MMORPG é o gênero de game que mais joguei ao longo da vida, mesmo porque é da própria natureza desse tipo de jogo tomar bastante tempo. Não é algo que se pode zerar, é uma simulação de vida fictícia em um mundo fictício onde seu personagem nunca para de evoluir e grindar.
Aqui faço uma compilação de alguns posts que escrevi no antigo blog sobre MMOs que já joguei ou pretendo jogar. Já tive minha fase Tibia, depois Runescape, depois New World. Atualmente estou mergulhado no mundo de Throne and Liberty, mas ainda de olho em Pax Dei, que tem o potencial de se tornar meu main MMO quando for lançado após o early access. Assim espero e logo veremos.
(25,03,2025)
O segredo do sucesso do Tibia
Tibia é um jogo com mais de duas décadas de vida e ainda é um sucesso dentro do seu nicho. Continua sendo um dos MMORPGs mais jogados, segurando um público fiel, mesmo tendo uma mensalidade bem cara.
Ora, por que alguém pagaria todo mês uma mensalidade pra jogar Tibia sendo que com o mesmo valor (com menos, na verdade) poderia assinar um Game Pass ou outro serviço do tipo e ter acesso a vários jogos bons? E os players mais dedicados ainda gastam extras com serviços que diminuem o lag ou fazendo compras ingame.
Tibia não é um jogo fácil. Para iniciantes, é bem desafiador e você vai morrer com frequência pelos motivos mais bobos, como cair em um buraco cheio de bichos ou entrar inadvertidamente em uma cave com monstros muito fortes e morrer em um hit. Se estiver em um server PvP, o desafio aumenta, pois os PKs matam noobs sem dó.
Para veteranos, Tibia é exigente, pois requer muita dedicação, muito grinding e farming a fim de você conseguir algum progresso. Mas para os jogadores já viciados, as tarefas repetitivas, ficar andando em círculos numa cave matando monstros e mais monstros, fazem parte da diversão.
Há, porém, um elemento do jogo que suspeito seja a fórmula secreta do sucesso do Tibia: o chat.
Há vinte anos, o chat já fazia do Tibia um jogo com uma espécie de rede social embutida¹. Muitos MMORPGs têm uma barrinha de chat, mas a do Tibia é bem conspícua, está sempre ali e tem abas que permitem a existência de chat de grupo, de amigos, bem como um chat universal e até dividido em idioma.
O chat universal é onde você pode falar para todo o mundo, para qualquer jogador que esteja online e observando este chat. Existem também abas de ajuda e mercado, de modo que é no chat, em suas diversas abas, que acontece a vida do jogo, onde as pessoas fazem ofertas de compra e venda, procuram parceiros para quests, ou simplesmente conversam sobre qualquer coisa, assim como numa rede social.
É certo que há muito spam, pessoas escrevendo no chat por acidente (como quando vão comprar algo em NPC e digitam os comandos sem querer no chat) e gente discutindo. Mesmo assim, os players não desistem de ler e escrever ali, assim como acontece com as redes sociais.
Foi por meio desta rede social interna que o Tibia facilitou a formação de amizades, afinal a socialização é um dos elementos mais importantes em um MMO. Há ainda outra curiosa utilidade no chat: ele torna o jogo menos boring.
A verdade é que a jogabilidade do Tibia é extremamente repetitiva. Ou você passa horas parado runando e treinado, ou andando em círculos numa cave matando bichos. Muitos jogadores, então, ficam nesta tarefa acompanhando o chat, conversando ou lendo o que os outros falam. É uma forma de se distrair enquanto está na repetitividade do grinding, ficar por dentro dos assuntos e se deparar vez ou outra com conversas engraçadas ou pitorescas.
Obviamente, a fórmula do Tibia inclui diversas de suas características, tanto na jogabilidade, quanto na aparência peculiar, nas mecânicas, etc., mas o chat com certeza é uma das features mais importantes para o sucesso deste jogo.
(19,07,2021)
Lost Ark e alguns outros MMORPGs
Tem épocas em que estou no pique para experimentar vários joguinhos e tem época que me falta paciência até pro tutorial. Desta vez coincidiu que fui experimentar o hypado Lost Ark num dia em que me faltava paciência.
Gosto de MMORPG. Não à toa joguei Runescape por nada menos que dez anos. Recentemente fiquei bastante encantado e empolgado com New World e cheguei a pensar que este seria meu novo Runescape, mas aí passou um mês e comecei a perder a paciência com os problemas do jogo, até dropar de vez.
Agora a Amazon, mesma criadora do New World, trouxe mais um MMORPG. Desta vez não o criou, mas providenciou a distribuição para o Ocidente, pois Lost Ark já bombava no Oriente desde 2019, produto da sul-coreana Smilegate.
