Neollogia
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Os profetas modernos

Daniel in the Lions' Den by Peter Paul Rubens

Normalmente se confunde o profeta com um adivinho, um vate, uma pitonisa, um oráculo. Estes quatro últimos são geralmente voltados a premonições propriamente ditas, a prever futuros acontecimentos na vida de uma pessoa. Já o profeta, no sentido bíblico, era um conselheiro da sociedade e de seus líderes, tinha mais a ver com política do que com previsões do futuro.

Observando profetas como Elias, Samuel, Isaías, Jeremias e Daniel, fica claro qual era o grande papel deles. Eles faziam uma leitura da sociedade, identificavam seus males, seus pecados, aquilo que levaria uma pessoa, um grupo de pessoas, ou mesmo uma nação para a ruína. Percebendo isto, o profeta alertava. Sua missão era avisar: "Não vá por este caminho que o destino será trágico".

Da mesma forma, o aviso de um profeta podia se tornar uma condenação, uma crítica severa, uma maldição lançada: "Vocês escolheram este caminho, então lamento informar que estão lascados e não tem mais jeito". Eles não costumavam fazer adivinhações para agradar, dizendo aquilo que as pessoas queriam ouvir. Seu papel era de diagnosticar a sociedade e sugerir o remédio. Vários profetas usaram a expressão "Ai de ti". Não à toa eram odiados, perseguidos, jogados aos leões. 

Entre todos os profetas bíblicos, dois tiveram um alcance mais amplo de suas análises. Daniel, no Antigo Testamento, profetizou não só para a Babilônia, o império do seu tempo, como para quatro impérios que ainda viriam a se estabelecer: Pérsia, Grécia, Roma e outro além destes. No Novo Testamento, o apóstolo João, no livro do Apocalipse, fez uma profecia para todo o planeta, se referindo a guerras e mazelas para além do seu tempo.

Acreditemos ou não no poder e na veracidade destes antigos profetas, o fato é que eles tinham um papel de críticos e entendedores do zeitgeist, do espírito de um tempo, de um povo ou de um possível futuro.

Hoje em dia os profetas ainda existem, mas já não com tanta roupagem religiosa ou mística. Existem jornalistas, escritores, políticos, pregadores, professores, pensadores, formadores de opinião que agem como profetas, que percebem os males e perigos da humanidade e fazem um alerta. 

E assim como antigamente, existem também os falsos profetas, que fazem o desserviço de desinformar e espalhar mentiras. Cabe a cada um ter a sensibilidade para discernir a verdadeira da falsa profecia.

(31,10,2018)

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