Deadpool, o anti-herói mais querido da Marvel

Deadpool (2016)

O primeiro filme do Deadpool (2016) foi uma grande surpresa. Feito com um baixo orçamento de 58 milhões, não era algo em que os produtores acreditassem. Foi a paixão de Ryan Reynolds em divulgar a ideia que fez com que viralizasse na internet antes mesmo de ser aprovada a produção. Deadpool nasceu na internet, no ambiente do meme e da zoeira. Não poderia ser diferente.

Veio o filme e surpreendeu, fazendo uma bilheteria de 780 milhões. Cenas de ação fantásticas, um humor sarcástico, incorreto, do tipo que há tempos não se via no cinema, além de ter o estilo esquizofrênico do personagem dos quadrinhos, a ponto de quebrar a quarta parede. Esse era o verdadeiro Deadpool. Ryan Reynolds conseguiu invocar o espírito dele.

O melhor Colossus já feito em live action.

E olha que o ator já tinha interpretado o mesmo personagem antes, no Wolverine de 2009, quando era só um mercenário ninja e no final aparece como um ser tosco, de boca costurada, cheio de poderes que nada tinham a ver com ele.

Olhaí o Rob Liefeld fazendo um cameo.

Tudo deu certo em Deadpool. O ator vestiu a camisa, o personagem ficou fiel à sua essência, o humor negro combinou perfeitamente, até o CGI deu certo, mesmo em um filme de pouco orçamento (em relação a outros do gênero de super heróis), o que se nota no Colossus que ficou perfeito, bem melhor que as outras versões dos filmes dos X-Men.

Tamanho foi o sucesso e aceitação que Deadpool entrou para a galeria da cultura pop, se tornou uma das fantasias preferidas dos cosplayers e um símbolo do humor nerd. 

Deadpool 2 (2018)

É raro um filme que se tornou clássico em seu primeiro episódio conseguir alcançar o mesmo nível em uma sequência. Um destes poucos exemplos é a franquia Terminator, cujo segundo filme foi tão bom ou até melhor que o primeiro. Pois bem, Deadpool 2 (2018), em certos aspectos, consegue superar o primeiro sim.

Afinal, agora ele tinha mais atenção dos produtores, pôde investir em elenco, CGI, e deu certo. Todas as cenas de luta são fantásticas, algumas eu diria que estão no nível da já clássica "cena na igreja de Kingsman". O Cable ficou realmente badass e bem parecido com os quadrinhos, o Juggernaut está muito melhor que aquele dos primeiros filmes. É quase um Hulk. A Dominó teve seu inusitado poder muito bem explorado. Aliás, dava pra fazer até um spin-off dessa Dominó, porque ela foi muito bem e esse negócio de sorte rende uma bela história.

Um pequeno easter egg (e um grande spoiler) do filme do Logan.

E a quantidade de referências. Ah, as referências! Só perde pra Ready Player One. Sem contar os cameos. Tem a turminha dos X-Men, o Wolverine, até aquele antigo Deadpool que tinha a boca costurada aparece.  

Agora com a fusão da Fox com a Disney, os limites da zoeira se expandem exponencialmente. Deapool 3 promete muito, ainda mais com a deixa do final do segundo filme, em que ele usa o dispositivo de viajar no tempo. Imagine as possibilidades. O anti-herói mais zoeiro da Marvel pode fazer um flashpoint, consertar linhas do tempo ou bagunçá-las ainda mais.

A caracterização do Juggernaut ficou excelente.

Pra mim, Deadpool foi o melhor filme de super-herói de 2016, assim como Logan foi o melhor de 2017 e agora 2018 é de Deadpool 2. Yeah yeah Vingadores 2 foi épico e tal, mas é meio que mais do mesmo daquela fórmula repetida há 10 anos. Deadpool me traz o diferente e eu me acabei de rir com seu humor absurdo. A Fox demora pra acertar, mas quando acerta hein.

(10,11,2018)

Deadpool & Wolverine (2024)

Se é raro um grande filme ser superado pela sequência, mais raro ainda é ser superado pelo terceiro título. Eis que Deadpool & Wolverine (2024) consegue essa proeza de ser maior, melhor, mais marcante e também mais lucrativo. Com orçamento de 100 milhões de dólares, Deadpool 2 arrecadou 730 milhões; Deadpool 3, por sua vez, teve um orçamento de 200 milhões e arrecadou 1,3 bilhão!