Lost Ark chegou por aqui com a fama pronta, pois na Coréia e vizinhanças já era um grande sucesso. Isto somado à eficiente propaganda da Amazon e divulgação por meio da Twitch, produziu uma hype maior que a do New World. Teve dias em que o jogo passou de 1 milhão de usuários diários na Steam.
Enfim resolvi experimentar, mas acho que eu não estava mesmo no clima. Acontece que Lost Ark, como um bom MMORPG, tem muuuita coisa pra fazer, muita coisa pra se aprender. É de fato uma verdadeira poluição visual a interface cheia de coisinhas aqui e ali.
É comum os MMORPGs serem assim. Até mesmo um Tibia, que tem fama de ser muito simples, tem uma interface com muita informação e um arsenal de hotkeys para você configurar e ocupar todos os seus dedos.
É normal você se sentir perdido no começo de um MMO, o que inclui também MOBAs como Dota e League of Legend, de modo que você precisará de tempo, de muitas horas de jogo até se familiarizar e se sentir confortável com toda a variedade de informações e atividades.
O fato é que eu não estava mesmo no mood pra me dedicar tanto assim e dropei o jogo ainda no level 10. Ano passado, ainda antes do New World, também experimentei o Genshin Impact, que na época estava bem hypado, e cheguei a jogar por umas dez horas, mas aí veio o New World e capturou toda minha atenção.
Genshin tem como grande atrativo o visual de anime. É realmente um jogo agradável de se ver, com uma ambientação relaxante. A jogabilidade é bem peculiar, pois você monta uma equipe de quatro personagens e pode ficar alternando entre eles a qualquer momento.
Anyway, acho que agora estou com uma ressaca deixada pelo New World e devo passar algum tempo sem experimentar MMORPGs ou RPGs singleplayers.
Curiosamente, hoje me deparei com um indie em desenvolvimento na Steam que ainda vai ser lançado, mas já disponibilizou uma versão demo gratuita: Minimal Dungeon RPG. É um joguinho realmente beeem minimalista, com aparência de mobile game.
Basicamente as dungeons são quadradinhos e você interage simplesmente clicando nos quadradinhos, seja para explorar a área, cortar árvores ou lutar contra monstros. É como se você estivesse jogando uma planilha animada, pois não tem nenhuma imagem representando o cenário ou as criaturas (exceto uns poucos ícones para representar os itens e um emoticon para representar os monstros).
É nessa vibe que estou no momento. Estou preferindo um RPG assim bem limpo, bem simples e com gráficos extremamente básicos, do que um rico e detalhadíssimo Lost Ark.
(21,02,2022)
Ashes of Creation, uma grande promessa no mundo dos MMOs
Hoje em dia jogos multiplayer são bastante comuns. Tem pra todos os gostos, tem jogos pagos, gratuitos, jogos com mensalidade ou com micro transações. Entre os mais populares estão jogos como League of Legends, Fortnite, Counter Strike, etc.
Nota-se que hoje o gênero mais popular de multiplayer é o FPS, mas nos primórdios do mundo dos games e dos multiplayers, quem desbravou este terreno e reinou por pelo menos uma década foram os MMORPGs, como Tibia, World of Warcraft, Runescape e tantos outros. Foi a era de ouro dos MMOs.
Agora os MMOs podem não ter mais a dominância do mercado de games como antigamente, mas este gênero nunca morreu. Inúmeros MMOs continuam vivos há dez, vinte anos, mantidos por uma comunidade fiel.
Aliás, não são apenas os clássicos do início dos anos 2000, como Tibia (1997), WoW (2004) e Runescape (2001), que conseguem manter milhares de jogadores ativos todo mês. Também alguns MMOs surgiram recentemente e ocuparam seu espaço, como o Black Desert (2014), Albion (2017) e Lost Ark (2019). Definitivamente este gênero nunca morreu.
No mercado asiático os MMOs têm bastante força e eventualmente algum jogo de lá consegue atravessar a bolha asiática e se tornar um sucesso aqui no Ocidente, como é o caso de Lost Ark e também de Genshin Impact (2020).
Em 2021 foi a vez do New World, que tem uma proposta bem diferentona em comparação à maioria dos MMOs. O combate do New World é muito inspirado em FPS e requer mais esforço e habilidade dos players.
Também chama atenção a estética medieval realista, sem dragões, sem cavalos alados, sem nada extremamente fantasioso, como é comum na maioria dos MMOs. Existe magia e algumas criaturas sobre-humanas, como a terra indócil e os corrompidos, além dos perdidos, que parecem zumbis, mas mesmo estes seres têm uma estética bem "realista" se comparados às criaturas fantásticas dos outros jogos aqui mencionados.
