Filmes medíocres de sci-fi espacial existem aos montes, feitos com baixo orçamento e ideias clichê. Costumo assistir alguns de vez em quando, pois gosto muito deste gênero de sci-fi e não dispenso nem mesmo algumas tosqueiras. E nessa aventura de experimentar um filme índie aqui e ali, acabei me deparando com esta surpreendente pérola. Blood Machines (2019) é índie, desconhecido e com baixíssimo orçamento, mas está longe de ser medíocre. É simplesmente excelente.
A história começa com dois exploradores espaciais que estão caçando uma nave que ganhou consciência e está tentando se libertar do controle dos humanos. Já na primeira impressão percebemos que este filme de apenas 50 minutos se diferencia no visual, nas cores psicodélicas e a aparência quase grotesca das naves. Há todo um clima de estranheza visual e essa estranheza se consolida quando a nave rebelde experimenta uma espécie de parto, liberando um ser que se parece com uma mulher nua e que tem um símbolo de cruz invertida reluzente em seu corpo. É um fenômeno não apenas tecnológico, mas místico. É como se a máquina tivesse alma.
A situação vai escalando de modo que esta entidade, ajudada por uma humana que se mostra a favor da rebelião (ou libertação) das máquinas, acaba se multiplicando e dominando outras naves em uma grande sucata cósmica, a ponto de tornar-se mais e mais sublime.
Enfim, não é algo que se possa simplesmente descrever aqui em uma resenha. Você tem que assistir para entender, ou melhor, para ficar confuso e deslumbrado com o espetáculo visual e musical, com uma agradável trilha sonora bem estilo synthwave dos anos 80, composta por Carpenter Brut.
O conceito deste filme teve início em 2016, no clipe da música Turbo Killer, de Carpenter Brut. No clipe já podemos ver alguns elementos que estão no filme, como a mulher com o símbolo de cruz invertida, algumas cenas no espaço e toda a ambientação com forte colorização num estilo neon noir.
O clipe então deu origem a uma campanha de arrecadação de fundos para a produção do filme que foi literalmente feito em uma garagem, de forma bem artesanal, contando com um longo trabalho de efeitos especiais digitais.
Blood Machines já é certamente um clássico cult e que tem potencial para uma versão mais longa, pois os 50 minutos do quase curta metragem nos deixa curiosos por uma expansão.
(11,03,2025)
Palavras-chave:
Carpenter Brut, Seth Ickerman
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