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Tsuki ga Kirei, um romance marcado pela timidez

Tsuki ga kirei (2017)

Se o anime é um gênero de animação, ele próprio possui uma quantidade enorme de subgêneros, mais do que qualquer outra animação no mundo. Enquanto os cartoons americanos costumam ser sobre super heróis ou animais falantes, no Japão existem até novelas sobre situações comuns do cotidiano, nada sobrenatural nem fantástico. É assim com as light novels e o gênero slice of life.

Muitas destas novelinhas que costumam ter uma dúzia de capítulos acontecem ambientadas no colegial e é assim em Tsuki ga Kirei. A história gira em torno de Azumi e Akane, um menino e uma menina extremamente tímidos que se apaixonam e enfrentam alguns obstáculos, sendo a timidez um deles.

Tsuki ga kirei (2017)

É um conto bem delicado que explora sentimentos sutis e dá profundidade até ao silêncio dos personagens, mas eu fico cá pensando como a vida daqueles dois teria sido bem menos dramática se eles não fossem tão exageradamente tímidos. O próprio título do anime tem relação com isso.

O garoto, Azumi, fala muito pouco e quando tenta falar gagueja e não sabe se explicar, o que resulta em alguns desentendimentos que facilmente se resolveriam se ele simplesmente abrisse a maldita boca e explicasse pra garota o que aconteceu. Em vez disso eles ficam conversando pelo celular, numa espécie de webnamoro, ainda que tenham oportunidade de se ver pessoalmente todo dia na escola.

Tsuki ga kirei (2017)

Tamanha é a timidez que, mesmo quando enfim começam a namorar, ele tem vergonha de dizer um "eu te amo", coisa que ele só dirá (opa, spoiler) no último capítulo, quando finalmente extravasa o sentimento reprimido. A garota também não é diferente e eu ficava só pensando: "É, dois tímidos juntos não dá certo mesmo. Ficam os dois sem tomar iniciativa".

E olha que tem dois outros personagens pra formar um losango amoroso. O Takumi é um colega da Akane de longa data e sempre gostou dela e estava sempre ali dando conselhos e apoiando as atividades de atletismo em que ela demonstra um grande talento. Ele é desinibido e não tem receios de conversar com ela. Seria um par perfeito, não?

Do outro lado tem a Chinatsu que é uma garota muito fofa, extrovertida, cheia de iniciativa. Ela rapidamente fez amizade com o Azumi e não perdia a oportunidade de estar perto dele e puxar uma conversa (no caso, ela conversando e ele calado como sempre, mas ao menos um dos dois estava falando algo). Infelizmente a coitada só levou fora do menino.

Tsuki ga kirei (2017)
Chinatsu tentando segurar essa barra que é gostar do Azumi.

Mas enfim, against all odds, (opa, mais spoiler) não é que os dois ultra tímidos conseguiram ficar juntos e casar e tudo mais... Claro que era isso que boa parte do público adolescente esperava, pois eu sei (já vivi isso né) que na adolescência é bem comum a gente sofrer com coisas simples como a timidez e que um drama enorme de falta de comunicação entre duas pessoas que se gostam pode acontecer por causa disso. Mas ainda acho que teria sido mais legal se no fim das contas os casais fossem trocados.

Tsuki ga kirei (2017)

Quanto ao título do anime, tem muito a ver com esse jeito tácito do personagem, pois é a frase de um antigo romancista chamado Natsume Soseki que significa literalmente "A lua está linda", mas em seu devido contexto pode soar como "eu te amo". Ou seja, é uma forma sutil de falar o "eu te amo" sem ser direto.

Para uma história com apenas 12 capítulos, há uma grande quantidade de personagens coadjuvantes muito bem desenvolvidos, cada um com seu estilo e personalidade. Eles são explorados em minicontos que acontecem no final de cada episódio, historinhas curtinhas de poucos segundos e que eu diria que são a melhor coisa desse anime porque são bem divertidas e abordam coisas triviais de uma maneira interessante.

No mais, é tudo muito caprichado, a qualidade do desenho, da sonoplastia, a ambientação com vários figurantes caminhando no fundo do cenário, etc.

(29,10,2018)

Palavras-chave:

Seiji Kishi, Yūko Kakihara

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