New World teve seus altos e baixos, mas conseguiu ocupar seu espaço e não para de trazer novidades. Recentemente um update implementou um sistema de bardo, com instrumentos musicais e tudo, e em Outubro já está a caminho uma expansão do mapa.
Todos estes jogos deram sua contribuição para este maravilhoso universo dos MMOs. Todavia, acho que o melhor ainda está por vir e ele se chama Ashes of Creation.
Ashes of Creation é o projeto de uma desenvolvedora indie, a Intrepid Studios, que conseguiu levantar fundos por meio de financiamento coletivo e assim deu início a seu ambicioso projeto. O jogo teve seu teste Alpha 0 em 2017 e o Alpha 1 em 2020 e 2021, o que forneceu algum conteúdo de gameplay que pode ser encontrado no Youtube, dando uma ideia de como é o jogo.
Mesmo estando ainda em sua fase inicial de desenvolvimento (ainda virão as fases Alpha 2, Beta 1 e Beta 2, o que deve somar no mínimo uns 3 anos), já existem wikis organizando as informações sobre o jogo e nota-se que a proposta é realmente grandiosa.
Originalmente o jogo foi criado em Unreal Engine 4, mas já foi atualizado para a versão 5, o que representa um grande salto evolutivo na qualidade estética. O mundo de AoC será lindo e imenso. O mapa terá a princípio 1200 quilômetros quadrados, incluindo terra e oceano, que pode ser navegado livremente. Para se ter uma ideia, o mapa de GTA V tem 75 quilômetros quadrados.
A criação de personagens será extremamente detalhista, haverá 64 classes de personagens e um rico sistema político e econômico, com guerras por território e caravanas mercantes (um modelo que aliás inspirou outro jogo mais modesto, o Ravendawn, que visualmente parece com Tibia, mas possui classes e o sistema econômico claramente inspirados em Ashes).
O visual de um jogo conta muito em sua competitividade e neste aspecto Ashes trará uma verdadeira renovação ao mundos dos MMOs por adotar a Unreal Engine 5, uma engine que deve ter um ciclo de vida de pelo menos uma década. Ou seja, o jogo terá gráficos de última geração, o que o torna bonito, atraente e popular entre os streamers.
Convenhamos, que por mais que os MMOs antigos sejam ótimos, não é todo mundo que gosta de ver aqueles gráficos datados de um WoW ou o visual de jogo de celular de um Albion. Ashes será um MMO com cara de jogo triple A.
Um detalhe bem interessante é que o cenário terá estações, experimentando um ciclo constante de mudanças. Pois é, os biomas vão se modificar ao longo das estações. Um mesmo cenário ora estará coberto de neve, ora se tornará florido e verdejante. Também os animais vão se modificar conforme as estações, dando uma impressão de que o ambiente está mesmo vivo e se transformando.
Mas enfim, ainda vai demorar alguns anos até o lançamento desta maravilha e talvez Ashes se torne o último grande MMO da era pré-metaverso, pois daqui a dez anos, com o metaverso realmente estabelecido, o mundo dos jogos experimentará uma marcante transformação, se tornando mais imersivo do que nunca.
(15,09,2022)
Tibia e os jogos Tibia-like
Tibia é um jogo com muita personalidade. Seu estilo é inconfundível, mas como nada há de novo debaixo do Sol, também o Tibia teve sua inspiração, o Ultima Online (1997).
Em termos gráficos, o Tibia seguiu evoluindo ao longo de suas atualizações, de modo que hoje pode-se dizer que ele tem um visual bem mais bonito e caprichado do que o Ultima. Ironicamente, o Ultima sempre teve efeitos sonoros, enquanto o Tibia, andando na contramão da maioria dos jogos, foi um jogo mudo por duas décadas.
A ausência de som do Tibia foi sempre um motivo de piadas na comunidade gamer, de modo que, para surpresa de todos, a CipSoft resolveu inovar em pleno 2022, trazendo som ao jogo. Sim, agora Tibia tem som e fizeram um trabalho decente.
Agora quando você entra nas cidades se depara com uma música temática do local e com o som ambiente de pessoas andando, conversando, operários trabalhando. Na floresta você é recebido pelo som dos pássaros, sapos e outros bichos. Enfim, o jogo se tornou ainda mais imersivo e espera-se que com o passar dos anos a biblioteca de sons se torne mais rica e refinada. Ponto para o Tibia.
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Um site agregador de OT servers. Tem versões para todos os gostos. |
A sobrevivência do Tibia ao longo de duas décadas é a clara evidência de seu sucesso. Outra prova de sua popularidade é o fato deste jogo ter inspirado tantas imitações. Já diz o ditado: "A imitação é uma forma de elogio". A partir do Tibia surgiu todo um ecossistema formidável de jogos "piratas" chamados de Open Tibia, para os íntimos, OT.
