca conseguiu alcançar o escopo das duas editoras clássicas em termos de criação de universo, quantidade de personagens, sagas, universo cinematográfico, etc. 

Mas voltemos ao Superman.

The Death and Life of Superman: A Novel (1993)

The Death and Return of Superman (1994)

Em 1993 foi lançada uma novelização literária intitulada The Death and Life of Superman: A Novel, escrita por Roger Stern, e já em 1994 veio um video game no estilo beat'em up intitulado The Death and Return of Superman, lançado para Super NES e Genesis.

Superman Doomsday (2007)

A primeira adaptação para as telas veio em Superman: Doomsday (2007). Diferente dos quadrinhos, aqui não temos a Liga da Justiça enfrentando o monstro e o Lex Luthor se torna o responsável por libertar o Doomsday, que estava aprisionado e adormecido em uma cápsula alienígena. 

Superman Doomsday (2007)

Superman Doomsday (2007)

Superman Doomsday (2007)

Superman Doomsday (2007)

No combate acontece o empate, com ambos caindo mortos, e Lex Luthor aproveita a ocasião para lançar um clone do Superman, que agirá como herói, mas seguindo suas ordens. Um robô da Fortaleza da Solidão resgata o corpo do Superman e o ressuscita, então o verdadeiro Super enfrenta o seu clone.

The Death of Superman (2018)

The Death of Superman (2018)

Uma nova animação veio uma década depois, com The Death of Superman (2018), seguido por Reign of the Supermen (2019). Nesta versão, Doomsday enfrenta primeiro a Liga da Justiça, vencendo-os com facilidade, quando então o Superman entra em ação numa longa batalha com uma animação caprichada.

Lex Luthor chega a participar do combate usando seu traje robótico, com o simples objetivo de ser aclamado como aquele que derrotou Doomsday, só que seu traje é rapidamente destruído e o Superman ainda o salva de ser morto. No combate final, o Super dá um golpe tão poderoso que torce o pescoço do Doomsday, só que ao mesmo tempo o monstro atravessa o peito do Superman com sua garra de osso.

Reign of the Supermen (2019)

Reign of the Supermen (2019)

Na sequência, em Reign of the Supermen (2019), temos a aparição dos substitutos do Super, que disputam a liderança em Metropolis até que o verdadeiro Superman retorna.

No cinema, o chamado snyderverso fez questão de trazer de volta este evento dos quadrinhos de 1992. O Superman interpretado por Henry Cavill é morto pelo Doomsday em Batman v Superman (2016) e ressuscita em Justice League (2017). 

Em Batman v Superman, Doomsday é resistente demais aos golpes do Superman e da Wonder Woman, mas, sendo criado por Lex Luthor a partir do corpo de Zod, o monstro tem a fraqueza à kryptonita. A princípio, o Batman havia forjado uma lança de kryptonita para matar o Superman. Esta lança se torna a arma de Chekhov da trama, pois é posteriormente usada pelo Superman para matar Doomsday.

Henry Cavill in Batman v Superman (2016)
Era só entregar a lança para a Wonder Woman, cara...

O bizarro nessa história é que, ao empunhar a lança de kryptonita, o Superman obviamente fica bastante vulnerável, de modo que acaba sendo morto perfurado pela garra de osso do Doomsday. Talvez o resultado fosse diferente se o Superman se ocupasse em distrair ou imobilizar o Doomsday e deixasse a Wonder Woman manusear a lança. Mas enfim, ele tinha que morrer em sacrifício e foi essa a maneira que o Zack Snyder escolheu. 

Recentemente, tivemos uma nova versão do evento na série Superman & Lois (2021-2024). Agora o Doomsday foi criado por Lex Luthor a partir do corpo do Bizarro. Esta série tem se tornado bastante querida pelos fãs do já finado arrowverso da CW, pois acertou bastante na personalidade, na alma do Superman e do Clark Kent, interpretado por Tyler Hoechlin. É um Superman que os fãs vão se lembrar com carinho, mesmo que fisicamente ele não seja uma escultura de músculos estilo Henry Cavill.

