Após o suicídio do ator Heath Ledger (2008), o mundo voltou os olhos para esse personagem dos quadrinhos que tem um longa história nas telas: o Coringa. Ele, que até então era mais conhecido como uma figura cômica, revelou um ar mais sinistro e sombrio, tão sinistro a ponto de afetar pessoas do mundo real.
Décadas antes, o ator Cesar Romero já se queixara que interpretar o Coringa na série clássica do Batman (década de 60) lhe trouxe certos desconfortos psicológicos e até dor de cabeça. O ator Jack Nicholson foi outro que mencionou o peso que o personagem trazia, sofrendo de insônia e conflitos mentais no período em que viveu o personagem no cinema (1989).
Por fim, o Jared Leto foi outra vítima do fantasma do Coringa quando o interpretou no filme Esquadrão Suicida (2016). Durante este período, desde o laboratório até as gravações, o ator encarnou o personagem em tempo integral, comportando-se de forma esquisita e assustando o restante do elenco.
O caso do Heath Ledger claramente foi o mais grave, pois o ator afundou-se na depressão e obsessão, tinha um diário em que estudava o Coringa e fazia anotações bizarras e interpretou tão profundamente o palhaço que ganhou um Oscar póstumo, após ter cometido suicídio.
Desde então se fala nessa "maldição do Coringa". Bom, existe de fato uma explicação místico psicológica para o fenômeno. É o que algumas escolas esotéricas chamam de egrégora, outras chamam de "forma pensamento".
A consciência coletiva é capaz de criar entidades psíquicas. Seria difícil explicar do que elas são feitas. Não são coisas materiais, mas são fenômenos de certa forma naturais e que têm uma forte presença na cultura. Estes fenômenos influenciam e são influenciados pelas pessoas, alimentam-se da opinião pública e crescem, se desenvolvem, assim surgem os mitos, lendas, tropos, bem como os talismãs, símbolos de poder, feitiços e até marcas de empresas.
Uma marca começa como uma ideia e uma identidade visual, mas acaba virando algo mais, uma entidade cultural e com poder sobre a psicologia das massas. A Coca Cola, por exemplo, não é apenas um produto. Ela se tornou parte da cultura moderna e, mais ainda, se tornou uma poderosa egrégora.
É, parece louco e complicado isso, mas enfim, o fato é que o Coringa é uma ideia muito antiga e poderosa, é uma das manifestações da entidade brincalhona, zombeteira, caótica e destruidora. Este tipo de ser existe há muito, muito tempo no imaginário de praticamente todas as culturas e foi representado em figuras como o nórdico Loki, o ardiloso Diabo medieval, o grego Momo (o mesmo que inspirou o Rei Momo do carnaval) e o personagem Bufão das peças antigas, bem como o palhaço moderno (e os palhaços assassinos que são um consagrado subgênero do terror).
O Coringa é parte de tudo isso, do imaginário envolvendo esse ente psicopata, incontrolável e que se diverte com a confusão. Não à toa ele leva à confusão os atores que tentam interpretá-lo. É preciso cautela ao lidar com certas egrégoras.
Rezemos pelo Joaquin Phoenix, o próximo Coringa.
(01,11,2018)
Palavras-chave:
Cesar Romero, Heath Ledger, Jack Nicholson, Jared Leto, Joaquin Phoenix
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