Simon Stålenhag é um músico e artista sueco que tem se destacado por suas ilustrações representando cenários retrofuturistas e com um toque de fantasia. Sua obra se expandiu também na forma de artbooks com narrativa, assim desenvolvendo uma história para as ilustrações.
Seu primeiro livro foi Tales from the Loop (2014), seguido por Things from the Flood (2016) e The Electric State (2018), que chegou a ser um dos seis finalistas do renomado prêmio de literatura sci-fi Arthur C. Clarke Award, em 2019. Duas destas obras já renderam adaptações live action. Tales from the Loop tornou-se uma série produzida pela Amazon e The Electric State virou um filme da Netflix.
A seguir temos alguns exemplos de sua arte:
Tales from the Loop (2020)
O sci-fi costuma ser um gênero que vem acompanhado de outro gênero auxiliar. Em muitos filmes, por exemplo, o sci-fi serve como cenário para uma história de ação ou aventura, como é o caso de Star Wars.
Um subgênero que se tornou bem comum em histórias de ficção científica é a distopia. O futuro é sempre sombrio, violento, corrompido, mas repleto de maravilhas tecnológicas. Um grande exemplo disto é a perturbadora Black Mirror.
Tales from the Loop (2020), fruto da nova safra de séries da Amazon, foge de todos estes clichês da ficção científica. A história não se passa em um mundo distópico, não há muita ação nem aventureiros disparando pistolas laser e, de certa forma, nem mesmo parece sci-fi.
A primeira temporada teve oito episódios, todos com acontecimentos relacionados a um dispositivo chamado Loop, uma esfera negra que pode ser comparada a alguma espécie de acelerador de partículas ou computador quântico. O Loop não é bem explicado, como todos os eventos bizarros da série, mas claramente é uma máquina capaz de manipular energias e até o próprio tempo.
O cenário é uma pacata cidadezinha que possui um laboratório em que cientistas estudam o misterioso Loop. A presença do aparelho na região faz com que aconteçam fenômenos estranhos e em cada episódio alguns habitantes da cidade vão se deparar com tais fenômenos.
Vemos, por exemplo, dois garotos que trocam de corpos; um casal de jovens namorados que descobre um aparelho que paralisa o tempo e assim vivem uma romântica e fantástica experiência, enquanto todo o resto do mundo está congelado; um homem viaja para um universo paralelo onde encontra sua outra versão, etc.
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A atuação deste garoto foi uma revelação na série, realmente dramática e convincente. |
Cada episódio, portanto, é um pequeno conto envolvendo estas bizarras aventuras, mas nada é claramente explicado e os eventos sobrenaturais nem mesmo podem ser devidamente classificados como típicos de uma ficção científica. Em certos momentos, as histórias beiram a fantasia ou o realismo mágico. Acontecem coisas surreais na vida das pessoas e elas nem parecem muito chocadas com isto.
O casal que conseguiu congelar o tempo ou os garotos que trocaram de corpos lidaram com estas situações como se fosse uma brincadeira. A reação simplória dos personagens contribui para criar esse ar de realismo mágico, uma fantasia que parece apenas um acidente natural na vida das pessoas.
Para completar a caracterização incomum desta série, a melancólica e bela trilha sonora de Philip Glass e o rumo lento dos acontecimentos, sem ter eventos estrondosos nem uma atmosfera sombria, como na série Dark, da Netflix, faz de Tales from the Loop uma peça única e quase inclassificável de sci-fi/fantasia.
The Electric State (2025)
Este filme foi um projeto ambicioso da Netflix, dirigido pelos irmãos Russo. Teve o gordo orçamento de 320 milhões de dólares, orçamento de blockbuster. Todavia, não parece ter a grandeza de um blockbuster.
A história se passa numa realidade alternativa dos anos 90, em um mundo onde os robôs já se tornaram parte da sociedade, atuando como trabalhadores em diversas atividades. Esta ordem social fora perturbada por uma guerra entre humanos e robôs, o que resultou no banimento destes. Outra tecnologia passou a ganhar destaque, o Neurocaster, um dispositivo que dá acesso a um mundo virtual, um metaverso onde as pessoas ficam imersas boa parte do tempo.
O CEO da big tech responsável pelo Neurocaster tem a controversa ideia de raptar um garoto gênio e usar seu cérebro como o servidor de toda a rede digital, então acompanhamos a saga da Michelle (Millie Bobby Brown) para resgatar seu irmão, contando com a ajuda de robôs sobreviventes da guerra e do contrabandista Keats (Chris Pratt).
É um filme bem Sessão da Tarde, sem nada de realmente chamativo no roteiro. O que se destaca mesmo é o visual retrofuturista dos robôs que se diferencia da maioria dos robôs que costumamos ver em filmes sci-fi.
(14,05,2020; 18,03,2025)
Palavras-chave:
Amazon, Anthony Russo, Chris Pratt, Duncan Joiner, Joe Russo, Millie Bobby Brown, Nathaniel Halpern, Philip Glass, Simon Stålenhag
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