A morte do Superman nesta série tem um toque bem especial e até simbólico, pois Doomsday literalmente arranca o coração de Kal-El e os filhos dele (pois nesta série o Superman já tem dois filhos com Lois) empreendem uma jornada para resgatar o coração do pai na tentativa de salvá-lo. É uma saga familiar e até o sogro do Superman tem uma importante participação.

É curioso que nesta série o Superman leva Doomsday para lutar na Lua. Sim, na Lua. Foi provavelmente uma estratégia para facilitar o trabalho de CGI em um cenário mais desértico, mas também uma forma de mostrar que este Superman tem a cautela de levar seu oponente para um cenário desértico a fim de evitar danos às cidades e seus habitantes. Isto mostra como ele já é bem mais maduro e estratégico que o imaturo Superman de Man of Steel (2013), que arrasou Metropolis durante a luta contra Zod.

Tyler Hoechlin in Superman and Lois (2021)
O melhor Superman em uma série live action de todos os tempos.

Também é emblemático que a morte do Superman aconteça na última temporada desta que é a última série restante do arrowverso. Obviamente ele ressuscita, mas o clima desta temporada é de despedida. Esta série já pode ser considerada a melhor série live action do Superman, melhor até que Smallville.

E eis que agora nos preparamos para o renascimento do Superman no novo DCU orquestrado pelo James Gunn e que terá seu primeiro filme em 2025. 

A saga de Jonathan Kent

Jonathan Kent obviamente ficou muito abalado com a morte de Clark, mas o golpe final veio Em Superman The Man of Steel 21, quando ele soube que o corpo foi roubado do túmulo e tem um infarto. Em Superman 77, já na cama de hospital, seu coração finalmente para de bater.

Superman The Man of Steel 21 (1993)

Superman 77 (1993)

Superman 77 (1993)

Mas a jornada de Jonathan estava apenas começando. Em Adventures of Superman 500 vemos que ele passa por uma experiência quase morte, quando parece delirar, recordando a época em que lutou na guerra da Coreia. Ele está em busca de um soldado perdido, que na verdade representa seu desejo de resgatar Clark da morte.
Adventures of Superman 500 (1993)

Adventures of Superman 500 (1993)

Em sua jornada neste limbo ele parece cair no inferno e se depara com o demônio Blaze, que se propõe a ajudar em troca de um pacto, mas Jonathan recusa. 

Adventures of Superman 500 (1993)

Adventures of Superman 500 (1993)

Adventures of Superman 500 (1993)

Adventures of Superman 500 (1993)

Adventures of Superman 500 (1993)

Depois ele encontra a entidade cósmica Kismet que o guia em direção a Krypton. Agora ele vê Clark sendo levado em um ritual fúnebre, mas Jonathan o faz perceber que são demônios, então pai e filho lutam contra aqueles seres e partem em direção à luz. Jonathan acorda no hospital convencido de que trouxe Clark de volta para o mundo dos vivos.

E de fato trouxe.

A origem e revanche contra o Doomsday

Na minissérie em 3 edições Superman/Doomsday: Hunter/Prey (1994), é contada a história de origem do Doomsday. Ele foi criado há 250 mil anos por um cientista alienígena, Bertron, que, brincando de Deus, pretendia criar o ser perfeito, imortal. Para isto submeteu sua criatura a décadas de violência em um planeta hostil, matando-a inúmeras vezes e recriando a partir dos restos mortais que acumulavam uma memória genética. Assim a criatura foi se tornando mais forte e resistente a cada morte.

SupermanDoomsday HunterPrey (1994)

Por fim, o monstro se tornou tão poderoso que nada no planeta hostil conseguia matar aquele ser supremo que então acabou matando Bertron e escapou do planeta em uma nave. Ele foi parar no planeta Calaton, tocando o terror. A avançada civilização do planeta criou um ser de pura energia, o Radiante, que conseguiu vencer o monstro.

O problema é que os calatonianos acreditavam que a alma da criatura poderia reencarnar se seu corpo fosse destruído, então simplesmente o aprisionaram numa cápsula e enviaram pro espaço, eventualmente caindo na Terra.

Depois dos eventos na Terra, o corpo de Doomsday foi mais uma vez enviado ao espaço e acabou caindo em Apokolyps. Ele conseguiu derrotar o próprio Darkseid e só não devastou o planeta porque foi enviado em um portal para outro lugar.