Tudo deu certo neste filme, a começar pela produção, liderada pelo próprio Ryan Reynolds e o Kevin Feige. Conseguiram reunir um elenco gigantesco e trazer de volta diversos personagens que  apareceram no cinema ao longo de décadas, fazendo um verdadeiro show de fan service e referências.

Uma vez que a Fox foi comprada pela Disney, o Deadpool ficou na gaveta por um tempo, mas quando enfim ganhou um filme na nova casa, chegou chutando a porta, fazendo piada com tudo, com a própria Disney, com os personagens "flopados" da Marvel, mas também fazendo uma grande homenagem a todo esse universo e multiverso de personagens e variantes.

Além de conseguir manter na Disney o humor sarcástico e a violência beirando o gore, uma das marcas dos dois primeiros filmes, o grande feito desse terceiro filme é a grande reunião de personagens, homenageando toda a história da Marvel no cinema.

Temos o Hugh Jackman de volta como Wolverine, um personagem que ele vem encarnando há 25 anos; o Wesley Snipes voltou como Blade, um personagem que precedeu os X-Men e o Homem-Aranha no cinema, lá no final dos anos 90; Chris Evans retornou ao papel do Tocha Humana; Jennifer Garner voltou como Elektra; a Dafne Keen voltou como a X-23, agora adolescente; tivemos até o fancast do Channing Tatum como Gambit e também o retorno de uma galera dos filmes dos X-Men, como o Pyro, interpretado pelo Aaron Stanford. 

E isto são só os personagens mais frequentes, pois a lista se estende para uma imensidão de referências e atores convidados. Até o Matthew McConaughey participou dublando a voz do Deadpool cowboy e a Blake Lively (que inclusive é esposa do Ryan Reynolds) dublou a Ladypool. E como não mencionar o Henry Cavill, que apareceu brevemente como um fancast do Wolverine, o Cavillrine.

Além de todo este fan service, trazendo personagens e atores de volta em uma grande homenagem ao universo da Marvel no cinema, também conseguiram estabelecer um vilão marcante. A Cassandra Nova, irmã revoltada do Xavier, ficou muito bem caracterizada; seu poder bizarro e esse efeito de atravessar o cérebro das pessoas com os dedos fez dela uma personagem memorável, embora com vida curta.

Deadpool: A Typical Tuesday (2012)

É interessante mencionar este curta de 17 minutos publicado no Youtube em 2012, alguns anos antes do primeiro filme oficial, um fan made com intenção de homenagear o anti-herói mais querido da Marvel, com direito à participação da mutante Dominó e do Mercenário (pós créditos). Contratado para matar um cara, Deadpool acaba esbarrando com outros assassinos de aluguel...

Ok, o filme não é um primor de perfeição, é apenas um curta amador feito por um fã. Os efeitos especiais dos tiros são bem ruinzinhos e falta sangue espirrando. Somente numa cena (a luta com o grandalhão Slim Jim) há presença de sangue, mas mesmo quando o Deadpool manda um tiro de doze à queima roupa não espirra sangue nenhum. No final de tudo o uniforme dele continua limpinho (deve ter sido uma exigência do cara que emprestou o cosplay: "NÃO espirre sangue no meu uniforme!").

Mas peraí, o que eu estou fazendo? Isso é um fan made, não tem a menor obrigação de ter perfeição técnica. A produção é trash, mas e daí? Vale a diversão e a homenagem ao querido odiado psicopata assassino fofo, zuero e doentio que é o Deadpool.

(23,03,2025)

Palavras-chave

Aaron Stanford, Blake Lively, Brad Pitt, Channing Tatum, Chris Evans, Dafne Keen, David Leitch, Disney, Emma Corrin, Fox, Henry Cavill, Hugh Jackman, Jennifer Garner, Josh Brolin, Kevin Feige, Marvel Comics, Matthew McConaughey, Maximum Effort, Morena Baccarin, Rob Liefeld, Ryan Reynolds, Shawn Levy, Stan Lee, Tim Miller, Wesley Snipes, Zazie Beetz