A comunidade de OTs já foi maior, mas ainda hoje existe vida neste mundo de versões alternativas ao Tibia. Geralmente, a motivação para pessoas jogarem OT é o fato de que podem desfrutar de uma experiência parecida com a do Tibia, porém sem ter que pagar uma fortuna em mensalidade, além do fato de que em OTs a taxa de ganho de experiência costuma ser maior, assim é como jogar Tibia, mas sem o grind insano que requer literalmente anos de dedicação para evoluir seu personagem.
Existem OT servers que são verdadeiros trabalhos de profissional, bastante customizados. Um exemplo curioso são os "poketibia", que são OTs customizados com base na temática Pokemon. Também há OTs beeem caseiros, alguns até hospedados no próprio PC do gamemaster, com sua internet caseira.
O Tibia também acabou inspirando outros jogos com uma produção mais autoral e profissional, como é o caso de Zezenia Online (2008) e Bloodstone The Ancient Curse (2019).
Um exemplo mais recente e que ainda está em fase de testes é o Ravendawn. Este mês o jogo abriu um servidor para testes em sua fase beta e a desenvolvedora já garantiu presença na Brasil Game Show em outubro.
Experimentei um pouquinho do Ravendawn. Visualmente, é inegável que o jogo é um "Tibia melhorado", pois investe mais em sprites animados, especialmente as criaturas, o que dá mais plasticidade e vida em comparação aos bichos quase estáticos do Tibia. Sem contar que os ataques são todos animados, há uma enorme variedade de classes de personagem que você pode construir, cada qual com um estilo personalizado de combate. Tem personagem para todos os gostos.
Uma das grande limitações do Tibia sempre foi o fato de ter se engessado nas quatro classes básicas e que na prática são apenas três: tank, arqueiro e mago (sorcerer e druid). No Ravendawn as classes são baseadas em 8 arquétipos que, combinados, podem resultar em 64 builds diferentes! É um modelo bem parecido com o do Ashes of Creation.
Aliás, parece que eles se inspiraram no Ashes também em outros aspectos, como no sistema de caravana, em que você poderá levar suprimentos em uma carrocinha através do mapa, a fim de vender no mercado.
O trabalho de ambientação do Ravendawn tem se mostrado bem detalhista. Quando seu boneco caminha pelo mapa, por exemplo, os passos produzem sons diferentes de acordo com o tipo de solo, seja madeira, terra, grama, etc. Nas cidades, existe uma grande população de NPCs que ocupam os espaços apenas para fins de ambientação.
Cada NPC tem falas próprias, de modo que há até certa poluição visual nos ambientes mais populosos, com tantos bonecos spamando balões de diálogo, mas o conceito é legal. Realmente dá uma vida ao cenário.
O jogo está quase pronto para lançamento e já possui uma grande quantidade de features. Tem árvore de skills, sistema de infusão, diversas habilidades de craft e coleta com suas própria árvores de evolução. Todavia, ainda falta polimento.
O chat, por exemplo, tem um texto muito pequeno e quando você fecha uma janela, como o inventário ou o próprio chat, o controle não passa imediatamente para o seu personagem, ou seja, as setas direcionais não funcionam a não ser que você clique na tela depois de fechar uma janela. Há janelas que poderiam fechar com um Esc, como os diálogos em missões, mas em vez disso tudo exige muitos cliques.
Achei a jogabilidade um pouco truncada. Não me pareceu agradável ou fluido caminhar e atacar com o personagem. A interação com o cenário é baseada na tecla F, mas em alguns casos seria bem mais prático se funcionasse com apenas um clique do mouse, como o ato de abrir portas ou coletar coisas. Parece que se preocuparam muito em criar um sistema de interação que dificultasse o uso de bots, mas acabou ficando maçante para o jogador ter que ficar dando F em tudo.
Enfim, este mundo de jogos Tibia-like está bastante vivo. O próprio Tibia ganhou agora novo fôlego com a atualização dos sons.
Já tive minha fase Tibia há muitos anos, bem como os momentos de nostalgia e retorno, às vezes só por curiosidade, só pra matar a saudade. Mesmo hoje, com a dominância dos jogos 3D e cada vez mais realistas, o Tibia se mantém firme em seu espaço. Confesso que hoje já não me dá prazer jogar seja o Tibia ou outro Tibia-like. Mesmo assim, ainda mantenho a curiosidade de continuar acompanhando este mundo e suas novidades.