SupermanDoomsday HunterPrey (1994)
O poderoso raio ômega.

SupermanDoomsday HunterPrey (1994)

Superman foi a Apokolyps em busca de Doomsday, mas não o alcançou a tempo. Enquanto isto, ele temporariamente se aliou a Darkseid para destruir o Cyborgue que estava lá tentando tomar o poder. Nesta ocasião vemos como os raios ômega de Darkseid são extremamente poderosos, muito mais que a visão de calor do Superman.

SupermanDoomsday HunterPrey (1994)

Enfim o Superman descobre que Doomsday foi parar em Calaton e parte em busca do monstro. Evoluído, ele facilmente derrota o Radiante. Superman enfim chega a Calaton e a titânica luta acontece. O Super agora conta com a ajuda de Tempus e da caixa materna que o veste com uma armadura, amplificando seu poder. Nada disso é suficiente para deter Doomsday que se tornou mais forte que tudo e todos.

SupermanDoomsday HunterPrey (1994)

Então Tempus os leva para o lugar mais hostil do universo, o fim dos tempos. Ali a entropia se mostra em seu climax, destruindo tudo. É a única força que Doomsday não foi capaz de resistir. Com o monstro destruído, Tempus retorna com o Superman antes que a entropia também os leve.

Assim o Superman teve sua revanche, mas ele não venceu por ser mais forte que Doomsday. Quem tecnicamente venceu esta luta foi Tempus. Curiosamente, no começo da história Tempus se recusava a interferir, pois como viajante do tempo ele seguia uma regra de não interferência. Superman o convenceu a tomar uma atitude e foi isto que garantiu a destruição definitiva de Doomsday.

Tempus também revelou que Doomsday foi criado em Krypton, numa época em que o planeta ainda era hostil. O trauma das torturas ficou tão marcado na memória do monstro que ele criou um ódio intenso por Krypton e qualquer ser kryptoniano, o que explica sua fúria contra o Superman. 

SupermanDoomsday HunterPrey (1994)

Enfim, nesta minissérie quem teve o papel mais importante não foi o Superman, mas Tempus, um personagem da DC pouco conhecido e relativamente novo, criado em 1991 por Dan Jurgens. Jurgens foi um dos principais roteiristas do Superman nos anos 90 e que também escreveu esta minissérie da revanche, quando aproveitou para "lamber sua cria", dando um importante papel a Tempus.

As mortes posteriores ao Doomsday

Mesmo que a morte do Superman pelas mãos do Doomsday tenha se tornado o evento definitivo e replicado em animações, games e live actions, ainda aconteceram outras mortes depois de 1992.

The Kingdom (1999)

Em The Kingdom (1999), uma minissérie derivada da aclamada Kingdom Come (1996), o vilão Gog viajou no tempo matando o Superman em diversas timelines. Não foi apenas uma morte do Superman, mas um massacre.

Superman Red Son (2020)

Superman Red Son (2003)

No universo alternativo da graphic novel Superman Red Son (2003), o Superman soviético domina o mundo com uma utopia comunista, isolando os EUA que resistem liderados por Lex Luthor. Esta história é uma das mais formidáveis batalhas entre Superman e Luthor, principalmente mostrando a superioridade intelectual e estratégica do humano.

Sim, pois Luthor, como um grande enxadrista, planejou uma estratégia de décadas. Ele empreendeu vários ataques. Primeiro criou um clone bizarro do Superman, mas este desistiu da luta e se sacrificou para salvar os civis levando uma bomba para o espaço. 

Luthor descobriu a fraqueza do Superman ao sol vermelho e orientou o Batman a lutar contra ele em um local iluminado com luzes vermelhas especiais. O Batman conseguiu dar uma surra no Super, mas a Wonder Woman quebrou o gerador das lâmpadas. Vendo que o Superman recuperou as forças e sem alternativas, o Batman se mata.

Superman Red Son (2003)
O xeque-mate de Luthor foi uma simples frase num papel.

Depois Luthor descobriu a tecnologia dos Lanternas Verdes e formou uma tropa inteira, mas o Super  facilmente os derrotou e também às amazonas e vários supervilões que estavam aprisionados e foram soltos para ajudar na luta. Ele era uma força imparável. Até que Luthor tirou sua última carta da manga, literalmente uma carta que dizia: "Por que você simplesmente não põe o mundo inteiro numa garrafa, Superman?".

