É perfeitamente possível fazer humor sem insultar, fazer piadinhas inocentes e trocadilhos inofensivos. Todavia, desde o início do tempo o humor esteve relacionado ao insulto, a rir da desgraça e provocar os outros. Quando os homens das cavernas viam alguém tropeçar na fogueira e caiam na risada, ali estava a essência da comédia.
A comédia é o oposto da tragédia e ambas se completam. Se na tragédia as pessoas lidavam de maneira triste e dramática com as dores da vida, na comédia elas riem de seus próprios infortúnios. Um gênero específico da comédia que explicita seu aspecto crítico é a sátira. A sátira não tem medo de insultar, pois o insulto é justamente a sua ferramenta de construção da piada. Além disso, existe um objetivo maior além da mera provocação do riso. O insulto é uma crítica e a sátira não raro foi usada para atacar a má política e a má conduta da sociedade.
Existem limites entre o insulto jocoso e a ofensa criminosa, mas estes limites estarão sempre em discussão porque é impossível traçar a linha precisa e somente na prática estes limites vão sendo demonstrados. E a comédia sempre tocará estes limites porque é da sua natureza ser arriscada. "Uma piada é uma coisa muito séria", disse Churchill.
De certa forma, a liberdade da comédia em determinada sociedade serve como termômetro para a liberdade de expressão. Governos tiranos são os primeiros a reprimir o humor, afinal o humor é uma ferramenta muito útil de crítica ao governo.
(30,10,2018)
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