(29,09,2022)
Minha historinha com MMOs, do Tibia até o New World e além
Tenho uma longa história com MMOs. Se bem me lembro, conheci o Tibia em 2008, talvez 2007, e joguei por alguns meses, depois enveredando pelo vasto mundo dos OT servers. Em 2010 veio Runescape, aquele que até hoje permanece como o MMO que joguei por mais tempo. Já faz alguns anos que parei de jogar diariamente, mas continuo voltando mais ou menos a cada semestre, só pra dar uma adiantada em algumas skills por uma semana, só pra matar a saudade.
Creio que Runescape deixou de ser meu jogo de rotina por volta de 2013-2014, em 2015 conheci a Steam e aí veio a aventura de experimentar jogos e mais jogos, como Team Fortress 2, Paladins, Left 4 Dead 2, Euro Truck Simulator 2, a franquia Borderlands e um monte de indies. E eis que no final de 2020 Runescape ganhou integração com a Steam e é claro que conectei as duas contas e desde então ocasionalmente dou uma revisitada rápida no jogo.
Foi só em 2021 que um MMO voltou a me conquistar com o mesmo encanto de um Tibia ou Runescape, o New World. Joguei ele quase diariamente por vários meses, desanimando algumas vezes, depois retornando.
De fato passei pelo mesmo ciclo de vários outros jogadores, pois, após a hype inicial do lançamento, quando o jogo chegou a bater um pico de 1 milhão de jogadores diários, houve a decepção com bugs, problemas de balanceamento, players duplicando itens, etc. Não que fosse uma surpresa, pois jogo novo é assim mesmo, ainda mais um MMO.
Com o tempo o New World foi ganhando polimento e novidades. Houve o grande update Brimstone Sands no final de 2022 que trouxe uma expansão do mapa e fez muitos players retornarem, como eu, que voltei principalmente interessado em zerar todas as novas quests. Ainda tenho essa coisa "completionista" de querer completar o máximo possível de quests.
Bom, agora que já "limpei" o mapa novo, cheguei naquele estágio em que muitos players param novamente, o endgame que é extremamente voltado ao grind, a ficar repetindo as dungeons mutadas (que são as mesmas dungeons de sempre, mas com níveis cada vez maiores de dificuldade) e as rotações, que consistem em juntar dezenas de players para percorrer áreas de nível alto do mapa, matando os monstros e abrindo baús de elite. Muitos players costumam descrever isto como um "arrastão".
Como em tantos MMOs, o endgame é realmente exigente em termos de grind. Você se dedica muito a estas tarefas repetitivas para obter um progresso lento e caro. Os equipamentos chamados BIS (Best in Slot), por exemplo, requerem muito farm de monstros e baús, muito investimento em craft de level alto, usando materiais caríssimos e contando com a sorte para sair um item bom, ou gastando fortunas para comprar os itens prontos de outros players.
Este é o ponto em que percebo que o jogo já não tem mais diversão para mim, pois, apesar de ter um certo espírito completionista, sou um jogador casual e não tenho a menor intenção em alcançar o máximo do jogo se isso significa tryhardar por horas e horas. Para mim isto deixa de ser diversão.
Sempre procurei relevar os bugs do jogo, pois sabia que cedo ou tarde seriam corrigidos. São algumas features que desagradam. De certa forma, já está bem evidente que a maneira como são balanceadas as armas do jogo não é um problema de erro de cálculo, mas de feature mesmo. New World parece intencionalmente privilegiar o combate melee.
Os coitados dos healers sô têm duas armas que combinam com seu atributo de foco: o bastão vital e a manopla imaterial. O PvE solo dos healers é o mais sofrido por causa desta limitação de equipamentos. Os magos só têm três armas, sendo o cajado de fogo e as manoplas de gelo e imaterial.
Na verdade, mago é uma classe versátil, pois o atributo inteligência funciona com diversas armas de outras classes, como a manopla do healer, mosquete e bacamarte e até uma melee, a rapieira. Teoricamente, é possível diversificar bastante a build de um mago.
A classe range propriamente dita, que usa o atributo destreza, tem à disposição arco, mosquete e bacamarte, mas também pode usar lança, rapieira e machadinha. E esta tem sido uma tendência dos arqueiros, de focar a build em melee, o que é uma irônica contradição.
Isto acontece porque as armas melee são de fato mais fortes, oferecem skills mais úteis e funcionam bem tanto no PvP quanto no PvE, pois no fim das contas, todas as criaturas tomam mais dano físico do que elemental, especialmente nas dungeons mutadas, onde é comum haver resistência a dano elemental, o que inutiliza armas como cajado de fogo e manopla de gelo. Não à toa os magos são rejeitados em grupos de dungeons de nível alto.