Isto era uma referência ao fato de que Brainiac, quando chegou à Terra, reduziu uma cidade inteira com seus habitantes ao tamanho de uma garrafa, pois Brainiac tinha o único objetivo de colecionar civilizações. Ao ser comparado a Brainiac, Superman entendeu que a vida toda ele vinha tentando limitar a liberdade humana a fim de aplicar à força seu sonho utópico. Com uma frase, Luthor convenceu e venceu o Superman. 

Como a nave de Brainiac estava para explodir, o Superman a levou para o espaço e nunca mais voltou. O mundo achou que ele tinha morrido e prosperou maravilhosamente sob um governo mais liberal que Luthor estabeleceu. Luthor criou um mundo livre, sem utopias impostas à força, até mesmo substituiu políticos por filósofos, escritores, artistas e cientistas, produzindo uma civilização formidável por milênios. 

E o Superman acompanhou tudo isto, pois ele na verdade não havia morrido, apenas passou a viver discretamente como um cidadão qualquer, percebendo que o mundo ficou melhor sem o seu governo.

Detalhe que no fim de tudo o Mark Miller ainda criou um paradoxo na trama. No futuro, mesmo com a civilização em seu auge, um descendente de Luthor chamado Jor-L alertava sobre o risco da Terra ser devorada pelo Sol que agora era vermelho. 

Desacreditado, ele resolveu enviar seu filho ainda bebê em uma cápsula do tempo na esperança que ele guiasse a humanidade no passado com sabedoria. Então vemos a cápsula caindo na Ucrânia. Ou seja, o Superman russo era um descendente de Luthor? 

Em 2009 esta história foi adaptada para o formato motion comics, que basicamente consiste numa animação feita com os próprios quadrinhos da revista e complementada com dublagem. Em 2020 foi finalmente lançada uma animação completa, inclusive fazendo certas adaptações e alterações na história (por exemplo, na animação o Superman mata Stalin, o que não ocorre nos quadrinhos). 

Superman vs Superboy prime

Em 2006, na saga Infinite Crisis, o Superman da Terra 2 (o Superman da Era de Ouro) enfrenta o Superboy Prime, um vilão que pretendia resetar o multiverso em um Big Bang. O Superman é morto, mas consegue deixar o Superboy enfraquecido para então ser derrotado pelos Lanternas Verdes e vários outros heróis.

All Star Superman (2008)

Em All Star Superman (2008), de Grant Morrison, a intensa exposição ao Sol sobrecarrega as células de Kal-El, o que aumenta absurdamente seus poderes, mas também tem um efeito degenerativo no corpo, de modo que ele acaba "morrendo", ou melhor, ele vira uma consciência de pura energia, deixando a Terra para viver no interior do Sol a fim de manter a estabilidade da estrela. 

É, portanto, a morte mais gloriosa do Superman, pois ele não apenas morre, mas transcende, tornando-se uma espécie de força cósmica semidivina e parte do próprio Sol. Em 2011 esta história ganhou uma adaptação animada.

Superman 52 (2016)

Por fim, tivemos um evento de reboot chamado DC Rebirth que recomeçou o universo da DC após a era Novos 52. Envenenado por kryptonita, este Superman morre na revista Superman número 52, um número emblemático, pois esta revista foi lançada na era chamada Novos 52 e após 52 edições temos o fim daquele Kal-El. E ele morreu pra valer, mas seu posto foi ocupado por outra versão, o Superman anterior ao Flashpoint.

(27,11,2024; 09,12,2024; 13,12,2024)

Palavras-chave:

Alan Moore, arrowverso, Brandon Vietti, Bruce Timm, Dan Jurgens, DC Comics, Grant Morrison, Henry Cavill, Image Comics, James Gunn, Jerry Siegel, Jim Lee, Joe Shuster, Lauren Montgomery, Louise Simonson, Mark Millar, Mark Waid, Rob Liefeld, Roger Stern, Sam Liu, Shaquille O'Neal, snyderverso, Todd McFarlane, Tyler Hoechlin, Zack Snyder, Warner