A próxima atualização já prevê a retirada destas resistências elementais, o que em parte resolve o problema do desbalanceamento que há entre magia e melee, mas ainda não será suficiente. Enquanto arqueiros têm três armas de range e magos têm três armas mágicas, a galera do melee tem sete armas (espada, machadão, martelo, machadinha, lança, rapieira e espadão), sendo seis voltadas ao atributo força. Isto dá muita versatilidade ao melee, bem como muito poder.
Fica claro que New World dá preferência ao melee, não só na distribuição das armas, como na própria estética do jogo, pois os personagens e toda a ambientação transmite esta ideia de combate corpo a corpo como o padrão. Não é o MMO ideal para quem quer entrar no clima de fantasia ao jogar com um personagem mago.
Por tudo isso dei novamente um tempo no New World e talvez só retorne para conferir futuros updates, fazer novas quests ou participar de eventos sazonais, mas creio que talvez eu já tenha chegado ao limite do interesse pelo New World, como aconteceu com o Tibia e Runescape, de modo que a partir de agora só devo retornar ao jogo ocasionalmente e por breves períodos.
Todo jogo é assim. Em algum momento você percebe que chegou sua hora de parar e partir para outras experiências. Há quem passe anos, até mais de uma década dedicado ao mesmo jogo, há que troque de jogo a cada mês ou semana.
Hoje em dia a disponibilidade de jogos é tal que o mais comum é a gente viver experimentando coisas novas semanalmente ou mensalmente. Toda semana eu coleto os jogos gratuitos da Epic Store, de modo que o que não me falta é conteúdo para experimentar. Na verdade já cheguei à conclusão que a maioria deles eu jamais vou sequer abrir.
Ao longo dos anos cheguei a experimentar muito brevemente outros MMOs e hoje em dia eu prefiro confiar na minha primeira impressão, pois não há mais tempo para "tentar gostar" de um jogo, tentar me adaptar a ele, suas mecânicas, visual, etc. Ou eu gosto de cara ou não.
Assim foi com Stardew Valley, que é mais ou menos um MMO, pois pode ser jogado single ou online. Sempre curti jogos de fazendinha e com esse visual pixelado, mas algo na jogabilidade de Stardew não me agradou. Nem sei especificar o quê. O fato é que, se não estava rolando a química, não tinha por que eu continuar e parei em menos de uma hora de jogo.
Creio que o primeiro MMO coreano que conheci foi Luminary Online: Rise of the GoonZu. Lembro que tinha uma interessante complexidade no craft e no funcionamento da economia das cidades. Depois experimentei brevemente o francês Dofus, que se diferencia no sistema de combate, que é em turnos.
Tem alguns que eu mal passei pela parte do tutorial ou das duas primeiras horas e já desinstalei, como Genshin Impact, Black Desert, Lost Ark, Albion, The Elder Scrolls Online e esta semana experimentei o Guild Wars 2. Em todos estes casos, abandonei após 1 ou 2 horas de jogo.
Como eu disse, o motivo para me desinteressar é bem vago, subjetivo, é a primeira impressão. São todos bons jogos, só que não são pra mim, pro meu estilo de jogo. O Guild Wars, por exemplo, tem uma bela ambientação fantástica, a estética das raças me agrada, mas o controle da câmera e o estilo de combate já foi o suficiente pra me afastar.
Acho que me habituei bastante a um tipo específico de controle de câmera e de combate que é mais comum em FPS, como Paladins e Overwatch, algo que encontrei perfeitamente no New World. Minha memória muscular já está muito acostumada com estes controles, com as skills ao lado do AWSD, por exemplo, no QERF. Gosto da câmera acompanhando naturalmente o cursor. São detalhezinhos que hoje em dia fazem diferença na minha primeira impressão.
A esta altura da história dos MMO, existem muitos jogos que nunca experimentei e jamais irei. Não tive a oportunidade de provar o icônico World of Warcraft e confesso que não tenho interesse. Agora este se tornou um jogo para nostálgicos, para os fiéis que permaneceram. Há tantos outros como Lineage, Ultima, Aion, a vasta franquia Final Fantasy, Eve, Ragnarok, Star Trek, The Lord of the Rings, etc.
Agora estou de olho no futuro, no que está por vir. Com certeza um dos MMOs mais esperados é o Ashes of Creation. Venho acompanhando os lançamentos de vídeos dos desenvolvedores e de fato parece um belo jogo, bastante atual por usar a Unreal Engine 5, prometendo uma gameplay raiz de MMORPG, tão raiz que será baseado em mensalidade e é aí que acaba meu interesse.
Muito provavelmente não vou jogar se for necessária a mensalidade. É um modelo ultrapassado de monetização e que hoje em dia afasta muitos players, afinal hoje há tantas opções gratuitas e com modelos de negócio mais espertos, como loja de skins ou passe de batalha. Mensalidade? Tô fora. Pelo visto o máximo que vou experimentar de Ashes é assistindo algumas gameplays de streamers.
Dune: Awakening. Este parece bem atraente, ainda mais por sua ambientação em um clássico do sci-fi. É da mesma desenvolvedora de Conan Exiles, a norueguesa Funcom.
Recentemente descobri em alguma recomendação do Youtube um novo e obscuro jogo, com lançamento previsto para este ano de 2023: The Quinfall. Eu nunca tinha ouvido falar dele até então. Encontrei uma página oficial no Youtube que só tem um trailer lançado há dez meses e uma gameplay de dez minutos lançada há uma semana. Só isso.
O estranho é que, mesmo havendo tão escassas notícias sobre o desenvolvimento, este jogo promete ser um dos maiores MMOs de todos os tempos, com um gigantesco mapa de mais de 2000 km² e muitas atividades, incluindo minijogos e profissões. É possível até domar e criar elefantes.
A única coisa que descobri sobre a desenvolvedora indie Vawraek Studios é que é sediada na Turquia. Um MMO turco não é algo comum de se ver. Esta empresa fundada em 2021, pelo que consta no Linkedin, está na faixa entre 51 e 200 funcionários.
Publicaram recentemente uma nota informando que não pretendem buscar financiamento coletivo durante o desenvolvimento, o que é uma escolha ousada. Quem quer que tenha fundado esta empresa, deve ter uma boa grana para bancar os devs ao longo dos anos até que o jogo seja lançado e monetizado.
Na página do Linkedin há ainda outra declaração ousada, dizendo que "Vawraek aims to adapt the real life into the digital world by creating a meta world in a vast size that has never been seen before". Um MMO integrado ao metaverso ou algo assim? Seria algo realmente interessante e promissor.
Na Steam consta 2023 como a data de lançamento, mas é improvável, uma vez que o jogo supostamente começou a ser desenvolvido em 2021. O site já oferece inscrições para um closed beta, o que de toda forma indica que o jogo não está tão longe do lançamento.
O Ashes of Creation está em desenvolvimento desde 2017 e ainda vai entrar no pré alpha. Quinfall já passou pelo alpha e este ano deve entrar no beta, o que mostra que estão correndo muito rápido no desenvolvimento. Convenhamos que é estranho. Como conseguiram produzir tão rápido um MMO, ainda mais com a promessa de ter o maior mapa de todos? Bom, é possível se tiverem uma equipe de devs bem grande. De toda forma, fiquei curioso e até me inscrevi para quem sabe participar do beta.
O Blue Protocol parece ser mais um Genshin Impact, mas quero conferir. Tenho também na minha lista alguns indies, como Palia, e não duvido que esse MMO de fazendinha me conquiste mais do que os grandes triple A. Talvez meu tempo de matar dragões tenha ficado para trás e agora eu só queira mesmo cultivar uma horta e fazer poções. Veremos.
Bom, na época que o Blue Protocol foi anunciado, eu achei que se tratava de um MMORPG e não fui o único a cair nesse bait. Como havia poucas informações, até sites de notícias estavam citando o jogo como um MMORPG. Agora já se sabe que é um action RPG, seguindo a linha do Genshin Impact.
Outra empolgante descoberta é o Pax Dei. O jogo foi anunciado para testes agora em Março de 2023 e os trailers revelam belíssimas imagens de um mundo cheio de natureza. Eu diria até que visualmente o jogo supera Ashes of Creation, inclusive também é feito em Unreal Engine 5. A desenvolvedora Mainframe Industries foi fundada por vários veteranos do ramo e tem sede em Helsinque na Finlândia.

(03,02,2023; 09,03,2023)
Do Tibia ao Throne and Liberty
É, eu já escrevi sobre isto em outros posts, mas me bateu a vontade de retornar ao assunto, agora de uma forma mais resumida. É a hipergrafia que me exige isto, escrever sobre algo que me veio à mente. Afinal o que é est blog senão a válvula de escape para minha hipergrafia?
Comecei no mundo do FPS competitivo no Team Fortress 2, um jogo divertidíssimo e que consegue unir jogadores casuais e tryhard de uma forma especial. É possível jogar das duas maneiras e ainda assim se divertir de verdade.
Joguei muito TF2 em 2018, até que em 2019 conheci o Paladins e dei uma chance. Fiquei imerso no Paladins por um ano inteiro, até que em 2020 comecei a deixar de lado, mas ainda retornei uma vez ou outra ao longo dos meses, até que veio o New World em 2021, o que me afastou de vez do Paladins.
De 2021 para cá, o New World foi o que mais joguei, sendo que já fiz várias pausas e viajei por outros jogos como Mad Max, Cyberpunk 2077, Overwatch 1 e 2, Streets of Rage 4, Tetris Effect e outros mais. O curioso é que, mesmo tendo guardado o Paladins na gaveta, continuei coletando as skins que vinham de brinde no Prime. Ora, elas vinham de graça mesmo, como parte dos benefícios de assinar o Prime, então por que não pegar?
Mas a verdade é que o interesse que já tive pelo Paladins acabou e parece improvável que um dia eu pense em retornar. Como, porém, às vezes gosto de revisitar muito brevemente o passado, em fevereiro deste ano resolvi baixar o jogo e jogar uma partidinha de uns 10 minutos. Foi legal rever aquele mundo, mas nesta partida ficou claro que Paladins já acabou pra mim. Também ficou claro que o próprio gênero de jogo competitivo neste mesmo estilo também não me interessa mais.
A toxicidade neste tipo de jogo é realmente grande. Sempre rolam desentendimentos no time, reclamações desnecessárias, pessoas que não sabem trabalhar em equipe, etc. O resultado é que a diversão se mistura muito ao stress. Tem pessoas que gostam de jogar assim, extravasando a raiva, o stress. Para mim, porém, isto não faz sentido. Sou feito de outra natureza.
Sou implosivo. Não tenho qualquer interesse em extravasar sentimentos, pois já tenho meu mundo interior para absorver tudo isto. No mundo exterior só quero relaxar, jogar com um ar casual, e não dá pra ser casual em jogos deste tipo, a não ser no Team Fortress. Este provavelmente devo revisitar novamente algum dia, mas só pela nostalgia.
Mesmo já tendo experimentado de tudo um pouco, parece que meu gênero favorito mesmo é o MMORPG. É assim desde o Tibia que conheci em 2008, passando pelo Runescape a partir de 2010 e que foi o MMO que joguei por mais tempo, até que em 2015 conheci a Steam e passei a degustar jogos e mais jogos, voltando enfim ao MMO em 2021 com o New World.
Ainda pretendo jogar muita coisa. No momento estou jogando mais Red Dead Redemption 2, que finalmente estou tendo o prazer de conhecer. Pretendo voltar ao Cyberpunk 2077 que deixei inacabado, e tem tantos joguinhos que já ganhei de graça na Epic e no Prime e preciso dar uma chance. Tudo isto, porém, serão experiências secundárias. Haverá sempre um main, um jogo principal.
Meu primeiro main foi Tibia (incluindo OT servers), depois Runescape, depois TF2, Paladins e por fim New World. O TF2 joguei por umas 800 horas, Paladins por mais de 1000 e New World por mais de 2000. Tibia não faço ideia e Runescape menos ainda, mas foi o que joguei por mais anos seguidos. Ainda há de surgir um jogo que me conquiste por tantos anos como foi o Runescape.
E aqui chegamos às perspectivas para o futuro. Será o Throne and Liberty este próximo Runescape? Já estou certo que vou jogar quando lançar e aposentar o New World, mas por quantos anos o TL vai me segurar? Em termos de MMO, me parece que só há dois grandes concorrentes do TL no futuro: Ashes of Creation e Lord of the Rings.
O Ashes deve vir talvez daqui a uns 5 anos, talvez menos. O fato, porém, dele adotar o sistema de assinatura mensal é algo que desanima. O LotR deve vir só daqui a uns 10 anos. Então talvez este seja o futuro que começa a se desenhar aqui (caso eu não morra até lá, naturalmente): o TL será o meu MMO desta década, até que venha LotR.
De toda forma, nunca se sabe. Vai que eu enjoe de MMO, vai que meu gosto mude ou simplesmente passe os próximos anos trocando de jogo a cada mês e não tenha mais essa coisa de adotar um main. Daqui a uns anos posso voltar aqui e ver como foi o rumo desta história, mas vou apostar no TL.
O que falta mesmo é a Amazon lançar o TL. Isto já está demorando demais.
(12,05,2024)
Notas:
1: É curioso como essa palavra, "embutida", tem sido substituída nos meios mais internéticos por uma versão anglicizada, "embedado". Isto porque os usuários mais profissionais de internet se deparam com frequência com o termo inglês "embed" quando vão encaixar um conteúdo, tipo uma imagem em um post ou um código HTML. Aí criaram esse hábito de falar "embedar" que nada mais é do que embutir.
Palavras-chave:
Amazon, Ankama Games, Bandai Namco, CapPlay, Cipsoft, ConcernedApe, Electronic Arts, Funcom, Intrepid Studios, Jagex, Mainframe Industries, miHoYo, NCSoft, NDOORS, New World, Pearl Abyss, Runescape, Sandbox Interactive, Singularity 6, Smilegate, Throne and Liberty, Vawraek Studios, Valofe, ZeniMax Online Studios
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